sexta-feira, 18 de novembro de 2022

O «Ogre" fascista Jardim conspirava activamente na altura de Revolução do 25 de Abril ligado às actividades separatistas da FLAMA




 «Comparando com outras organizações da época, a FLAMA não foi uma brincadeira de meninos? Não foi, não! Houve variadíssimos petardos, carros destruídos, casas, etc. Por acaso não morreu ninguém. Lembro-me da célebre ocupação do Centro Regional da Emissora Nacional, na Rua dos Netos. Os gajos da FLAMA tinham uma lista de pessoas para serem deportadas ou para matar e eu tinha a minha mãe a ligar porque ouvira isso na televisão e estava preocupada. Fomos agarrar na «tropa pesada» dos operários da construção civil do Casino da Madeira e fomos com esses gajos todos de picaretas e não sei quê num Caterpillar para lá. Entrámos na Rua da Carreira, que era quase em frente à sede do PCP, e disse ao condutor: «Põe esta merda no meio deles e avança, mas cuidado, não mates ninguém!» Os gajos começaram a zarpar, houve gente a atirar-se do primeiro andar da Emissora Nacional. Alguns foram parar ao hospital com cabeças partidas. E agora adivinhe quem foi ao hospital arrancar a folha das entradas? Alberto João Jardim! Portanto, nunca houve registo dos gajos que ocuparam e vandalizaram a Emissora Nacional. Foi este o clima que se viveu na Madeira, não foi uma brincadeira de meninos.»
Miguel Carvalho "Quando Portugal ardeu"

Post-Scriptum.
Durante décadas, os tempos da FLAMA foram uma espécie de tabu entre os protagonistas. Quando chamados a pronunciar-se, alguns negavam conhecer os operacionais. «Jardim estava a par de tudo», assumira Daniel Drummond, um dos fundadores do PSD na Madeira. Quando chegou a líder regional, em 1978, Alberto João terá acordado com os elementos do diretório da FLAMA o fim dos atentados, mais de 70, que vinham de 1975. O «pacto de silêncio» não seria mantido na totalidade. E a quebra do mesmo, em algumas ocasiões, poderá estar relacionada com as estranhas mortes de vários «flamistas», entre os quais Jorge Cabrita, Júlio Esmeraldo e José Bacanhim, sempre em circunstâncias misteriosas e nunca totalmente esclarecidas. Esmeraldo, um dos mais ativos operacionais da FLAMA, apareceu morto numa festa em Santana, após ter sido agredido no crânio. Quanto a Bacanhim – que, entre outras funções, recolhia dinheiro da comunidade madeirense na Venezuela para os «flamistas» –, seria encontrado na Baía do Machico, de pés e mãos atados. Ainda antes do auge do bombismo madeirense, faleceram dois jovens simpatizantes do movimento separatista. Rui Alberto, militante da Juventude Centrista, morreu a manusear uma bomba-relógio no Porto Santo. Alírio Fernandes foi outro. Carregara gelamonite para aquela ilha e apareceu sem vida na Prisão Militar de Santiago. Enforcado. Em 2005, o autor destas linhas encontrou-se na Madeira com o antigo autarca de Machico, Rufino Teixeira, ex-membro da FLAMA, a pretexto dos 30 anos da organização separatista. Aos 85 anos (entretanto faleceu), definia-se como um «patriota, esteta e extremista com orgulho». Da sua imaginação tinha saído a ideia da bandeira da FLAMA, a tal que a Madeira independente deveria usar um dia: azul, «de céu e mar»; amarelo-ouro, «porque a Madeira é ouro para nós»; e cinco escudetes de Portugal, «sinónimo da nossa eterna ligação à pátria», explicava aquele estudioso de numismática e heráldica. A proposta foi polémica e a discussão dos símbolos, acalorada, pois houve sugestões para que a bandeira também cortasse, de vez, quaisquer laços com o retângulo continental. Mas a ideia de Rufino venceu. «Naquele tempo, toda a Madeira era flamista. Queríamos a independência, mas sentíamo-nos portugueses. Não queríamos era ser parte de um Portugal comunista.» Mas a independência nunca se concretizou e aquela ficou apenas para a História como… a bandeira da FLAMA. «Para tristeza minha», lamentava-se Rufino, antigo aluno da Sociedade Nacional de Belas-Artes. Décadas depois, a bandeira continuava pintada em muitas paredes e muros da região autónoma, guardada em velhos isqueiros, porta-chaves e postais, ou em tamanho natural, nas casas de madeirenses. Nem a FLAMA nem a bandeira sobreviveram à mudança das marés. Em 1978, a Região Autónoma da Madeira adotou as cores e os símbolos, mas fez desaparecer as quinas portuguesas. «Passaram à clandestinidade», dizia Rufino. Aos mastros dos edifícios públicos subiu a bandeira dos que, «mesmo estando envolvidos na FLAMA, tiveram medo de ser considerados separatistas». Alberto João Jardim iniciava, então, o seu longo reinado, que só terminaria em 2015. Rufino, apesar de melancólico, não guardava saudades desse tempo de fervuras. Apenas cautelas: aceitara conversar com o jornalista, mas na condição de o fazer no interior do seu carro, longe de olhares indiscretos e sem direito a fotografia. Semanas depois, nesse mesmo ano de 2005, o repórter recebeu, na redação, uma carta anónima. Escrevia o suposto remetente «Luís Boa Morte», de «Cabeço de Ferro», Funchal: «Caro Jornalista. Você esteve na Madeira a bisbilhotar a vida de cada um, tivemos conhecimento de todos os seus passos e até fotografámos a tua carrinha. Tem juízo e vê lá o que andas a fazer porque não gostamos de cubanos, o nosso braço é longo e também podemos chegar aí. Não é a primeira vez nem será a última que amaciamos o pelo a alguém, e se no passado metemos bombas no presente já SUICIDAMOS alguns. Está tudo nas tuas mãos, inclusiva (sic) esse coiro sem valor algum.»

3 comentários:

  1. Emissora na Rua dos Netos, Emissora na Rua da Carreira (onde sim, foi a sede do Pc-Madeira)...há aqui alguma confusão!...

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  2. Muito rezaram os comunas para que a Flama parasse as brincadeiras. Mas podem voltar a brincar a qualquer momento

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  3. A Flama queria a independência para depois entregar a Madeira aos jesuítas espanhóis. É este o segredo que esses traidores tremem de medo se se souber

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