quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Genocídio tipo nazi na faixa de Gaza e Cisjordânia

 Ex-general israelense compara o tratamento dado aos palestinos à ‘Alemanha nazista’ e ao ‘apartheid’

Amiram Levin, ex-chefe do comando norte do exército, fez os comentários no domingo na emissora pública israelense Kan (Foto: Reprodução/972mag.com)

Heba Ayyad*

“Não há democracia lá há 57 anos. Há um apartheid total”, disse Levin, referindo-se à situação na Cisjordânia. Segundo ele, o exército israelense foi “forçado a exercer soberania lá” e está “apodrecendo por dentro. Está parado, olhando para os desordeiros dos colonos e está começando a ser parceiros de crimes de guerra. São processos profundos”.

Levin foi além, comparando esses processos com a Alemanha nazista.

“É difícil para nós dizer isso, mas é a verdade. Caminhe por Hebron, olhe para as ruas; ruas onde os árabes não podem mais passar, apenas os judeus”, disse ele. “Foi exatamente o que aconteceu lá, naquele país escuro”.

Os comentários foram condenados pelo legislador Danny Danon, que pertence ao partido governista Likud.

“Aqueles que nos comparam à Alemanha ou ao regime nazista devem ser examinados”, disse Danon.

Levin, que também foi vice-chefe do Mossad, teve uma carreira militar que se estendeu de 1965 a 1998.

No início deste fim de semana, fez um discurso em uma manifestação antigovernamental em Tel Aviv, na qual pediu aos líderes militares que enfrentassem o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, os quais ele disse estarem “tentando arrastar você em crimes de guerra”.

Vários grupos de direitos humanos, incluindo B’tselem, Human Rights Watch e Anistia Internacional, determinaram nos últimos anos que o termo “apartheid” se aplica à situação em Israel e nos territórios palestinos ocupados.

No ano passado, Michael Lynk, relator especial da ONU para direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, disse em um relatório que o tratamento dispensado aos palestinos “satisfaz o padrão probatório vigente para a existência do apartheid”.

Israel ocupa a Cisjordânia desde a guerra de 1967.

O território abriga cerca de 2,9 milhões de palestinos. Cerca de 475.000 colonos judeus também vivem lá em assentamentos aprovados pelo estado de Israel, que são ilegais sob a lei internacional.

@ Heba Ayyad

*Jornalista Palestina, brasileira e analista de politica internacional

Sem comentários:

Enviar um comentário