Em Portugal sempre vivemos num estado policial. Foi assim no Estado Novo e continua assim na actualidade. As policias em vez de perseguirem e capturarem os criminosos viram-se contra os cidadãos de bem !
CATARINA EUFÉMIA
A mártir de Baleizão
Mortalmente baleada pela GNR em Baleizão, no dia 19 de
maio de 1954, Catarina Eufémia tornou-se um símbolo
da resistência antifascista. Aos 26 anos, a rapariga analfabeta, com um dos três filhos ao colo, encabeçou uma greve de
assalariadas rurais na Herdade do Olival, como forma de protesto
contra os pagamentos de miséria. O proprietário, Fernando Nunes
Ribeiro, não esteve pelos ajustes e contratou jornaleiros nas proximidades para fazerem a campanha do trigo, prestes a começar.
Naquele fatídico dia de maio, um grupo de mulheres avançou
para a herdade, exigindo que o latifundiário mandasse embora
o pessoal de fora. Assustado, um empregado da herdade partiu
a correr para Beja, pedindo reforços. Uma força da GNR, comandada pelo tenente Carrajola, dirigiu-se ao local e, sem tentar
entender o que se passava, disparou três tiros que atingiram
Catarina pelas costas, à queima-roupa. A ceifeira teve morte imediata. Ao contrário do que foi inicialmente divulgado, a autópsia,
revelada pelo médico legista após o 25 de Abril, confirmou que
não estava grávida.
Logo a seguir, a aldeia do Baleizão foi ocupada pela GNR,
que decretou o recolher obrigatório. O funeral foi antecipado,
mas geraram-se movimentos espontâneos de grande protesto
e contestação popular, imediatamente reprimidos pelas forças
policiais. O caixão foi transportado, sob escolta policial, para
Quintos, onde Catarina vivia. Só depois do 25 de Abril de 1974 é
que os restos mortais seriam trasladados para Baleizão.
Durante a ditadura, Catarina tornou-se um dos símbolos da luta
do PCP (também disputado pela UDP) nos campos do Alentejo.
José Afonso contribuiu para o nascimento do mito, ao cantar:
«Chamava-se Catarina/ O Alentejo a viu nascer.»
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