domingo, 15 de dezembro de 2024

O PS/Madeira foi o grande ausente na cerimónia fúnebre do grande democrata António Loja

 Hoje foi cremado o grande democrata madeirense António Loja. Não houve missa pois o camarada não acreditava no Altíssimo. Fez grandes lutas na Madeira antes e depois do 25 de Abril. Honremos a sua memória. 25 de Abril sempre!

 Conhecidos democratas madeirenses homenagearam esta tarde o professor António Loja

O reverendo padre José Martins Júnior




A família cumpre o doloroso dever de participar às pessoas de suas relações e amizade, o falecimento do seu saudoso parente, residente que foi ao Caminho de Santo António, freguesia de São Pedro, e que o seu funeral se realiza, amanhã, Domingo, pelas 13:00 horas, para cremação na Sala do Crematório do Cemitério de São Martinho.

Mais informam que a partir das 11:00 horas o corpo estará em câmara ardente no referido cemitério.

O Partido Socialista da Madeira participa o falecimento do Sr. Dr. António Egídio Fernandes Loja, seu militante e antigo deputado à Assembleia da República e à Assembleia Legislativa da Madeira. Professor e escritor, António Loja destacou-se também pelo seu ativismo cívico e político, tendo assumido um papel determinante na luta pelos valores da liberdade e na construção de uma Madeira mais livre, democrática, justa e solidária, legado que deve ser preservado e reconhecido. Aos seus familiares e amigos, o PS-Madeira endereça as mais sentidas condolências.(Funchal, 15 de Dezembro de 2024)

 António Loja foi colaborador do quinzenário "O garajau" foi subscritor da célebre carta ao Governador  tenente Coronel Braamcamp Sobral em 1969 . 
 Foi um democrata de Abril. Foi um dos fundadores do PPD na Madeira abandonando logo aquele partido após  a entrada do Alberto João Jardim, Jaime Ramos e os membros da FLAMA.  
 Foi depois, deputado pelo PS/Madeira. O seu corpo foi cremado hoje no cemitério de S. Martinho. A cerimónia foi simples e não teve qualquer discurso religioso uma vez que o democrata falecido não era crente no Altíssimo. Estava no seu direito (de não acreditar). Foram poucas as pessoas que aparecerm no funeral.   Nem sequer os responsáveis políticos do PS/Madeira apareceram.
 Vilumbramos apenas quatro personagens da oposição ao PSD na Madeira: 
O rev.º padre José Martins Júnior, seu irmão dr. Bernardo Martins, Henrique Sampaio,  veterano jornalista do Comércio do Funchal e anos mais tarde cronista do quinzenário "o Garajau", assim como também o democrata de todas as lutas: José Manuel Coelho, de Gaula.
 Os democratas madeirenses primaram pela sua ausência o que foi deveras lamentável.

Até sempre, amigo António Loja!

 Conheci o dr. António Loja no final dos anos 60, mais precisamente por ocasião da elaboração, em Abril de 1969, da célebre “Carta a um Governador”, de que ele e o jornalista José Manuel Barroso foram os principais redactores e eu, o mais jovem subscritor, num total de 39 democratas e anti-fascistas.

 O dr. António Loja tinha regressado um ano antes à Madeira, depois de terminar a comissão militar que cumpriu no mais difícil teatro da guerra colonial, na Guiné Bissau, enquanto eu, militava na Acção Católica Operária e dava os primeiros passos na ligação que manteria com o inesquecível semanário “cor-de-rosa”, o “Comércio do Funchal”.

 Meses depois, envolver-me-ia na campanha da oposição democrática pelo círculo do Funchal nas eleições de Outubro desse ano, de que o dr. António Loja foi candidato, conjuntamente com o dr. Fernando Rebelo, o José Manuel Barroso e o médico Ivo Caldeira – e lembro-me de participar em reuniões efectuadas no bloco de apartamentos onde ele então morava, na esquina da Rua das Hortas com a Rua do Carmo, na cidade do Funchal. Recordo-me também da veemência das críticas ao regime deposto nas intervenções que proferiu nas sessões de esclarecimento realizadas na Rua Campo D. Carlos I (num prédio em construção) e na Rua das Mercês.

 O seu percurso de acção cívica e cultural havia começado bem antes, quer enquanto estudante na Universidade de Coimbra, a cuja associação de estudantes se candidatou, quer na envolvência no apoio à candidatura presidencial do general Humberto Delgado, quer ainda na procura de dinamização de um cineclube no Funchal.

 Consumada a queda do regime ditatorial, seguimos percursos bem distintos: o dr. António Loja tornou-se uma das principais figuras do MDM (Movimento Democrático da Madeira), vindo a ocupar a presidência da Junta Geral, e eu, ajudei a fundar a UPM (União do Povo da Madeira) e a implantação neste Arquipélago da UDP (União Democrática Popular).

 Ocuparia o referido cargo escassos meses, uma vez que, quando em Fevereiro de 1975, Fernando Rebelo se demitiu de governador civil na sequência da contestação popular de que vinha sendo alvo, António Loja quis também abandonar o lugar, só aceitando ficar até à realização das eleições para a Assembleia Constituinte, em 25 de Abril de 1975 – ficaria ligado à celebração do acordo com a Diocese para a cedência do Seminário da Encarnação para funcionar como anexo do Liceu Nacional do Funchal, mas deixaria uma marca ética:  no carro, conduzido pelo motorista, que o transportava para o edifício da Junta Geral viajava, de quando em vez, o seu filho que vinha para a pré-escola, mas a boleia terminava aí. Chamava um táxi e o resto do percurso do Roberto era feito desse modo.

 António Loja seria, em Abril de 1976, eleito deputado à Assembleia da República na lista apresentada pelo PPD/PSD (e não pelo PS como vi por aí escrito) e em 1980 foi igualmente eleito deputado à Assembleia Regional, candidatando-se desta feita pelo PS, mas sempre, em ambos os casos, com o estatuto de independente.

  No decurso da passagem pelo parlamento nacional faria parte do grupo de 37 dos 73 deputados que, em Junho de 1978, durante o governo PS/CDS, romperam com a liderança de Sá Carneiro, tendo igualmente cedo percebido que a direcção da estrutura local desse partido, não só nada tinha de social-democrata, como também se caracterizava pela adopção de práticas discriminatórias e persecutórias. É dele a carta, publicada inicialmente no semanário “O Jornal”, posteriormente reproduzida no “Diário de Notícias” local, na qual, dirigindo-se ao seu amigo Magalhães Mota, e na sequência da decisão do plenário do governo regional tomada em Outubro desse ano – logo no início do reinado da criatura que se auto-intitularia de “único importante” – de não homologar nos Conselhos Directivos das Escolas elementos não eleitos com base em questões de natureza ideológica, classificava a medida de “despudor autoritário de ditador de aldeia”, acrescentando que o dito cujo se encontrava “cercado de uns tantos mercenários de interesses pessoais” (vide artigo que publiquei neste espaço em 20 de Abril p.p., intitulado “A liberdade no reino do «ditador de aldeia»”). E, quase em simultâneo, insurgir-se-ia contra o nepotismo já vigente, expresso designadamente na nomeação por um secretário regional da sua mulher como chefe de gabinete.

  Bem cedo, António Loja assumiria com clareza que se não há Liberdade sem Democracia, também não há Autonomia sem Democracia.  No pressuposto de que a Democracia não é apenas a vontade popular expressa no voto, é também o primado da lei, o valor dos procedimentos constitucionais, o respeito pelos limites e separação de poderes.  Daí que nunca tivesse desistido de confrontar um poder regional assente no autoritarismo, na prepotência, na discricionariedade e que, reclamando-se da social-democracia, comportava-se nos antípodas da social-democracia nórdica em que se revia.

  Na década seguinte, enquanto António Loja militaria no PRD (Partido Renovador Democrático), criado pelo seu amigo, general Ramalho Eanes, eu fazia a minha travessia no deserto no âmbito político-partidário. Seria já nos anos 90 que retomaríamos o contacto, tendo no decurso da minha curta passagem pela concelhia do Funchal do PS (Partido Socialista) o convidado a aderir, à semelhança do que fiz com a saudosa professora Isabel Sena Lino. Seguir-se-ia o empenho conjunto, ao longo de 4 anos (entre 1996 e 1999), na publicação da revista “Arquipélago” (Perspectivas e Debates), ele como Editor e eu e a professora Fátima Abreu, como Director e Sub-Directora, respectivamente.

  E é a partir daí que se consolida a nossa amizade e cumplicidade. Fui testemunha de um processo que moveu contra o “campeão português do insulto” e que não foi a julgamento porque o personagem refugiou-se, inicialmente, na imunidade e posteriormente no recurso a sucessivos recursos, apostando tudo na respectiva prescrição.

Ao longo de quase três décadas, aos sábados à tarde, encontrei-me regularmente com o António Loja, primeiramente à mesa da esplanada do Café Apolo e mais tarde, a partir da pandemia do covid 19, na sala da sua casa, ao Caminho de Santo António.

  Foram sempre amenas cavaqueiras. Em que pude desfrutar da sua vasta cultura e da sua lucidez e inteligência, conhecer as suas memórias e usufruir do seu humor mordaz e perspicaz. E ainda colher frutos do privilégio e do prazer de puder ter contado com a sua amizade e solidariedade.

 Na hora da sua partida e perante o quase silêncio de uma comunicação social sem memória, senti-me no dever de recordar um pouco da história de um madeirense íntegro, vertical e inabalável na defesa dos princípios que nortearam a sua longa vida.

  Bem-haja, meu caro amigo António Loja. Até sempre!

https://funchalnoticias.net/2024/12/15/ate-sempre-amigo-antonio-loja/

22 comentários:

  1. Tudo uma cambada de cagões que nunca fizeram nada pela Madeira a não ser escrever umas tretas armados em intelectuais. O cuelho tenta meter-se no meio, mas a elite da esquerda caviar e pandeireta, ninguém liga vilhões.

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    1. Comentário do tolinho do Macedo. Temos que ser tolerantes com os democratas aindaem formação!

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    2. O Doutor Macedo não é tolinho. Sabe identificar oportunistas e ardidos à procura de palco.

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    3. Quem é este ardido Doutor Macedo foragido?

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  2. Foda-se estão a confundir aquela tromba de macaco com o pandeireta da Ribeira Seca.
    Os licores da zurrapa estão a causar efeito.

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  3. Um morto não vai ao funeral de outro morto

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  4. Cremado para não deixar rasto de estrume

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    1. Papadas também vais azougar. Mais tento nessa língua.

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    2. Papadas será picado por demónios com tridentes no inferno para todo o sempre

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    3. E tu também vais azougar e entupido no Etar

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    4. A ofélia quando a azougar vai ser uma festa na rua como na Síria, ou a primavera árabe, com multidões na rua a festijar a liberdade.

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  5. A ofélia tem uma coisa que a identifica em qualquer comentário que faz. È uma gaja (gajo) com rancor, ódio e perseguição, a quem em vida sempre lhe disse que o rei da tabanca vai nú. Pobre ofélia, és uma vingativa, mesmo para aqueles que a lei da morte os libertou!

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    1. A Ofélia tonta também será roída pelos vermes. Não sobrará nada.

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  6. Muito gosta o Coelho de fazer reportagens em cemitérios. Desta vez não apareceu o Rui Marote?

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  7. É engraçado que nestes funerais de figuras proeminentes (sem ser do PSD) não aparece ninguém. Mas imaginem que morria o padre das esmolinhas. Multidões inteiras de carpideiras de toda a ilha incluindo das serras de dentro avançariam para a cidade chorando e batendo no peito pela perda de tão grande figura. Cada terra tem o que merece

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  8. Claro que ninguém aparece.
    Aturar essa corja bastou em vida

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  9. O cuelho parece o mancha retratos.

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  10. Dom Martins Junior, o verdadeiro bispo da Madeira. Ao menos não arrotava bacalhau.

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    1. Grande Martins Junior. Compôs uma bela música de homenagem ao bispo que o perdoou, Nuno Brás. Os miúdos cantavam “Dom Nuno, Dom Nuno, larilolé “… era lindo

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    2. Já tem uma uma "Bacalhau quer alho" do Saul.

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  11. Porra, como o coelho está todo estragado! Está bem xéxé

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  12. O coelho merecia voltar no lugar do chega. Diante da palhaçada q se tornou a assembleia ele é rei agora

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