segunda-feira, 31 de agosto de 2015

18º aniversário do desaparecimento da Princesa do povo

31 de agosto de 1997, Paris. Perseguido por paparazzi, o carro que transportava a princesa Diana perdeu o controlo no túnel Pont de l’Alma. O resultado foi fatal. Com ela viajavam o guarda- costas Trevor Rees- Jones ( o único sobrevivente), Dodi al- Fayed, amigo próximo e apontado como o seu namorado, e o motorista Henri Paul. O choque e o frenesim mediático foram imediatos, mas poucos foram os repórteres que estavam no local certo à hora certa para relatar o sucedido. Já lá vão 18 anos.

Stephen Jessel era, na altura, o correspondente da BBC em Paris. Em exclusivo ao DN, o jornalista revela como viveu essa noite. “Estava deitado na cama. Já t i nha sido acordado pela BBC World Service para enviar uma história sobre os monges franceses na Argélia. Não fiquei muito contente por ser acordado outra vez e por ouvir que a princesa Diana tinha sofrido um acidente de carro em Paris. A gravidade do acidente não era conhecida. Mas disse- lhes que ia ver o que conseguia descobrir.” Stephen não foi enviado de imediato para o local, uma vez que ainda não era conhecido com precisão, mas passou as horas que se seguiram a telefonar “para a polícia e para hospitais, para ver se sabiam de alguma coisa”. “Mesmo na altura em que soubemos que o acidente tinha ocorrido no Pont de l’Alma, eu estava tão ocupado a tentar encontrar o hospital certo e a atender chamadas de estações de rádio em todo o mundo que nem tive tempo de ir logo para lá”, explicou.

Segundo o jornalista, o processo até que a morte de Diana pudesse ser noticiada foi longo e extenuante, partindo do hospital onde ela morreu, passando pelos oficiais franceses, pela embaixada britânica e finalmente chegando ao ministro inglês dos Negócios Estrangeiros, que estava nas Filipinas com vários jornalistas. “Ele disse- lhes que não podiam reportar, porque o anúncio teria de vir de Buckingham. Mas alguns jornalistas ligaram às suas redações e passaram a informação. A minha redação contou- me a mim, mas avisou que não podia dizer que ela estava morta. Só que eu dei uma pista forte numa das emissões em direto, ao dizer que “as notícias não eram boas”. Sei que houve uma reação quase histérica no Reino Unido. E as teorias da conspiração começaram a ser promovidas pelo pai de alFayed, que era dono de um jornal e acusou o marido da rainha de matar o seu filho”, revelou Jessel.
Apesar de a tragédia ter ocorrido em Paris, foi em Londres que se concentraram a maior parte dos repórteres destacados para acompanhar o caso. Kimberley Dozier, um dos rostos da CNN, estava a passar férias com amigos perto do rio Tamisa quando o seu chefe de redação lhe ligou a dar- lhe a notícia. “Ele pediu- me para trabalhar porque precisava desesperadamente de correspondentes. Um táxi teve de ir buscar- me a uma ponte situada no meio do campo para me levar a Londres. Apressei- me e, basicamente, entrei logo em direto para contar os pormenores”, avançou ao DN.
Durante dias a fio, foi Kimberley quem transmitiu aos EUA toda a agitação em torno da morte de Lady Di. “Fui enviada para o Palácio de Kensington para entrevistar
as pessoas que estavam de luto e para descrever os memoriais improvisados que f oram surgindo junto às grades do palácio. Mais tarde, fui enviada para cobrir a procissão fúnebre e o enterro.”
Mas, no meio de todo o alvoroço, a reação do público foi o que mais emocionou a jornalista. “Fiquei pasmada com a quantidade de pessoas que pensavam conhecê- la intimamente, como uma irmã, filha ou melhor amiga, e com o quão genuíno era o luto destas pessoas. Havia algo nela que a tornava simultaneamente a “rapariga mais popular da escola” e uma pessoa humilde o suficiente para se conetar com os outros”, sublinhou.
À semelhança do correspondente da BBC, também a repórter da CNN lamenta a quantidade de teorias da conspiração que surgiram na altura. “A mim pareciam- me uma loucura, quando a explicação parecia tão simples. Um motorista a fugir a um enxame de repórteres a alta velocidade, através de um túnel perigoso, depois de já ter tomado algumas bebidas. Era uma simples, triste e comum tragédia. Foi como se as pessoas não conseguissem aceitar que essas coisas podem acontecer a pessoas importantes”, atirou. A verdade é que foi graças a este infortúnio que Dozier viu a sua carreira subir de vento em popa. “A morte da Diana lançou a minha carreira na televisão, como as tragédias tantas vezes fazem aos repórteres. Tinha estado a observar as lutas da princesa durante anos e penso que isso me beneficiou”, concluiu.
Gordon Rayner, do jornal The Telegraph, trabalhava, em 1997, para o The Sun. “Lembro- me de acordar no domingo de manhã e de ligar para uma das agências de notícias para saber se ti nham boas histórias. Disseram- me ‘ ainda não ouviste? A Diana e o Dodi f oram mortos num acidente de carro!’. Liguei para a redação para saber o que queriam que fizesse. Eles já tinham uma equipa de jornalistas a caminho de Paris, por i sso f i quei em Londres para encontrar pessoas que tivessem conhecido Diana, e que nunca tivesse f alado publicamente antes”, contou ao DN.


Sem comentários:

Enviar um comentário