quarta-feira, 10 de abril de 2024

Desenhador e cartoonista preso várias vezes pela ditadura militar, acusado de ser seguidor do Partido Comunista do Brasil

 1932-2024 Ziraldo 

Um génio nada maluquinho


 No Brasil e um pouco por todo o mundo latino-americano elogiam-lhe a genialidade com que, sobretudo através do seu traço, foi capaz de ilustrar e retratar a mais profunda essência da sociedade, da tradição e da política brasileiras da segunda metade do século XX e do início do século XXI. Destacou-se sobretudo como autor de banda desenhada e cartunista, mas foi também um reputado jornalista, escritor, designer gráfico, dramaturgo e pintor. Figura maior da cultura do Brasil, morreu no sábado, 6, no Rio de Janeiro. Tinha 91 anos. Ziraldo Alves Pinto nasceu a 24 de outubro de 1932 em Caratinga, Minas Gerais, no seio de uma família com fascínio pela última letra do abecedário, ou não tivessem chamado aos outros dois filhos Zélio e Ziralzi. A paixão de Ziraldo pelo desenho surgiu muito cedo. Com apenas 6 anos, viu uma obra sua ser publicada no Jornal de Minas. Foi também num jornal, a Folha da Manhã (mais tarde, Folha de São Paulo) que começou a trabalhar como cartunista, ainda antes de terminar o curso de Direito. Popularizou-se, depois, pelos desenhos humorísticos na revista Cruzeiro e no Jornal do Brasil, nos quais foram surgindo inúmeras e marcantes personagens cómicas e satíricas. Em 1960, lançou a Turma do Pererê, a primeira revista de banda desenhada brasileira de um só autor. Nesse mesmo ano, recebeu o “Nobel” Internacional do Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e também o Prémio Merghantealler, principal galardão da imprensa livre da América Latina. 20 anos depois, editou o seu maior sucesso, o livro O Menino Maluquinho, que marcou gerações no Brasil e viria a ser adaptado para televisão e cinema. Militante ativo do Partido Comunista do Brasil, Ziraldo destacou-se também pela oposição à ditadura militar. Foi fundador e, depois, diretor do tabloide O Pasquim, o que lhe valeu várias detenções. Foi, aliás, um entre duas dezenas de jornalistas que, em 2008, viriam a ser indemnizados por terem sido alvo de perseguição e tortura por parte da polícia política. —VISÃO

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