1932-2024 Ziraldo
Um génio nada maluquinho
No Brasil e um pouco por todo o mundo
latino-americano elogiam-lhe a genialidade com que, sobretudo através do
seu traço, foi capaz de ilustrar e retratar
a mais profunda essência da sociedade,
da tradição e da política brasileiras da
segunda metade do século XX e do início
do século XXI. Destacou-se sobretudo como autor de banda desenhada e
cartunista, mas foi também um reputado jornalista, escritor, designer gráfico,
dramaturgo e pintor. Figura maior da
cultura do Brasil, morreu no sábado, 6,
no Rio de Janeiro. Tinha 91 anos.
Ziraldo Alves Pinto nasceu a 24 de outubro de 1932 em Caratinga, Minas Gerais,
no seio de uma família com fascínio
pela última letra do abecedário, ou não
tivessem chamado aos outros dois filhos
Zélio e Ziralzi. A paixão de Ziraldo pelo
desenho surgiu muito cedo. Com apenas
6 anos, viu uma obra sua ser publicada
no Jornal de Minas. Foi também num
jornal, a Folha da Manhã (mais tarde, Folha de São Paulo) que começou a
trabalhar como cartunista, ainda antes
de terminar o curso de Direito. Popularizou-se, depois, pelos desenhos humorísticos na revista Cruzeiro e no Jornal do
Brasil, nos quais foram surgindo inúmeras e marcantes personagens cómicas e
satíricas.
Em 1960, lançou a Turma do Pererê, a
primeira revista de banda desenhada
brasileira de um só autor. Nesse mesmo
ano, recebeu o “Nobel” Internacional do
Humor no 32º Salão Internacional de
Caricaturas de Bruxelas e também o Prémio Merghantealler, principal galardão
da imprensa livre da América Latina. 20
anos depois, editou o seu maior sucesso, o livro O Menino Maluquinho, que
marcou gerações no Brasil e viria a ser
adaptado para televisão e cinema.
Militante ativo do Partido Comunista do
Brasil, Ziraldo destacou-se também pela
oposição à ditadura militar. Foi fundador
e, depois, diretor do tabloide O Pasquim,
o que lhe valeu várias detenções. Foi,
aliás, um entre duas dezenas de jornalistas que, em 2008, viriam a ser indemnizados por terem sido alvo de perseguição
e tortura por parte da polícia política. —VISÃO
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