domingo, 25 de agosto de 2024

População de Jacarta vive entre mar que sobe e terra que afunda

 

 Ao celebrar seu Dia da Independência há uma semana, a Indonésia oficialmente também ganhou uma nova capital. Nusantara, que significa “arquipélago” em javanês antigo, fica selva adentro da Ilha de Bornéu e tem como promessa ser um modelo de cidade tecnológica e sustentável para o resto do mundo com florestas protegidas, geração de energia 100% renovável e totalmente neutra em carbono até 2045, ano em que se espera que todas as obras estejam finalizadas. Mas, a 1.200km de distância, do outro lado do Mar de Java, o futuro não parece tão brilhante para a agora ex-capital Jacarta. Poluição crônica, superpopulação, congestionamentos terríveis e graves inundações são apenas alguns dos problemas que seus 11 milhões de habitantes têm como realidade. E nenhum deles representa tanto uma crise existencial quanto a subsidência, termo técnico para dizer que a cidade está afundando. Literalmente. Uma série de fatores explica a situação: desde sua formação geológica ao próprio crescimento desenfreado sobre um terreno de sedimentação ainda instável. No entanto, é a extração excessiva de água dos aquíferos a grande responsável por Jacarta começar a colapsar sobre si mesma. A infraestrutura jamais foi concebida para acomodar a explosão de crescimento ao longo das décadas. Com um sistema de abastecimento de água canalizada insuficiente para toda a população, os moradores e, principalmente as indústrias, recorreram à fácil extração de água subterrânea. A prática excessiva levou ao enfraquecimento do solo sob a cidade.

VILAREJOS URBANOS

 Os dois subdistritos são compostos por diversos kampungs — “vilarejos urbanos” —e se assemelham às favelas. Sua origem não difere do processo de favelização de nenhuma outra grande cidade no mundo. Em busca de melhores condições de vida, moradores criaram assentamentos, construíram sozinhos casas e comércios que foram se transformando em comunidades. São locais caracterizados pela alta concentração populacional, por construções inadequadas e uma limitação de serviços básicos como água potável, saneamento, coleta de lixo, pavimentação e iluminação pública. Para o resto da cidade, sua extrema pobreza é vista com preconceito. Aos olhos do governo, são assentamentos informais, nos quais a maioria de seus habitantes sequer teria o direito de estar ali. Por isso, mesmo entrincheirada entre o mar que sobe e a terra que afunda, a maior batalha que a população local tem enfrentado é o próprio direito de permanecer onde vive. Muitas vezes, o despejo ocorre justamente porque as áreas têm um grande potencial comercial. É o caso de Muara Angke. Estar próxima do mar, mesmo com todos os problemas envolvidos, atrai interesses financeiros, em especial na construção civil. Mas após décadas se formando como uma comunidade cuja atividade pesqueira é importante, não apenas para a economia local, mas também para outros pontos da cidade, sair dali significaria recomeçar tudo do zero. (o globo)

1 comentário:

  1. O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
    https://www.youtube.com/watch?v=bxR8c3RCpJE

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