Edmundo Pedro – Tomei parte em duas fugas, uma colectiva, organizada pelo PCP, outra à margem do Partido. O PCP reservava-se o direito de escolher quem é que devia fugir. Como membro do partido, submetia-a à sua disciplina. Eu estava de acordo com esse princípio, porque achava que quem devia tentar fugir eram aqueles que faziam mais falta cá fora, os quadros mais importantes, mais experientes. A certa altura convenci-me que eles não fugiam nem deixavam fugir. Que a disciplina do partido era mais impeditiva da fuga que os guardas, o arame farpado, a vala, o talude, os sentinelas. Porque é que haveria de aceitar uma disciplina que era totalmente inoperante? Então pensei que a única maneira era calar-me, organizar uma fuga sem dizer nada. Juntámo-nos cinco, eu, o meu pai e mais três companheiros. Foi em 1943. (veja toda a entrevista AQUI)
À esquerda, Margarida, a mãe de Edmundo Pedro
Edmundo Pedro, depois de fugir do Tarrafal
Como surgiu a ideia de fugir da ilha?
A fuga foi decidida à revelia da organização prisional do PCP (a que pertencia), porque a estrutura reservava o direito de escolher quem devia fugir. Durante muitos anos, acatei a orientação, mas, às tantas, convenci-me que eles não fugiam nem deixavam fugir. E a disciplina partidária era um obstáculo mais forte que o arame farpado.Qual era o plano?
Aproveitava-se haver um barco de cabotagem que passava pela ilha de Santiago, em Cabo Verde, uma vez por mês. Tínhamos quatro horas até darem pela saída para chegar ao barco, tomar conta dele e rumar em direcção ao continente africano. Só por grande azar é que não conseguimos. Falhou por uma coisa estúpida. (veja toda a entrevista AQUI)
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