O fracasso deveria
ser nosso professor,
não nosso coveiro
Não foi só o arquipélago
espanhol das Ilhas
Canárias a ser atingido
por um vulcão nestes
últimos tempos. Também
tivemos um vulcão que explodiu na
noite eleitoral com a direita a vencer as
eleições autárquicas na Madeira.
O impacto foi de tal ordem que lançou uma nuvem de fumaça e cinzas
sobre a rua da Alfândega. O líder do PS
assumiu as responsabilidades por não
ter alcançado os resultados desejados
e demitiu-se da liderança do partido.
Num ápice, mudou-se o xadrez político regional e quiçá definiram-se lamentavelmente os resultados políticos
dos próximos 20 anos.
A continuar assim, tudo aponta para
que a Madeira continue a bater recordes políticos. A longevidade do atual
regime é impressionante. Já ultrapassa o longo reinado do fascista Salazar.
Resta saber se vamos bater o recorde do Partido Revolucionário Institucional (PRI) do México que governou
aquele país durante 71 anos.
Contudo, outra coisa não seria de
esperar quando se deposita a esperança de mudança num partido que é a
cópia do atual do regime. E num líder
que na primeira adversidade abandona o barco. O que dizer de um pastor de um rebanho que ao avistar um
ataque de lobos abandona as ovelhas?!
“O fraco rei faz fraca a forte gente”, já
dizia o nosso ilustre poeta Camões.
Chego à conclusão de que o PSD/M
com estas eleições autárquicas está como o conhecido “bicho das sete
cabeças”, a quase invencível Hidra de
Lerna, personagem da mitologia grega.
Uma gigantesca serpente extremamente perigosa e difícil de ser extinta
porque quando uma das cabeças era
cortada outra renascia em substituição. Os “sociais democratas” aproveitando o flanco das forças adversárias
- sempre em constante digladiação -,
recuperam aos poucos as vitórias de
antigamente. Sendo que o impacto da
pandemia e dos emigrantes venezuelanos também influenciou decisivamente os resultados.
No Funchal, os munícipes claramente quiseram penalizar a governação da Coligação Confiança, mas em
vez de darem oportunidade a outros
partidos políticos fora do sistema, acabam por retornar à “base” e dar maiorias absolutas ao PSD. Parece que andamos aqui há tanto tempo sem nada
aprender. O povo da Madeira esquece-se que foram as maiorias absolutas que nos levaram à ruína financeira.
Quanto aos restantes partidos da oposição está mais que visto que são para
o nosso povo um livro de reclamações,
apenas um muro de lamentações para
as suas queixas.
Apesar da história eleitoral ser escrita pelos vencedores, após as eleições existem sempre mais perdedores do que vencedores. A derrota e o
fracasso na política fazem parte das
regras da democracia e não há vergonha nenhuma nisso. Há que ter humildade democrática e estar preparado
para assumir tanto um lugar de poder,
como na oposição. Coisa que muitos
políticos ignoram.
Apesar das muitas derrotas que presenciei no campo das forças democráticas, agradeço a todos aqueles que
votaram no PTP, aos cidadãos que não
se deixaram enganar pela propaganda enganosa dos partidos do sistema,
conferindo-nos força para continuar a
lutar por uma Madeira melhor. Deixo-
-vos uma das minhas citações favoritas do escritor Denis Waitley: “O fracasso deveria ser nosso professor, não
nosso coveiro. Fracasso é adiamento,
não derrota. É um desvio temporário,
não um beco sem saída. Fracasso é algo que nós só podemos evitar não dizendo nada, não fazendo nada, e não
sendo nada”
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