O Chupa-Chupa do Cafôfo
A semana passada, o dr. Jardim foi todo sorridente mostrar ao seu admirador, Prof. Paulo Cafofo, o seu novo livro de receitas caseiras à moda de Bokassa. A obra apresenta alguns pratos raros, como sopa de rabo-de-porco com rabanetes, arroz-doce Donna Guidi Mussolini, e também ensina a fritar madeirenses em molho de vilão. Não ficou esclarecido, se foi esta a obra que o sr. Cafofo prometeu financiar em inícios de 2016.
Na altura, escrevi o artiguinho abaixo descrito, que foi amavelmente publicado no DN. Como tem uma actualidade brutal, resolvi publicá-lo novamente no Fénix, e assim fazê-lo renascer das cinzas…
Gil Canha
O Chupa-chupa
Há coisas tão completamente inacreditáveis, que mesmo vendo e ouvindo, uma pessoa pensa que está vivendo um pesadelo ou uma cena bizarra do movimento surrealista de Breton.
Ora, esta semana, lemos neste jornal, que Paulo Cafofo se mostrou disponível para financiar a publicação de seis volumes, de uma obra da autoria de Alberto João Jardim, sobre os últimos 40 anos da ditadura jardinista.
Paulo Cafôfo tem a liberdade de financiar seja quem for, pode até reeditar os livros de Fulgêncio Batista, o ex ditador cubano que viveu na Madeira, as obras nazis do Visconde de Porto da Cruz, ou mesmo, as memórias de Marcelo Caetano, nos dias que esteve enclausurado no Palácio de S. Lourenço, na companhia de Américo Tomás, Silva Pais e Moreira Baptista, desde que esse patrocínio saia do bolso dele. Pelo que li, e para grande surpresa minha, Paulo Cafôfo não pretende utilizar cabedais próprios, mas sim, utilizar os dinheiros dos munícipes no financiamento da impressão do lixo editorial do nosso ex ditador residente.
E como escreveu Philip Roth, no seu Complexo de Portnoy, “é aqui que a Macaca se vem!” Paulo Cafofo pretende recandidatar-se, sabe que parte dos votos do PS não lhe chegam para o eleger novamente, então, no interior da sua cabecinha escalvada, surgiu-lhe a imbecil ideia de ajudar a “abrir o saco de papel do aspirador” de Jardim, como fazem os “paparazzi” em Hollywood, quando vasculham e publicam aquilo que encontram no caixote do lixo das estrelas de cinema, e assim, conseguir os votos e as boas graças da pequena facção tresmalhada de simpatizantes de Alberto João. Claro, tudo à custa dos cofres da Câmara!
Infelizmente, esta simpatia interesseira pelo “aterro” jardinista mostra bem o respeito que Cafôfo tem por todos aqueles que sofreram humilhações, represálias e perseguições durante os 40 anos de regime ditatorial, e que depois, de uma forma altruísta, o ajudaram a subir ao “poleiro”, para a criatura depois largar, como dizia Harry Truman, com “o pepino em cima”.
Obviamente, que para uma pessoa que nunca foi vítima de nada, porque sempre andou no lado mais confortável da história, é-lhe completamente indiferente a maneira como o poder lhe chegou de bandeja às mãos, e também não lhe interessam as pessoas que se sacrificaram para o rapazinho poder brincar aos Presidentes de Câmara. Nada disso importa ao cavalheiro! A única coisa que vale é manter o seu chupa-chupa… (fénix)
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