sexta-feira, 22 de outubro de 2021

General Sousa dias herói da Revolta da Madeira em 1931. Acabou por morrer no Tarrafal perseguido pelo fascista Salazar

“Movimento revolucionário na capital do norte”, titulava o DN de 7 de fevereiro de 1927 dando conta da Revolução do Porto ocorrida nesse mês. A revolta, liderada pelo general Adalberto Gastão de Sou - sa Dias, terminou com a rendição e a prisão dos revoltosos e teve um saldo de 80 mortos e 360 feridos do lado do Porto e mais de 70 mortos e 400 feridos de Lisboa.
Quando, em 4 de Abril de 1931, na sequência dos movimentos populares de Fevereiro devidos à crise económica com que a ilha se debatia, eclodiu a «revolta da Madeira», de novo foi o General Sousa Dias chamado a chefiar este último grande «cerco à ditadura», como se lhe refere Helena Matos (13). Com ele estavam importantes unidades militares ali estacionadas, vários deportados políticos e alguns dos revolucionários de Fevereiro de 1927, reclamando o restabelecimento das liberdades públicas e da normalidade constitucional. ...

...“Exmo. Senhor Presidente da República
 
Em 4 de Abril - Lisboa
.
Tendo-me sido entregue pelos oficiais da Guarnição da Madeira o Governo desta Ilha, informo Vossa Excelência que esta guarnição, conforme finalidade seu movimento e acordo opinião maioria do Exercito e Marinha, levada conhecimento Governo Ditadura em Janeiro ultimo, só obedecerá a um Governo Republicano que restaure liberdades publicas e procurando realizar em curto prazo volta normalidade constitucional sem subterfugios.”
 
a) Governador Militar - Sousa Dias, General.” (14)
 
Derrotado, o General Sousa Dias, com muito outros militares e civis implicados, foi demitido do seu posto e lugar que ocupava no Exército, privado de todas as honras, vencimentos, garantias e direitos que usufruía e colocado à disposição do governo (15). Como consequência directa da demissão, foi abatido aos quadros do Exército, perdeu a dignidade do posto e a qualidade militar, assim como o direito a usar medalhas militares e condecorações e a haver quaisquer recompensas ou pensões por serviços anteriores (16).
 
Mais umas largas centenas de deportados seguiram para as colónias de África e de Timor. Foi então que se criaram, para os internar, os primeiros campos de concentração, prática que só cessaria na década de 1950. Ao mesmo tempo, na metrópole, encheram-se as cadeias de conspiradores ou havidos como tais. O fracasso da posterior revolta de 26 de Agosto desse mesmo ano, fez aumentar o número de presos e deportados políticos a um máximo porventura jamais atingido durante o Estado Novo.
 
Deportado para Cabo Verde, Sousa Dias foi primeiro internado no Campo de Concentração de Presos Políticos de S. Nicolau, instalado num antigo seminário, onde permaneceu até 21 de Agosto desse ano. O Governo da colónia pretendeu, ainda, fazê-lo embarcar para Timor, o que não conseguiu devido à recusa do comandante do transporte de guerra Gil Eanes, que levava deportados para a ilha asiática. Foi depois transferido para a ilha de Santo Antão e, por último, para a de S. Vicente.
 
(...).Vencidos, como fatalmente tínhamos de ser pois não fomos convenientemente secundados, a pesar da nossa resistência durante quase um mez - escreveu Sousa Dias numa carta a seu filho Adalberto, de 21 de Agosto de 1931 - o tratamento que nos tem sido infringido, é dos mais vexatórios, arbitrarios e despóticos que a nossa historia regista! - Incomunicáveis; encerrados em campo de arame farpado, em alojamentos restritos e com as janelas pregadas, numa aglomeração de pessoas nas condições mais anti-higiénicas; guardados por tropas indígenas, com instruções irritantes; sem dispormos dos mais insignificantes cobertura, digo, recursos médico cirúrgicos, para nos acudir caso o nosso estado de saúde assim o reclamasse; com uma alimentação contra-indicada para este clima africano (servindo-nos, amiudadas vezes, carne de porco); sujeitos na Praia como no seminário de S. Nicolau, a vexames de toda a ordem; suportando as violentas medidas repressivas de draconeanas instruções, dadas pelos miseráveis «carcereiros» que, para afronta e vergonha nossa, ainda conservam uns galões nos braços e se dizem oficiais do exercito; mantendo-se uma rigorosa e irritante censura à nossa correspondência, - a maior das vilanias cometidas; chegando, por demais, a infâmia cometida pela violação da vida doméstica, ao ponto de - após a leitura da nossa correspondência, - divulga-la, publicamente, com comentários galhofeiros e vergonhosos - aqui tens, muito sumariamente, e sem que todos os pontos arbitrários sejam realçados ainda, o que se vem cometendo contra nós, há mais de 3 meses, após o nosso movimento constitucional da Madeira.(...).” (17) Ver fonte
 

1 comentário:

  1. Esse general cubano veio para cá para nos lixar a vida.
    Daquele lá nunca veio nada que prestasse.

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