Focaremos a nossa análise nas questões ideológicas, pois, como Álvaro Cunhal acentua, o partido tinha então «diante de si, como tarefa essencial, uma grande batalha ideológica, em defesa dos princípios do marxismo-leninismo, em defesa da sua justa orientação».Essa batalha tinha como direcções fundamentais o combate ao «esquerdismo e sectarismo, em relação à linha política e táctica», e à «tendência anarco-liberal» em relação «à vida interna do Partido». Esta última tendência foi já amplamente caracterizada no tomo II, pelo que apenas referiremos porque se considerava necessário continuar a lutar contra as manifestações do oportunismo de direita: é que, como sintetiza Álvaro Cunhal, este «tende a reduzir o Partido à passividade», a colocá-lo e à classe operária «a reboque da média burguesia» entregando a esta a «hegemonia no movimento democrático», tende «a refrear a acção das massas populares, a roubar-lhes uma perspectiva revolucionária, a impedir a luta independente do proletariado e do seu Partido». Mas as tendências então prevalecentes eram as tendências sectárias e esquerdistas que se traduziam na negação de «quaisquer possibilidades de actuação legal» e de qualquer interesse do «trabalho nos Sindicatos Nacionais e outras organizações de massas»; na afirmação de que «a luta económica “está ultrapassada”», que «as manifestações pacíficas de rua» «deram já tudo quanto tinham a dar»; ou condensavam as suas concepções na consigna da «acção directa» para a qual todos os esforços deveriam ser dirigidos e encetando «desde já a preparação técnica da insurreição». Havia mesmo quem afirmasse existirem as condições «para passar directamente do fascismo para o socialismo». A necessidade de lutar contra o esquerdismo, contra o revolucionarismo verbal, resultava de que ele tendia «a reduzir o Partido à actividade dum pequeno grupo ou seita» separado da «classe e das massas», tendia «a refrear o desenvolvimento da luta popular, a lançar a vanguarda em acções precipitadas e aventureiristas, a transformar o Partido num agrupamento subsidiário do radicalismo pequeno-burguês». Por tudo isso, afirma Álvaro Cunhal, «o esquerdismo constitui hoje o perigo principal no nosso Partido». (o militante)
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“No papel é fácil escrever e ao microfone é fácil gritar: “chegou a hora do assalto final!” Para o assalto final, não basta escrever ou gritar. É preciso, além de condições objectivas, que exista uma força material, a força organizada, para se lançar ao assalto, ou seja, um exército político ligado às massas e as massas radicalizadas, dispostas e preparadas para a luta pelo poder, para a insurreição (…) Os radicais pequeno-burgueses são incapazes de compreender que os objectivos fundamentais da revolução não se alcançam reclamando-os, mas conquistando-os.” Álvaro Cunhal, »
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