Com o micro desligado por Tranquada, o deputado do PTP sacou de um megafone e disse que a 'camorra' precisa de vir à Madeira fazer uma reciclagem. |
Os deputados entendem que José Manuel Coelho não pode continuar a perturbar o funcionamento normal do Parlamento e que não é com erros que se corrigem os erros. O que teria validade a 100% numa terra normal. Mas, depois de 40 anos de anormalidade, o 'pessoal' ainda não interiorizou a normalidade.
Realmente, o PSD, que hoje se indigna com a "falta de respeito" na sala de sessões, assistiu a tantas malcriações por parte do seu 'Meio Chefe' - mantendo-se impávido e sereno quando não aplaudiu mesmo os enxovalhos perpetrados contra deputados eleitos pelo povo e contra o primeiro órgão da Autonomia.
Quanto aos partidos da oposição, sofreram na pele as grosserias do antigo adversário das Angústias sem que tomassem atitudes de revolta que se vissem. Enfim, eles reuniram-se hoje para concertar uma acção tendente a evitar as acções fora de contexto de José Manuel Coelho.
Não estamos a dar palmas a atitudes que já se tornaram marca do original deputado. Estamos a sugerir que se enquadrem as coisas que acontecem, antes da tomada de medidas desesperadas. Que haja uma tentativa racional de adaptação às circunstâncias. Pois se todos se adaptaram, sem piar, às excentricidades de 40 anos, essas sim a prejudicar espiritual e materialmente milhares de cidadãos!...
Que tal um pouco de inteligência na política?
O deputado do PTP usava da palavra hoje antes do período da ordem do dia. Chegado ao termo dos 4 minutos a que tinha direito, continuou a dissertar sobre o tema que resolveu abordar: críticas cortantes à Justiça e à "máfia jardinista" que, afiança, persiste na Madeira. Coelho mostrava-se inconformado com as penhoras ao seu ordenado que agora atingiram também o de sua mulher - para pagar aos "mafiosos" que lhe moveram processos judiciais.
Tranquada Gomes pediu contenção ao discurso e finalmente mandou desligar o micro do palanque onde Coelho usava da palavra. O Orador largou o cartaz que empunhava com a foto de Cristina Pedra, presidente da ACIF, e sacou de um megafone para continuar a criticar a Justiça na Madeira. "Pior do que a camorra", acusou, "porque lá os juízes morrem em defesa dos pobres e aqui os juízes e o MP roubam aos pobres para dar aos ricos".
"A sessão está suspensa", determinou o presidente, fazendo evacuar a sala.
Os deputados entreolharam-se, foram saindo aos poucos e, por fim, Coelho ficou a falar para apenas dois deles - Dionísio Andrade, do PND, e Rodrigo Trancoso, do Bloco de Esquerda, que decidiram continuar no hemiciclo.
Entretanto, Tranquada encetava uma reunião de líderes para resolução da situação escaldante. Todos os líderes acabaram por lamentar o recorrente "comportamento ilegal" do líder trabalhista, "prejudicial à Madeira e aos madeirenses", e, além disso, deliberaram unanimemente solicitar um parecer urgente à Procuradoria-Geral da República no sentido de ver até que ponto o estilo de Coelho configura as atitudes legalmente passíveis de penalização.
Uma hora e um quarto depois, Coelho ainda falava de megafone em pleno parlamento, até que os deputados Dionísio Andrade e Rodrigo Trancoso, tendo conhecimento de que na reunião de líderes fora declarada encerrada a sessão do dia, comunicaram-no ao orador, que então abandonou a sala.
No dia de hoje, tratou-se também, em comissão, do levantamento ou não da imunidade a José Manuel Coelho para responder em vários processos judiciais que lhe foram movidos. O assunto subirá a plenário para votação final.
O Parlamento volta a reunir-se terça-feira. Como se vê, a expectativa é grande (fénix)
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