Professora e artista plástica, estudou na ESBAL (Escola Superior de Belas Artes). Pelo seu envolvimento em manifestações a favor da saída de Portugal da NATO, foi expulsa da escola em 1952 e proibida não só de estudar como de dar aulas Foi nesse ano que se tornou militante - para a vida - do PCP. As suas capacidades artísticas seriam bastante usadas pelo PCP na falsificação de documentos. Em 2018 publicou um livro autobiográfico intitulado, precisamente, "Memórias de uma falsificadora". Foi em Belas Artes que conheceu o militante comunista com quem casaria, José Dias Coelho, de quem teve duas filhas, Teresa e Margarida. Em 1955, José e Margarida passam à clandestinidade. Em 1961, Dias Coelho é assassinado pela PIDE, numa rua de Alcântara - o acontecimento que José Afonso evocaria em "A morte saiu à rua". Depois, Margarida Tengarrinha parte para o exílio em Moscovo trabalhando diretamente com Álvaro Cunhal. Passou por Portugal em 1968 mas só regressaria definitivamente em 1970. Integrou o Comité Central do partido e foi deputada na Assembleia da República entre 1979 e 1983.
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Margarida Tengarrinha trocou a vida pacata de quem nasceu numa família de classe média no Algarve, pelo isolamento da clandestinidade – que a fez despedir de uma filha e viver o luto de um marido. Mas para saber toda a história desta resistente antifascista é preciso recuar no tempo. Com o país mergulhado numa ditadura sem aparente fim à vista, o espírito revolucionário de Margarida revelou-se logo nos tempos em que frequentava a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa – onde conheceu José Dias Coelho, com quem vem a casar já na clandestinidade. À frente do Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD), as manifestações contra as armas nucleares e a NATO levaram-na a ser expulsa da escola onde lecionava. Nesse mesmo ano, de 1952, juntou-se ao PCP e, com ajuda da conhecida feminista Maria Lamas, começou a escrever e ilustrar um suplemento do jornal O Século, sob um pseudónimo.
O talento para as artes dos dois jovens levam-nos a ser convidados pelo partido para uma posição que a obrigava à clandestinidade: a falsificação de documentos necessários aos militantes para circularem sem serem apanhados pela PIDE. O “romantismo revolucionário”, como conta numa das últimas entrevistas ao Expresso, levou-os a aceitar os riscos e a aceitar a missão.
Nos anos que se seguiram, Margarida e José trocaram muitas vezes de nome e viveram muitas vidas. Com uma autêntica oficina de falsificação de documentos às costas, o casal foi trocando de casa cada vez que as suspeitas aumentavam. “Para cada nova identidade tínhamos de arranjar uma história. O sítio onde tínhamos nascido, o local onde tínhamos morado antes, etc. Arranjávamos sempre sítios mais ou menos imprecisos, difíceis de identificar”, contou a comunista. É neste clima de alto risco que nasce a primeira filha, Teresa, de quem se têm de despedir quando o cerco do Estado Novo aperta.
É já com uma segunda filha nos braços que José Dias Coelho é morto pela PIDE, a 3 de janeiro de 1960. A morte foi imortalizada pela canção de Zeca Afonso, “A Morte Saiu à Rua”. Após a morte do marido, Margarida Tengarrinha parte para Moscovo com Álvaro Cunhal. Em 1968 regressa a Portugal e torna-se uma das redatores principais do Avante!. Com a revolução do cravos a devolver-lhe o nome de nascença, Margarida integra o Comité Central do PCP e ocupa o lugar de deputada entre 1979 e 1983.
A velhice foi vivida no Algarve, a terra natal, onde trabalhou como professora de arte na Universidade Sénior de Portimão. Aos 95 anos, uma das mais importantes figuras do PCP e do combate à ditadura faleceu. O PCP avançou informações sobre as cerimónias funebres: o corpo estará em câmara ardente na Casa Mortuária da Igreja do Colégio em Portimão, dia 31 de Outubro, a partir das 9h30, saindo às 12.30h para o crematório de Albufeira. A cremação realizar-se-á às 14h.
Estava a ficar muito amarela
ResponderEliminarLimpeza da escumslha
EliminarDeveu muitos anos à cova.
EliminarComentários extremamente reacionários
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