sábado, 1 de outubro de 2022

Sofia Ferreira foi exemplo de lutadora firme resistente antifascista e combatente contra a ditadura salazarista

 

«Biografia de uma combatente Nascida a 1 de Maio de 1922 em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, filha de trabalhadores agrícolas, Sofia Ferreira conheceu as durezas do trabalho nas lezírias do Ribatejo com 10 anos. «Esse mundo do proletariado rural, particularmente explorado na dureza da faina exercida, de sol a sol», que «mourejava» a troco de «salários infames, assolado pela miséria e pela violência dos poderes dominantes». Sofia Ferreira «cedo foi levada para Lisboa para trabalhar numa casa particular, como empregada doméstica», mas «o contacto com a sua família de comunistas, em particular com as suas irmãs, nunca se perdeu» e «foi através delas e da Organização de Vila Franca de Xira que tomou contacto com o Partido». Sofia Ferreira adere ao PCP em 1945 e, cerca de uma ano depois «mergulha» na clandestinidade. Tinha 24 anos e começa a exercer tarefas como funcionária numa tipografia clandestina na Figueira da Foz, onde se imprimia O Militante e outras obras do Partido». «Sofia Ferreira assumirá desde os primeiros anos de actividade na clandestinidade diversas responsabilidades – junto do Secretariado do Comité Central, em tarefas de apoio e protecção das casas clandestinas, na Organização Local do Porto, onde foi responsável pela organização partidária em empresas têxteis, e em serviços da Função Pública». «Eleita para o Comité Central no V Congresso do PCP, responsabilidade que manteve até 1988», em «finais dos anos 1960 assumiu tarefas na Organização Regional de Setúbal , Lisboa e, posteriormente, no Portugal de Abril, na Direcção das Organizações Regionais de Setúbal e Beira Litoral. Em 1988, continuou a trabalhar dedicadamente em tarefas centrais do Partido, junto dos organismos executivos do Comité Central até ao final dos seus dias» «Sofia Ferreira é presa pela primeira vez em Março de 1949, numa casa clandestina no Luso, juntamente com Militão Ribeiro e Álvaro Cunhal. Perante a polícia comportou-se sempre com grande coragem, superou espancamentos, insultos e um prolongado isolamento durante seis meses, cinco dos quais sem receber qualquer livro ou jornal. Julgada em 9 de Maio de 1950 pelo Tribunal Plenário, foi condenada a três anos de prisão. Após ter sido libertada não tardou em regressar à luta da clandestinidade». «Presa novamente em Maio de 1959», Sofia Ferreira foi «submetida à tortura da estátua», tendo mantido «a mesma firmeza e dignidade de sempre». Julgada em finais de Maio de 1960 foi condenada a cinco anos e seis meses de prisão mais três anos de medidas de segurança, aguardou pelo julgamento durante um ano sem nunca lhe ter sido permitido pela PIDE uma única entrevista com o seu advogado de defesa. No total, Sofia Ferreira passou mais de doze anos da sua vida encarcerada nas prisões fascistas. Sofreu todo o tipo de privações e castigos, mas a polícia fascista nunca conseguiu refrear o seu espírito combativo, tendo voltado à clandestinidade poucos meses depois de libertada, onde se manteve até ao 25 de Abril de 1974». «A vida de combatente revolucionária de Sofia Ferreira era conhecida no plano internacional e foi motivo de uma ampla campanha mundial pela sua libertação. A sua presença em Junho de 1969, em Helsínquia, no 6º Congresso da Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM), à frente da delegação portuguesa, suscitou um caloroso acolhimento pessoal e da delegação portuguesa e uma onda de simpatia e respeito por si e pela luta das mulheres portuguesas». «Com a vitória da Revolução de Abril, Sofia Ferreira assume importante papel na luta pela libertação de todos os presos políticos, pela extinção da PIDE, da censura e do aparelho repressivo do fascismo, pela defesa e consolidação das liberdades democráticas». »

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