segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Entrevista do candidato do PTP, José Manuel Coelho ao Diário de Notícias do Funchal

“A Assembleia está infestada de gente corrupta”


Entrevista com José Manuel Coelho

(Publicada no dia 26 de Agosto de 2015) conduzida pelo jornalista miguel Fernandes Luís

Coelho quer combater a “perseguição fiscal que a Autoridade Tributária faz aos madeirenses”. FOTO JOANA SOUSA / 

Cabeça-de-lista do PTP pretende levar o seu megafone para a Assembleia da República
Mais uma vez o senhor é o cabeça-de-lista do PTP às eleições pela Madeira. Não há mais ninguém a representar o PTP?

O PTP tem alguns quadros preparados para ocupar este lugar, mas eu preciso de ser eleito à Assembleia da República porque o meu trabalho ainda não está feito como democrata e como revolucionário. É preciso levar o meu megafone para aquela Assembleia e agitar as águas.

Vai levar o megafone para a Assembleia da República caso seja eleito?

Sim, com certeza. Podemos comparar a Assembleia àquilo que era o templo no tempo de Jesus. A casa de oração estava convertida numa casa de negócios. Então Cristo teve que pegar no azorrague [chicote] e afugentar os vendilhões do templo.

E o parlamento é uma casa de negócios?

É. A Assembleia da República está infestada de gente corrupta, de deputados que são eleitos pelos três partidos do sistema (PSD, CDS e PS) e que pertencem às grandes centrais de negócios do país, nomeadamente aos grandes escritórios de advogados. Eles [escritórios de advogados] é que fazem as leis que os deputados aprovam no parlamento. Essas leis beneficiam três ou quatro por cento dos portugueses, nada mais. São leis feitas a pensar nos grandes negócios do sistema e eu vou para lá para combater isso.

Quais são as grandes prioridades desta candidatura do PTP?

Eu tenho várias ‘bandeiras’. Uma delas é o combate à perseguição fiscal que a Autoridade Tributária faz aos madeirenses e portossantenses. Vou defender a isenção do IMI e do pagamento de taxas moderadoras para os ex-combatentes do ultramar. Depois, vou apresentar uma lei que impeça os agentes de execução de penhorar as reformas aos idosos. Isso não se pode admitir, porque a reforma é uma coisa sagrada. Outra prioridade é tornar o subsídio de desemprego extensível aos jovens à procura do primeiro emprego. Também queremos acabar com as reformas de miséria. As reformas têm que ser, pelo menos, no valor do salário mínimo.

Isso tem custos e o país está em dificuldades. Onde vai buscar o dinheiro para concretizar essas medidas?

O país tem dinheiro, porque o país tem centenas de milhões de euros para as parcerias público-privadas, com concessionários que têm contratos leoninos com o Estado Português, como a Lusoponte, a Brisa, a Fertagus e alguns hospitais privados. Esses consórcios, feitos por banqueiros, lesam o país e esse dinheiro chegava para dar essas benesses aos nossos reformados.

Conta ser eleito para defender estas causas, mas a verdade é que parte com uma base eleitoral modesta. Há quatro anos teve 2.992 votos na Madeira. Para ser eleito terá de quadruplicar a votação…

Vou conseguir, vou conseguir. As pessoas que querem um deputado agachado a Lisboa ou que entra no parlamento mudo e sai calado têm os outros 14 partidos para votar. Os madeirenses só elegem 6 deputados à Assembleia da República e eu quero ser um desses. Serei o único que irá para lá defender a Madeira, porque os outros vão para se agachar aos directórios dos partidos.

Avalia de forma negativa o desempenho de todos os deputados madeirenses à Assembleia da República?

O Rui Barreto teve uma tomada de posição corajosa, mas agora o CDS não o quer. O CDS prefere pôr o José Manuel Rodrigues que é o cabeça-de-lista do grupo Sousa. O José Manuel Rodrigues gastou quase todo o dinheiro do partido para apoiar o JPP, para eles ganharem a Câmara de Santa Cruz. Agora anda teso e precisa de ser o candidato do CDS para agradar ao grupo Sousa, que lhe está a financiar a campanha.

O PTP perdeu um deputado e mais de metade do que recebia do jackpot. A redução do financiamento condiciona a forma como vão fazer campanha?

Claro, porque nós já não temos os mesmos meios. A nossa campanha será modesta nos meios mas activa. A campanha vai ser porta a porta, falando com as pessoas, porque nós não temos os meios que os grandes partidos da burguesia têm, com cartazes gigantes. Os partidos do grande capital (PS, PSD e CDS) têm dinheiro porque têm os empresários a lhes dar pela ‘porta do cavalo’.

A campanha do PTP a nível nacional teve de ser reprogramada devido à gravidez da cabeça-de-lista, Joana Amaral Dias. Esta situação também teve implicações na campanha regional?

Isso não altera nada. Isso ainda traz mais votos, porque as mulheres do país inteiro vão se solidarizar com a nossa camarada. Ela é mãe e vai defender as mulheres na Assembleia da República, pois os direitos delas muitas vezes não são respeitados nas empresas.

Qual o diagnóstico que faz do país após estes quatro anos de governação PSD/CDS?

Foram quatro anos perdidos, durante os quais a esquerda não soube desmascarar a direita. Agora há o risco da direita ganhar novamente as eleições. O PS comporta-se como um partido do sistema, onde vemos guerras internas com o António Costa a tomar à força o lugar de líder nacional que era do [António José] Seguro. Agora é aquela história dos cartazes. Vê-se que o PS não é partido que esteja à altura de afastar o PSD do poder. A direita, com a sua demagogia, diz que o país estava de pantanas porque o engenheiro Sócrates deixou isto falir e que está preso... O engenheiro Sócrates está preso não por causa das ‘luvas’ que recebeu e dos negócios que facilitou mas por tirar regalias aos juízes.

Pedi-lhe um diagnóstico da situação do país e não da oposição…

O país modernizou-se. Fizeram estradas por todo o país mas a parte económica foi um desastre. O país regrediu 30 anos. Na década de 1980 tínhamos indústrias mas tudo isso a direita destruiu ou entregou ao grande capital. A última coisa foi agora a TAP.

Que opções de política governativa gostaria de ver concretizadas nos próximos quatro anos?

O caminho que o país tem que seguir é pôr a direita fora do Governo e retornar aos ideais de Abril. O Estado Português tem que orientar a sua economia para a produção nacional, para valorizar aquilo que é português. Não é Bruxelas que vai dizer o que é que nós devemos ou não produzir.

Portugal deve sair da União Europeia?

Se for preciso, temos que sair da UE. Porque não?! Repare, Bruxelas agora até impõe a quota de pesca. Portugal não tem futuro na UE porque existe um desfasamento económico entre os países desenvolvidos do norte e os países do sul. Nós compramos quase tudo e pouco vendemos. Ora a nossa balança comercial tem um défice de tal ordem que é insustentável.


As conclusões de um "Socialista" vendido ao capital

 
publicado na edição do DN/Madeira no dia29 de Agosto de 2015
"Lei Barreto é o gesto político de que mais me orgulho" Ver entrevista do camaleão Xuxialista AQUI

«Foi neste ambiente marcado pelo crescendo de dúvidas e incertezas que a reforma agrária passou a integrar da Constituição da República em 2 de Abril de 1976. A publicação da chamada "Lei Barreto" (Lei 77/77 - Lei de Bases da Reforma Agrária) veio anunciar o fim da experiência fundiária. A nova legislação forçou os trabalhadores a entregar herdades acima dos 500 hectares de sequeiro e 50 hectares de regadio. A derrota do processo de transformação da propriedade no Alentejo já se vislumbrava.» (público)


Sem comentários:

Enviar um comentário