sexta-feira, 17 de julho de 2015

O PSD e o cão de Pavlov

Pavlov (de barba) em São Petersburgo, 1905, cercado de admiradores e com o indefectível cão condicionado.

O Cão de Pavlov

Há um século, Ivan Pavlov fez uma experiência revolucionária que mudou a forma como o ser humano se vê a si próprio. Ele sempre que alimentava um cão tocava uma campainha. Com o tempo, ele verificou que, ao tocar a campainha, mesmo que não tivesse comida no prato, o animal salivava, e foi assim que ele descobriu o famoso “reflexo condicionado”.Por exemplo, no célebre filme de Steven Spielberg, “O Tubarão”, ele fazia tocar a mesma banda sonora sempre que o tubarão atacava. Passado uma hora de filme, bastava tocar a banda sonora, mesmo sem tubarão à vista, para os espectadores ficarem tensos e aterrorizados, pois associavam a música ao perigo.Também, há quem diga que nas inaugurações de Jardim, bastava a viloada ouvir a banda a tocar ou Jardim subir ao palanque para começarem a salivar, pois sabiam que logo a seguir vinha um magnífico repasto de carne assada e vinho seco. Depois, já em casa, quando ouviam Alberto João a falar na TV, associavam o homem à comida, e também salivavam. A repetição constante deste procedimento de oferecer comida e bebida gratuitamente nas inúmeras inaugurações que antecediam os actos eleitorais, funcionou para o povo, como a campainha de Pavlov, e sempre que alguém lhes falava de Jardim ou do seu partido, associavam ao “bem-bom” e à “fartura”, e votavam alegremente na laranjada.Esta descoberta revolucionária da psicologia experimental do reflexo condicionado entra-nos todos os dias pela casa dentro. Por exemplo, o Grupo Sousa sempre se manifestou contra a operação do ferry, do ARMAS, não só porque lhe fazia concorrência directa mas também porque sabiam que a operação em si, não gerava grandes lucros, por isso não era comercialmente apetecível. Deste modo, como acontecia com os espectadores do filme “O Tubarão” sempre que alguém falava no ARMAS aos Sousas, estes associavam logo à “dor” e a “concorrência cruel”, mesmo que o navio não estivesse atracado no nosso porto.Com os novos tempos e assumindo Miguel Albuquerque o poder, o Governo Regional fez soar a “campainha” dos subsídios para a linha ferry Continente-Madeira, e o Grupo Sousa, como o cão de Pavlov, começou logo a salivar e a abanar o “rabo”, pois associa subsídios governamentais a “altos lucros” e a “bons negócios”.Aliás, se formos a ver, o sucesso do Grupo Sousa sempre envolveu negócios com o Estado, ou que envolvem infra-estruturas do Estado, ou que estejam dependentes de subsídios, ajudas e protecção do Estado, porque não havendo essas premissas, os Sousas não arriscam nem um tostão, como fazem os outros empresários. Sendo assim, o “Grupo Sousa” não é bem um grupo empresarial, é mais uma espécie de “rémora” que se colou à nossa barriga com a sua poderosíssima ventosa, e que nos irá acompanhar até ao fim dos tempos, como possivelmente aconteceu com as “carraças” do cão de Pavlov. (Funchal-Notícias)

Sem comentários:

Enviar um comentário