domingo, 18 de setembro de 2022

Poema muito emotivo e impressionante, escrito por Eugénia Cunhal dedicado ao seu irmão Álvaro Cunhal que estava preso nos cárceres do fascismo

 

QUANDO VIERES
Encontrarás tudo como quando partiste.
A mãe bordará a um canto da sala...
Apenas os cabelos mais brancos
E o olhar mais cansado.
O pai fumará o cigarro depois do jantar
E lerá o jornal.
Quando vieres
Só não encontrarás aquela menina de saias curtas
E cabelos entrançados
Que deixaste um dia.
Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos
Como se te tivessem sempre conhecido.
Quando vieres
nenhum de nós dirá nada
mas a mãe largará o bordado
o pai largará o jornal
as crianças os brinquedos
e abriremos para ti os nossos corações.
Pois quando tu vieres
Não és só tu que vens
É todo um mundo novo que despontará lá fora.


«Maria Eugénia Cunhal» - ,In «Silêncio de Vidro»

2 comentários:

  1. Não era o Cunhal o mordomo dos soviéticos imperialistas? Ainda bem que havia o Tarrafal

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