terça-feira, 8 de novembro de 2022

Raquel Coelho escreve hoje no JM

 


Compra ou neutraliza



 Contra factos não há argumentos. Igreja, inaugurações, propaganda, festas, subsidiodependência, assistencialismo e empregos aos apoiantes. Foi a fórmula que sempre resultou eleitoralmente na Madeira. É assim que se tem ganho eleições. Quem é do contra é, eventualmente, aliciado e comprado com o tempo. Quem não cede, acaba perseguido e neutralizado. Não é por acaso que muito se fala sobre a falta de oposição na Madeira. Só que este facto, não acontece porque somos uma terra onde emana o leite e o mel ou por incapacidade dos seus intervenientes, como muitos gostam de impingir. A famigerados processos judiciais que agora tanto estão em voga. Foram muitos os que foram abandonando a vida política ativa, não só porque prejuízos acumularam-se ao nível do insustentável, como pela falta de reconhecimento da população.

  Não é por acaso, que estamos a vivenciar um dos piores quadros políticos no que toca ao debate político e à representatividade no parlamento madeirense. Com o histórico da oposição aos longos dos anos, o pragmatismo imperou. Praticamente só vai para a política quem quer ganhar o seu e não se chatear muito. Por outro lado, é muito difícil para a população separar o trigo do joio. Como vamos escolher uma boa oposição se a informação que nos chega é tendenciosa, controlada e muitas vezes censurada?! Quantos jornalistas têm passado para assessores políticos e para a administração pública nos últimos anos? Já perdemos a conta…

 Numa Região, onde a geração de riqueza é diminuta e onde o emprego escasseia, tornou-se normal que a maior parte das pessoas façam as suas escolhas políticas não com base na sua consciência, mas com o objetivo de garantir a sua subsistência.

 Somos um meio pequeno, pouco desenvolvido economicamente, em que praticamente a única perspetiva de uma vida melhor passa pela política. Qualquer profissional e empresário tem a vida mais facilitada se tiver boas ligações ao partido do poder.

 A continuar assim, teremos o paraíso na terra para o que de pior existe na política, uma eterna calmaria do “é fartar, à vilanagem”. Uma vida política marcada pelo assalto à manjedoura pública, por cargos públicos a serem distribuídos indiscriminadamente pelas clientelas partidárias, onde o mérito é substituído pelo seguidismo partidário. Onde as vozes contestatárias, foram substituídas por toda a sorte de oportunistas.

 Tudo aponta para que a Madeira continue a bater recordes políticos de longevidade do regime. Cada vez mais próximos de África e longe da Europa civilizada.


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