Ex-general israelense compara o tratamento dado aos palestinos à ‘Alemanha nazista’ e ao ‘apartheid’
Amiram Levin, ex-chefe do comando norte do exército, fez os comentários no domingo na emissora pública israelense Kan (Foto: Reprodução/972mag.com)
Heba Ayyad*
“Não há democracia lá há 57 anos. Há um apartheid total”, disse Levin, referindo-se à situação na Cisjordânia. Segundo ele, o exército israelense foi “forçado a exercer soberania lá” e está “apodrecendo por dentro. Está parado, olhando para os desordeiros dos colonos e está começando a ser parceiros de crimes de guerra. São processos profundos”.
Levin foi além, comparando esses processos com a Alemanha nazista.
“É difícil para nós dizer isso, mas é a verdade. Caminhe por Hebron, olhe para as ruas; ruas onde os árabes não podem mais passar, apenas os judeus”, disse ele. “Foi exatamente o que aconteceu lá, naquele país escuro”.
Os comentários foram condenados pelo legislador Danny Danon, que pertence ao partido governista Likud.
“Aqueles que nos comparam à Alemanha ou ao regime nazista devem ser examinados”, disse Danon.
Levin, que também foi vice-chefe do Mossad, teve uma carreira militar que se estendeu de 1965 a 1998.
No início deste fim de semana, fez um discurso em uma manifestação antigovernamental em Tel Aviv, na qual pediu aos líderes militares que enfrentassem o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, os quais ele disse estarem “tentando arrastar você em crimes de guerra”.
Vários grupos de direitos humanos, incluindo B’tselem, Human Rights Watch e Anistia Internacional, determinaram nos últimos anos que o termo “apartheid” se aplica à situação em Israel e nos territórios palestinos ocupados.
No ano passado, Michael Lynk, relator especial da ONU para direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, disse em um relatório que o tratamento dispensado aos palestinos “satisfaz o padrão probatório vigente para a existência do apartheid”.
Israel ocupa a Cisjordânia desde a guerra de 1967.
O território abriga cerca de 2,9 milhões de palestinos. Cerca de 475.000 colonos judeus também vivem lá em assentamentos aprovados pelo estado de Israel, que são ilegais sob a lei internacional.
@ Heba Ayyad
*Jornalista Palestina, brasileira e analista de politica internacional
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