sexta-feira, 25 de agosto de 2023

“Massacre de 4.000 pessoas em Badajoz, cidade dos horrores” denunciava o Diário de Lisboa de 15 de Agosto de 1936


No dia 23 de agosto de 1936, o jornalista português Mário Neves chegou a Badajoz para investigar o massacre de 4000 pessoas iniciado no dia 14 de agosto, e que estava a ser perpetrado por tropas franquistas, comandadas pelo general Juan Yagüe, após a captura da cidade.
Segundo os jornalistas e historiadores, mais de quatro mil homens, mulheres e crianças (10% da população da cidade) foram mortos em decorrência do massacre, dentre eles, muitos militantes republicanos, socialistas e comunistas, tornando Badajoz uma verdadeira "cidade dos horrores", com pilhas de corpos e rios de sangue por toda a cidade, em especial na praça de touros, onde foram fuziladas mais de 2000 pessoas, o que formou uma lagoa de sangue com um palmo de altura.
Badajoz estava inicialmente sob controlo republicano. A sua captura pelos fascistas foi a batalha mais dura desde o início da guerra civil e também uma das mais importantes porque conectou as tropas franquistas do norte com as do sul e permitiu controlar a fronteira com Portugal.
Muitas das informações que hoje temos do massacre devem-se ao corajoso trabalho de jornalistas como o português Mário Neves, que, além de evidenciaram a barbárie cometida, expuseram a cumplicidade do governo português de Salazar com as tropas nacionalistas de Franco.
Só no dia 19 de Agosto de 1936, a PIDE (policia política portuguesa) e a GNR (guarda) entregaram 400 refugiados espanhóis que haviam cruzado a fronteira com Portugal às tropas fascistas, dos quais 300 foram imediatamente fuzilados sem qualquer julgamento.
Durante a guerra foram mortas cerca de 500.000 pessoas. Até hoje é desconhecido o paradeiro de cerca de 100.000, enterradas em valas comuns por toda a Espanha pelas tropas fascistas.
Curiosidade: Um dos jovens guardas que patrulhava a fronteira para capturar republicanos espanhóis fugidos da guerra chamava-se António de Spínola. 5 anos depois partiu para Leningrado com a divisão azul ao serviço de Hitler. Viria a ser um dos principais generais portugueses na guerra colonial, o orquestrador da morte de Amílcar Cabral, e presidente da república por um breve período após a queda da ditadura em 25 de Abril de 1974. Um criminoso de guerra e um herói da direita portuguesa.

https://www.dn.pt/mundo/badajoz-sem-memoria-80-anos-depois-da-matanca-da-guerra-civil-espanhola-5338936.html?fbclid=IwAR0k1_TlQrtYKGaT2O37k8uXCQzYbDoHnfWjfyw4X5mzd6exVIDbA0YPAzk





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