domingo, 6 de junho de 2021

David Jiménez Garcia ex-director do jornal espanhol El Mundo fala acerca das ameaças à liberdade de imprensa em Espanha

 

«Poder e a imprensa

 A profissão de jornalista é fascinante e, simultaneamente, muito exigente e rigorosa, quando o jornalismo é de primeira água. David Jiménez Garcia, 50 anos, é um jornalista e escritor espanhol que foi repórter de guerra, correspondente e ex-director do jornal espanhol El Mundo. Recentemente, concedeu uma entrevista em que abordou, sem tibiezas, a relação poder/ imprensa. Esta relação é sempre melindrosa, num permanente jogo do rato e do gato — seja em Espanha, seja em Portugal ou em qualquer país do mundo. Não posso deixar de citar, na entrevista, três constatações de Jiménez Garcia que são transversais a toda a prática de jornalismo e à própria sobrevivência na profissão. 

1) “A tendência natural do poder é controlar a imprensa. Quando as vendas caem, por exemplo, 70%, e os jornalistas de determinado jornal vêem o seu emprego (o seu ganha-pão) ameaçado, podem, eventualmente, passar a depender de favores, precisamente daqueles que deveriam vigiar. Tornamo-nos parte do sistema para sobrevivermos”;

 2) “A Espanha é um país polarizado, onde tudo está dividido em trincheiras. Os leitores exigiam que eu denunciasse a corrupção apenas dos outros, não a daqueles em quem votavam”; 

3) “Isto arruinou-se quando os gestores começaram a fazer de jornalistas e os jornalistas de administradores. Eu encontrei-me com donos e com administradores para quem é igual estar no negócio da imprensa ou a vender máquinas de lavar.” Estas afirmações de Jiménez Garcia repercutir-se-ão, igualmente, no modus operandi da relação de certa imprensa com o poder no nosso país? »

-António Cândido Miguéis colaborador do blog Pravda

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