quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Gil Canha escreve sobre as manigâncias do Carlos Pereira do Club Sport Marítimo

 VANDALISMO DE FIM-DE-SEMANA



Gil Canha


 Tenho a confessar que não sou um aficionado do futebol profissional, mas tenho de reconhecer que tem uma importância socioeconómica relevante como também não é de todo necessário ler a obra de Hannah Arendt ´Sobre a Violência´, para se perceber que esta atividade desportiva ajuda a libertar as tensões acumuladas, principalmente entre os mais jovens. Mas esta minha intromissão num mundo onde sou completamente alheio nasceu a propósito das eleições em curso para uma nova direção do Club Sport Marítimo, e que me fez recordar um lamentável e repugnante episódio protagonizado pelo atual Presidente do Clube, o sr. Carlos Pereira.
  Num fim-de-semana de meados do ano de 2013, (quando os fiscais da autarquia estavam menos vigilantes) o sr. Carlos Pereira resolveu alterar a fachada dum edifício emblemático do Sec. XVII, existente na Rua D. Carlos I (Zona Velha da Cidade), propriedade da Câmara Municipal do Funchal, e cedido por Protocolo ao Club Sport Marítimo, a 19 de outubro de 1990, para aí o clube criar ´um centro sócio-cultural de arte, desporto, recreio e apoio social à sua sede´.

Assim, no rés-do-chão do referido prédio, o Presidente do Marítimo ordenou a abertura dum vão, em arco, para criar uma montra pirosa, tudo clandestinamente e à revelia do proprietário, a CMF. E onde havia um janelão em cantaria vermelha da região com grade em ferro forjado tão característico da nossa arquitetura urbana antiga, o cavalheiro destruiu e mutilou tudo isso na maior das impunidades.

A alarvidade clandestina do sr. Carlos Pereira causou na altura grande polémica, e no dia 1 de agosto de 2013, por deliberação tomada em reunião de Câmara, foi decidido mandar levantar um processo de contra-ordenação, e foi dado um prazo de 8 dias para a direção do CSM repor o vão existente.

E o mais grave é que numa vistoria realizada ao edifício por fiscais da câmara, verificou-se que nos pisos superiores os ´compartimentos e salas se encontravam completamente abandonados com teias de aranha e um manto de poeira, onde os troféus que constituem um valioso património cultural, em vez de estarem expostos nas vitrinas existentes (…) estão arrumados no chão de um dos compartimentos do terceiro piso´, e mais alertam que esses pisos estão ´deixados ao desleixo, sem qualquer utilização, contribuindo para o agravamento do estado de deterioração do prédio´, o que contrariava grosseiramente a cláusula quinta do Protocolo celebrado entre a Câmara e o Clube, onde estava bem explícito o dever e a responsabilidade pela conservação do imóvel.

E além da descaracterização da fachada do edifício, veio-se a descobrir que no piso térreo, onde funciona a loja do clube, ´encontra-se montado um quiosque com balção próprio, afecto a uma instituição financeira - Real Transfer - que opera no mercado de câmbios e de transferências de dinheiro´, o que contrariava escandalosamente a cláusula terceira do referido Protocolo, pois era ´dado um fim diverso do convencionado entre as partes´. (Na altura, os funcionários da autarquia não conseguiram apurar se o negócio financeiro era do clube ou se era mais um negócio de Carlos Pereira e de Luís Miguel de Sousa, de aluguer de apartamentos e de carros a jogadores).

 E o mais escabroso disto tudo, é que no Protocolo acordado, se escriturara que o clube deveria ´manter sempre as fachadas exteriores nas melhores condições´ (cláusula Quinta do articulado), e que se comprometia ´a realizar, anualmente, um encontro de futebol, com uma equipa de escalão nunca inferior ao seu, cuja receita líquida reverterá em favor da Câmara, e para ser doada a uma Instituição Social de Beneficência a definir´. (cláusula Quarta do articulado). Obviamente que nem uma coisa nem outra foi cumprida, nem o Presidente Carlos Pereira, na sua proverbial sobranceria alguma vez se importou em executar, aliás, eram tudo situações flagrantes que levariam imediatamente à rescisão do acordo e à devolução do bem.

 Perante estes factos, a Câmara de Miguel Albuquerque agachou-se, fez de conta que atuava para enganar a opinião pública, e o processo foi metido bem fundo na gaveta. Quando em finais de 2013 assumi funções de vereador do urbanismo, peguei no assunto, e resolvi atuar, para no mínimo, obrigar o sr. Carlos Pereira a repor aquilo que destruíra e dar um sinal forte que não seriam os poderosos a mandar na urbe. Quando levei o assunto ao sr. Paulo Cafôfo, o tipo encolheu-se manhosamente como uma hiena malhada, grunhiu algumas palavras impercetíveis, e envergonhadamente me disse: “Não me digas que queres meter uma ação de despejo ao Marítimo!” Eu repliquei: “temos de fazer algo duro para apertá-los, e os tipos da direção serão obrigados a repor o vão destruído da fachada e a organizar o tal jogo que se comprometeram, no fundo será dinheiro para ser utilizado na solidariedade social, mas que raio, serão só os pobres das zonas altas a demolir obras clandestinas?!”

E quando eu apertava o cerco a estes mariolas que têm manias que mandam no bem comum, o sr. Paulo Cafôfo, juntamente com o tal cantor miserável de opereta, e coadjuvados pelo sr. José Manuel Rodrigues (o criado da Sousalhada), trataram logo de me defenestrar da Câmara, precisamente porque eu punha em causa os privilégios e a presunção arrogante de certo canalhedo.

Por estes lamentáveis factos, acho que os sócios do glorioso Marítimo deveriam de se libertar da velha tralha poeirenta e desleixada do Pereirismo serôdio e esclerosado, e apostar numa nova direção que se comprometa a recuperar um belo prédio que foi mutilado por um puro ato de vandalismo de fim-de-semana e a promover anualmente o tal jogo de beneficência.



2 comentários:

  1. O gajo utiliza o clube para mamar são negócios atrás de negócios até meteu sociedades do club no nome dele e do filho. Mas como o povo ama corruptos o gajo vai ganhar.

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  2. Isso mesmo foi o que denunciou ontem o Rui Fontes, no debate da RTP/Madeira

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