Há coisas surpreendentes! O atual Presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, ganhou recentemente peso eleitoral, fala bem e cativa as pessoas num primeiro instante, mas tem um grave problema: não consegue atrair bons quadros técnicos nem ganhar a confiança dos políticos mais bem preparados e competentes da Região para a sua causa. Pior ainda, quando tem alguém capaz e com valor, tem uma capacidade surpreendente para o perder, e se não o perde na primeira oportunidade, descarta-o ou atraiçoa-o na segunda.
Isto quer dizer que, apesar da sua boa aparência, dos seus dotes de comunicação e de ter o Diário de Notícias como seu órgão de propaganda, Paulo Cafôfo não consegue inspirar confiança entre as pessoas mais idóneas e clarividentes. Na primeira equipa que ganhou a Câmara em 2014, perdeu duma assentada só três vereadores e uma presidente da Assembleia Municipal, depois despachou o competente presidente da empresa municipal Frente-Mar, excluiu o vereador Domingos Rodrigues, o único que lhe batia o pé, e, recentemente, eclipsou o Gabinete da Cidade, do Arq. Paulo David.
Nestas últimas eleições autárquicas, das forças partidárias que constituíram a antiga coligação “Mudança”, só conseguiu manter o Bloco de Esquerda (por causa da domesticação da Guida Vieira) e uma facção do Partido Socialista, o resto debandou tudo. Até para criar a nova equipa da coligação “Confiança” teve dificuldades em mobilizar gente com reconhecidos méritos, reputação e experiência da nossa comunidade, restando-lhe duas ou três pessoas desconhecidas, uma até muito jovem, cuja única virtude pública foi escrever no Diário uns artigos louvaminheiros a Paulo Cafôfo.
Como Cafôfo tem falta de capacidade de liderança e uma tendência inata para afugentar pessoas, nomeadamente as mais lúcidas, inteligentes e capazes, resta-lhe uma amálgama de colaboradores e seguidores cuja abrangência vai do simples cidadão genuinamente crente dos grandes feitos cafofianos que a máquina de prestigiação cosmética lhe impinge, até à fauna mais inenarrável do bàs-fond regional; onde perduram elementos de reputação duvidosa excretados pelos diferentes partidos regionais ao longo dos tempos; uma chusma de gente oportunista, que nos 40 anos do regime repressivo de Jardim nunca abriu o bico, e que agora salta a terreiro como heróis da defesa dos princípios democráticos, logo seguidos por uma ralé de fura-bolos mercenários, todos à cata de tachos e de migalhas do poder autárquico cafofiano.
Enquanto o famoso flautista de Hamelin tinha um instrumento mágico que tocava e levava a rataria atrás em direção ao afogamento no rio Weser, Cafôfo não tem a flauta, mas tem na sua mão a administração autárquica que lhe serve para comprar e subornar clientela política como faziam os antigos condottiere italianos quando contratavam a sua soldadesca entre a pior escumalha da sociedade.
A ambição desmesurada, o narcisismo doentio e o completo vazio de ideias não criam um genuíno movimento de simpatizantes e seguidores, mas sim um cortejo de oportunistas rezingões, que à mínima contrariedade ou ressentimento desatam numa guerra fratricida, tipo Camorra napolitana. Assim, os mercenários cafofianos poderão assaltar com sucesso o Partido Socialista, mas ninguém poderá garantir que a tomada do PS/Madeira por esta tropa mercenária não poderá descambar na própria perdição regional do partido.
Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano-germânico, também tinha as melhores intenções quando em 1527 mandou invadir a península itálica pelos seus Lansquenetes mercenários; o que ele não contou (nem contava) é que, por falta de soldo, a soldadesca acabaria por saquear cruelmente a sua própria cidade de Roma, sede espiritual da cristandade, da qual era ele máximo representante e protetor.
As pessoas mais inteligentes e respeitáveis sabem que a maioria dos movimentos populistas liderados por políticos postiços montados a cartão e esferovite são como pés de feijão-porco, crescem rápido e tornam-se viçosos num instante, mas basta uma repentina falta de nutrientes para, num abrir-e-fechar-de-olhos, amarelarem, mirrarem e secarem. Ora, não é preciso alguém ser muito esperto para perceber que se o movimento cafofiano não conseguir mobilizar para a sua causa mais quadros técnicos e gente honesta e de mérito, irá acabar ressequido e mingado como um pé de feijão-porco. (ver Fénix do Atlântico, para ler todos os comentários)
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