«Há um tema comum
que é a demora dos processos, mas
também há outros que têm a ver
com a desconfiança sobre as decisões, que afeta a credibilidade e a
confiança na justiça, isso é grave.
Os métodos que têm sido utilizados
para a melhorar não funcionam.
Não tenho esperança de que as coisas melhorem, e isso resulta do facto de o sistema de justiça ser hoje um
sistema fora de qualquer escrutínio
ou controlo exterior. É um sistema
que funciona em absoluta autogestão e sabemos que endogenamente
é muito difícil, se não impossível,
corrigir isto.
As correções vêm sempre de alguém que está de fora, nomeadamente se os utentes pudessem ter
qualquer instrumento para melhorar os sistemas, mas de facto não
têm. O sistema está construído de
forma a que toda a crítica ou escrutínio seja endógeno, não há nenhuma possibilidade de melhorar. Inclusive, os políticos dizem constantemente, “à política o que é da
política e à justiça o que é a da justiça”, como se a justiça não fosse um
problema da política»
«Mesmo em casos de justiça em que a evidência do erro é gritante, persiste-se nesse erro porque há uma dose de arrogância, de falta de humildade, falta de sentido da realidade.» (extractos da entrevista dada ao DN/Lisboa no dia 7 /04/2022)
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