quinta-feira, 26 de junho de 2025

Duarte Caldeira escreve excelente artigo em Homenagem ao glorioso padre Martins

 

Morreu o meu grande amigo Padre Martins Júnior

o Padre José Martins Júnior foi um homem sério, honesto que defendeu sempre, os mais oprimidos

 «Estava de férias no continente e um dia à noite recebo a triste notícia do falecimento do meu grande amigo Padre José Martins Júnior, companheiro de tantas lutas nesta terra com vista à libertação do povo madeirense.

Talvez a primeira, tenha sido a reunião que fizemos no início de Maio de 1974, na Ribeira Seca onde havia uma escola e mais tarde uma Igreja, que na altura tinha telhados de zinco e chovia torrencialmente. O tema foi a colonia, o que era, quais as soluções, com gente da própria Ribeira Seca que era vítima desse sistema quase feudal. Foi a primeira vez que se tratou desse assunto, aqui na Madeira. A segunda, foi no ano seguinte, em Fevereiro de 1975 quando publiquei no DN um trabalho sobre a cana do açúcar em que os produtores ocuparam a fábrica de Açúcar do Torreão e, por minha sugestão ocuparam, também a Delegação Regional da Administração do Álcool e do Açúcar que funcionava como anexa da Junta Nacional do Vinho e que superintendia tudo o que dizia respeito àqueles dois produtos. Foi uma luta ganha que ainda hoje beneficia os produtores madeirenses de Cana do Açúcar.

Muitas outras se seguiram e muitas foram as vezes que foste perseguido, primeiro pelo poder político, depois pelo poder eclesiástico. Quando eras pároco na Ilha do Porto Santo e que fundaste o grupo folclórico daquela Ilha, foste perseguido pela PIDE. Foram dois agentes da polícia política à tua procura para te prenderem, mas o teu povo, guardou-te bem guardado e os agentes regressaram à Madeira de mãos a abanar. Mais tarde, D. Francisco Santana, nomeado Bispo do Funchal, nas vésperas do 25 de Abril e ainda embebido de ideias fascistas e fascisantes decidiu suspender-te Ad Divinis do teu múnus de Pároco da Ribeira Seca, sem que para isso tivesse quaisquer motivos. Um dia na Igreja Matriz de Machico Martins Júnior estava presente, pois iria ser padrinho de um crismando, cerimónia presidida pelo referido Bispo, que ao vê-lo deu ordem para que abandonasse o templo. Ao que recusaste e disseste-lhe: «Se quer que saia, expulse-me da Igreja». Claro que não o fez e ameaçou-o com a suspensão, mas o povo continuou a acreditar no seu pároco e o poder civil retirou-lhe o poder de celebrar casamentos, de acordo com a concordata. Aconselhados pela conservadora e notária de Machico de então, passaram a casar primeiro no civil e depois na Igreja para resolver o problema. Mas o poder político não estava satisfeito e continuou o ataque, através de D. Teodoro, Bispo madeirense que aconselhado pelo Governo Regional, chamou a Polícia de Segurança Pública para tomar de assalto a Igreja, que entretanto o povo da Ribeira Seca tinha construído e era propriedade da sua associação cívica e não da Diocese. O Comandante da PSP de então, também madeirense, tomou uma atitude ilegal e ocupou a igreja, mas por poucos dias, porque rapidamente voltou para a mão do povo da Ribeira Seca. Martins Júnior continuou suspenso pelo medíocre D. Teodoro, mas continuou a levar a palavra de Deus ao seu rebanho. Seguiu-se um outro Bispo, oriundo do Algarve, ainda familiar directo de Cavaco e Silva, que não teve coragem para lhe retirar a suspensão, certamente com medo de perder os dinheiros que recebia do poder político. Finalmente este também resignou e o seu substituto, o actual Bispo do Funchal, D. Nuno Brás, resolveu rapidamente. Falou com o Padre Martins Júnior e tudo ficou resolvido. Curiosamente a Igreja da Ribeira Seca deve ser a única Igreja católica madeirense que não foi nem financiada pela Diocese, nem pelo poder político, mas exclusivamente pelo seu povo.

De salientar que enquanto pároco, Martins Júnior nunca cobrou um único tostão ou cêntimo ao seu povo. Vivia do seu ordenado de professor e isso incomodava o clero madeirense, ou seja nunca vendeu os sacramentos…

Queremos salientar outra perseguição de que o meu grande amigo Martins Júnior foi vítima: Foi perseguido pela Assembleia Legislativa da Madeira que o expulsou de deputado com acusações falsas, impróprias de representantes do povo madeirenses, Os Deputados do PPD fizeram-lhe várias acusações, injustas e que demonstraram o dom para a mentira daquele grupo parlamentar, mas como tinham maioria absoluta, julgavam que tinham o poder, para o expulsar da Assembleia, mas desta vez enganaram-se, recorreu da decisão do plenário da Assembleia Regional para o Tribunal Constitucional e ganhou.

Já antes, quando a Assembleia Regional ainda era no Salão Nobre do edifício da antiga Junta Geral, o Padre Martins foi agredido por um outro deputado, do PPD, que numa atitude de cobardia negou o acto e uma testemunha, um outro deputado também do PPD, negou. (1)Tratou-se de Egídio Pita, o deputado agressor.

Sem dúvida que esta foi uma das maiores vergonhas porque passou a Assembleia Legislativa da Madeira, que obedecia cegamente em tudo ao que o Presidente do Governo de então, Alberto João Jardim, mandava fazer. Acho mesmo que a actual Presidência da Assembleia Legislativa da Madeira, deveria pedir desculpas póstumas, públicas, ao Padre Martins Júnior por tão ignóbil acto.

Por aqui me fico, por agora, para que o povo madeirense fique sabendo que o Padre José Martins Júnior foi um homem sério, honesto que defendeu sempre, os mais oprimidos, os mais fracos, que praticou o evangelho, nunca se limitando a dizer «façam aquilo que eu digo e não o que eu faço». Ele fez o BEM. Foi Presidente da Câmara Municipal de Machico. No período revolucionário designado por PREC, foi acusado de ter feito um julgamento político em Machico, mas curiosamente os juízes eram ou passaram a ser membros do PPD.

Muito mais haverá para dizer, mas quero apenas lembrar algumas das injustiças a que foi sujeito por dois poderes fortemente implantados na Madeira e que viveram à sombra da própria Igreja. Refiro-me ao poder religioso que, ele próprio, condenava todo o Evangelho e o poder político que vivia à sombra dos três Bispos referidos.

E um símbolo da Ribeira Seca, de Machico e de toda uma Região, e, evidentemente de todo um País. Descansa em paz.»
Duarte Caldeira

Agressores do padre Martins:(1)


 Engenheiro Jorge Jardim Fernandes. Este pardalão agrediu também o padre Martins em plena rua com uma joelhada no abdómen, por este o ter criticado pela promiscuidade entre o cargo politico que exercia na altura e os seus negócios pessoais com através da Sua empresa PRIMA e as obras do então governo Regional da Madeira.

12 comentários:

  1. Xunga a elogiar chunga

    ResponderEliminar
  2. Monumento aos que presentearam uns aperitivos ao palerma da Ribeira Seca.
    Passaram ao lado. Um era para lhe colocar os olhos "à Benfica" e o outro para lhe mandar os "tomates" para Moscovo

    ResponderEliminar
  3. O pandeireta depois do "enxerto" do Egídio Pita, só entrava na assembleia quando sabia que o Egídio não comparecia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Um cacique do PPD a defender o bandido Egídio Pita. Não tens remédio filho da puta.

      Eliminar
    2. Pena ainda não estar vivo.
      Nem o gilinho se atrevia a fugir para a Madeira.

      Eliminar
  4. No ppd de então eram só jagunços à moda do Brasil.

    ResponderEliminar
  5. Estes pardalões do Pepedea sempre foram anormais, incompetentes e canalhas

    ResponderEliminar
  6. O regedor agrícola do vinho zurrapa do Seixal é um oportunista de merda como os cuelhos.

    ResponderEliminar