sábado, 19 de dezembro de 2015

Bertolt Brecht sempre atual

o poema de  Bertolt Brecht.

Primeiro levaram os negros.Mas não me importei com isso,Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso,
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso,
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho o meu emprego,
Também não me importei
Agora estão-me levando,
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém,
Ninguém se importa comigo.

Conceição Pereira fala da feminista Carolina Beatriz Ângelo


O Ocidente espantou-se pelo facto de as mulheres muçulmanas não terem direito ao voto e só agora ter havido voto feminino na Arábia Saudita.
É verdade que é um atraso muito grande, mas este acontecimento abriu uma porta, talvez estreita, mas representa um passo civilizacional naquele país islamista. Pela primeira vez, as mulheres tiveram direito de votar e serem eleitas. E elegeram, pelo menos, 13 mulheres para lugares de poder. O sol raiou, aqueceu os corações de muitas mulheres e incitou, possivelmente, ao avanço na conquista de outros direitos.
Segundo as leituras que fiz sobre este assunto, existe um movimento feminino no Kuwait pelo direito ao voto.. São passos fortes e revolucionários para os direitos das mulheres e levarão, naturalmente, a outras conquistas democráticas.
A conquista de direitos legais e cívicos para as mulheres tem uma história triste e longa, manchada de autoritarismo e machismo. Atenas foi o berço da democracia, mas apenas para os cidadãos. As mulheres e os escravos não tinham quaisquer direitos. E seguiu-se um longo período da história da Humanidade sem democracia, sem votos, sem direitos cívicos.
Segundo consta, a Nova Zelândia instituiu o voto feminino em 1892. Na Europa, Sociedade Cristã Ocidental, nasceu, em 1897, o Movimento das Sufragistas. Estas mulheres começaram a lutar pelo direito ao voto, mas só o conseguiram em 1918, depois de muitas lutas, prisões e mortes. Em Portugal, no início da 1ª República, 1911, Carolina Beatriz Ângelo exigiu o direito de votar, por ser viúva, chefe de família e alfabetizada. E conseguiu votar. Foi a primeira mulher que votou em Portugal. Mas logo os republicanos no poder alteraram a lei: “direito ao voto para chefes de família masculinos.” E foi em 1931, em plena ditadura, que algumas mulheres adquiriram o direito ao voto, cuja legislação foi sendo renovada em 1933, 1946 e 1968. Foi no pós 25 de Abril que a grande maioria de mulheres e homens ganharam o estatuto de votar e ser eleita/o.
Faço votos para que as mulheres muçulmanas e muitas outras em várias partes do mundo continuem a avançar na senda do progresso democrático, conquistando direitos cívicos e sociais, em plena igualdade com os demais cidadãos. Mas o mais importante é saber utilizar os direitos, como o direito ao  voto, que foi muito difícil de conquistar Custou sangue, suor e lágrimas. Carolina Beatriz Ângelo empenhou-se tanto na sua luta pelo direito ao voto, que só conseguiu no Tribunal e morreu algum tempo depois, esgotada das suas forças. (VER)



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