Voltou à baila, na semana que findou, as verbas que as entidades públicas investem na Comunicação Social. O tema continua a ser interessante e oportuno, seja qual o ângulo de apreciação. E para este ‘peditório’ até vimos nessa saudável discussão uma série de contributos de homens da Igreja, com um desapego tal que até parece que vivem de rendimentos que saem da sua própria produção.
Vimos deputados, padres, funcionários de partidos, aposentados de qualquer coisa pública, todos a discutirem o dinheiro dos outros, todos sentadinhos à mesa do Orçamento público. Não se viu nem se ouviu ninguém que tenha mérito a merecer ganhar dinheiro, que faça alguma coisa que produza receita. Aquilo que fazem, seja bom, mau ou absolutamente inócuo, dá igual. O salário está garantido e o ‘patrão’, que é invisível e ninguém sabe quem é, nunca reclama de tão parca produtividade.
Segundo essas lógicas discursivas, displicentemente avaliadas apenas com um ‘gosto’ para cima ou para baixo, não se deve discutir os recursos públicos que são canalizados para partidos, onde vegeta e reergue-se vezes sem conta muita gente de méritos discutíveis (para não usar outra expressão). E, pasme-se, são esses que discutem a forma como governos e autarquias utilizam os seus fundos, que saem igualmente dos impostos de quem realmente trabalha e produz. É verdade que, neste caso, em pano de fundo estão verbas para custear estratégias de comunicação, através das quais os eleitos prestam contas e mostram o que andam a fazer. E se promovem, também é verdade. Um tema sempre susceptível de ser discutido, porque é sensível sobretudo para quem trabalha na Informação. E, por razões bem diferentes, para quem está na fila de espera para ser alguma coisa.
Incrível, mesmo, é saber que entre alguns desses eternos parasitas da coisa pública, se defende sem qualquer pudor que um privado que faz pela vida, cujos trabalhadores (que não vivem do erário) se desdobram a propor, criar e concretizar projectos úteis, que esse privado não deve ser pago por esse trabalho. Ou, como de forma surrealista também sugerem, governos e câmaras devem distribuir os seus contratos de forma equitativa por outros, mesmo que esses outros não façam nada. Uma réplica do que se passa nalguns sectores da política: não interessa se é útil ou não, se trabalha ou não produz nada; recebem todos! (Diário)
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