domingo, 16 de novembro de 2025

Vir à luta!

 

 A capa do jornal “Sempre Fixe” de 4 de Maio de 1974 era um dos magníficos e sempre certeiros cartoons de João Abel Manta. Tratava dos vira-casacas: o alfaiate com uma parede pejada de casacas penduradas chutava um cliente: «Não me chateie, já disse que só posso virar a casaca lá para Setembro.» O movimento assim caricaturado tem muito mais significado do que o de meros comportamentos individuais. Reflecte o trajecto de certos extractos da sociedade, traduzido em «hesitações, contradições, desorientação, súbitas viragens à direita e à esquerda, manifestações de impaciência e desespero» (A. Cunhal, “Radicalismo...”). E o oportunismo sempre foi endémico em alguns extractos da sociedade portuguesa. Há quem ache que a conjuntura é tudo. Quem só consiga estar alinhado pelo  que julga a mó de cima e amanhã logo se vê. Se se fosse pela caricatura de João Abel Manta, já não teria lado da casaca para virar. É nessa base que alguns inventaram um truque. Chama-se “moderação”. Serve para tudo, até para dar lustro a coisas nada moderadas (o exemplo clássico é o título de um jornal britânico sobre o 11 de Março de 1975: «Os moderados bombardeiam Lisboa.» Estão a falar do “moderado” Spínola). Serve, entre outras coisas, para várias casacas em simultâneo, como agora parece ser a linha em certas candidaturas presidenciais. É o inverso da coragem. Os tempos que correm são bem difíceis para a grande maioria dos portugueses. Exigem escolha decidida. Exigem dar a cara. E a enorme marcha dos trabalhadores convocada pela CGTP-IN no sábado passado é não só um inesquecível exemplo disso mesmo. É também um generoso e muito alargado convite aos hesitantes. É que, por maiores que sejam as dificuldades e os obstáculos, o futuro pertence aos trabalhadores e ao povo. E quando, como sucedeu no sábado, os vemos em massa, em movimento e em sólida unidade de combate, estarão um pouco mais próximos de passar à mó de cima.- Filipe Dinis

As profundas ligações das grandes empresas tecnológicas com o genocídio em Gaza

 


 As revelações mais recentes sobre os laços profundos da Microsoft com a máquina de guerra de Israel mais uma vez expuseram o papel central das grandes empresas de tecnologia dos EUA em possibilitar o genocídio em Gaza. Uma investigação conjunta de The Guardian, da +972 Magazine e do veículo de comunicação em hebraico Local Call revelou como o corpo de inteligência da Unidade 8200 israelense tem armazenado e processado gravações de áudio de todas as chamadas telefónicas palestinas na plataforma de nuvem Azure da Microsoft. De acordo com a reportagem, essa parceria deu às forças armadas israelenses capacidades de vigilância sem precedentes, transformando as comunicações privadas de milhões de palestinos em matéria-prima para a ocupação e a guerra. Israel percebeu que seus próprios servidores não tinham o poder de computação ou o espaço de armazenamento necessários e então recorreu à Microsoft.Esta não é a primeira vez que a cumplicidade da Microsoft com as forças armadas israelenses vem à tona. Uma investigação da +972 Magazine em janeiro de 2025 revelou laços institucionais profundos entre a Microsoft e o exército israelense, incluindo a colaboração entre a Azure e a OpenAI em projetos que apoiam diretamente operações militares. A Microsoft, assim como suas congéneres da Big Tech, integrou-se totalmente ao aparato de ocupação, repressão e assassinatos em massa de Israel. Entre as unidades do exército israelense que se revelaram dependentes do Azure estão a Unidade Ofek da Força Aérea, que gere grandes bases de dados de alvos potenciais de locais e indivíduos para ataques aéreos letais; a Unidade Matspen, que projeta sistemas operacionais e de apoio ao combate; a Unidade Sapir, responsável pela espinha dorsal das TIC da Inteligência Militar; e até mesmo o Corpo de Advogados Gerais Militares, que supervisiona tanto a acusação de palestinianos como os raros casos disciplinares contra soldados nos territórios ocupados. Mas a Microsoft não está sozinha na integração no genocídio de Gaza por Israel. A Google, a Amazon e a Palantir estão todas a lucrar com o genocídio, incorporando-se na máquina de guerra de Israel enquanto projetam uma imagem de inovação e progresso para o mundo. Juntas, elas formam a espinha dorsal digital do complexo militar-industrial dos EUA e do seu projeto imperialista, do qual o ataque de 21 meses de Israel a Gaza é uma frente central.

Microsoft: Parceira na nuvem da vigilância e ocupação

As revelações sobre o Azure são particularmente assustadoras. Durante décadas, a Unidade 8200 de Israel interceptou comunicações palestinas como parte da sua estratégia de ocupação. O que é novo é a enorme escala industrial desta operação de vigilância. Ao terceirizar o armazenamento e processamento de dados para a Microsoft, Israel conseguiu construir uma rede de vigilância baseada na nuvem — um arquivo da vida palestina — e usá-la como arma contra o povo de Gaza.

A integração do Azure com a Unidade 8200 mostra como a Microsoft não é um provedor de serviços neutro, mas um parceiro direto na ocupação e no genocídio em Gaza. Longe de apenas alugar servidores, ela co-desenvolve tecnologias com instituições israelenses, investe em startups locais de vigilância e administra laboratórios de pesquisa no país. A empresa tornou-se indispensável para a máquina de controle colonial de Israel.

Google e Amazon: Projeto Nimbus

O Google e a Amazon, para não ficarem para trás, assinaram o Projeto Nimbus, um contrato de US$ 1,2 mil milhão com o Estado e as forças armadas israelenses. O Nimbus fornece infraestrutura avançada em nuvem e ferramentas de IA, incluindo reconhecimento facial, análise de sentimentos e policiamento preditivo. Essas não são capacidades abstratas — são as mesmas tecnologias usadas para vigiar palestinos, gerar bancos de dados de “suspeitos em Jerusalém Oriental” e permitir a produção algorítmica de listas de alvos a serem mortos em Gaza.

Longe de ser um projeto interno israelense, o Nimbus é alimentado pela expertise e pelo capital de empresas americanas. Funcionários de ambas as empresas denunciaram o projeto, alertando que seu trabalho está alimentando o apartheid e o genocídio. Greves, petições e dissidências internas foram recebidas com demissões e intimidações. No entanto, o Google e a Amazon continuam a se gabar de seu compromisso com Israel. Os lucros e as lealdades imperiais superam quaisquer considerações morais.

Palantir: o traficante de armas de dados

Se a Microsoft, o Google e a Amazon fornecem a infraestrutura, a Palantir fornece o motor analítico. Nascida de financiamento inicial da CIA, a Palantir ganhou fama ao transformar vastos dados de vigilância em inteligência militar acionável. As suas plataformas fundem registos telefónicos, imagens de drones e atividade nas redes sociais num sistema de segmentação perfeito.

A empresa tem promovido agressivamente os seus serviços ao exército israelense, gabando-se do seu papel em ajudar os aliados ocidentais a «ganhar guerras». Em Gaza, tais sistemas aceleram a cadeia de mortes — transformando vigilância bruta em coordenadas de bombardeios com eficiência assustadora. A Palantir prospera com a guerra; cada nova atrocidade se torna uma oportunidade de marketing para suas ferramentas.

Listas de morte da IA e a automação do genocídio

No centro do ataque de Israel está a industrialização da morte por meio da inteligência artificial. Investigações da +972 Magazine revelaram como o sistema de IA do exército israelense, “Lavender”, gera listas de morte automatizadas, sinalizando dezenas de milhares de palestinos como suspeitos de militância. A supervisão humana é mínima; as decisões da máquina são traduzidas em bombardeamentos com baixas civis catastróficas.

Detalhámos num artigo anterior da People’s Democracy como essas listas de morte sustentam a campanha de extermínio de Israel. Mas a tecnologia para o genocídio continua a evoluir. Novas ferramentas de IA, modeladas em plataformas generativas como o ChatGPT, estão a ser desenvolvidas pela inteligência israelense para acelerar a vigilância, a incriminação e a prisão. Estas não são experiências isoladas limitadas ao genocídio em Gaza — elas são o futuro da guerra automatizada e do genocídio, co-desenvolvidas e alimentadas pela Big Tech dos EUA. Isso nos lembra como gigantes químicos da Alemanha nazista, como a I.G Farben, que desenvolveu e produziu os gases venenosos usados para matar judeus, comunistas e outros “indesejáveis” em vários campos de concentração. Após a guerra, a IG Farben foi dividida em suas empresas sucessoras, incluindo a BASF e a Bayer.

Israel como laboratório para o império

O que une esses fios é o papel de Israel como laboratório para o imperialismo dos EUA. Todas as ferramentas de ocupação testadas nos palestinos tornam-se uma exportação global. O software de policiamento preditivo ou vigilância pioneiro na Cisjordânia é vendido aos departamentos de polícia americanos. Os postos de controlo biométricos testados em Jerusalém Oriental aparecem na fronteira entre os EUA e o México. A vigilância por IA testada em Gaza é comercializada para regimes autoritários em todo o mundo.

Para as grandes empresas de tecnologia, Israel é um cliente lucrativo e um campo de testes. Ao integrarem-se na máquina militar de Israel, a Microsoft, a Google, a Amazon e a Palantir desenvolvem em conjunto tecnologias de repressão que podem ser ampliadas e vendidas em todo o mundo. A destruição de Gaza torna-se não apenas um projeto geopolítico, mas também um modelo de negócios para vigilância, guerra e genocídio.

O aviso da relatora da ONU

A relatora especial das Nações Unidas para os territórios palestinos, Francesca Albanese, já deu o alarme. No seu relatório ao Conselho de Direitos Humanos, ela documentou o profundo envolvimento das grandes empresas de tecnologia dos EUA no ataque de 21 meses de Israel a Gaza, enfatizando como essas empresas possibilitam crimes de guerra ao fornecer infraestrutura e serviços essenciais.

As suas conclusões destacam uma verdade simples: as grandes empresas de tecnologia não são meras espectadoras. Elas são participantes voluntárias no genocídio de Gaza e fazem parte da guerra imperialista.

As grandes empresas de tecnologia e o complexo militar-industrial dos EUA

Nada disso deve ser surpresa. As maiores empresas de tecnologia do mundo também são as contratadas mais valiosas do Pentágono e da NSA. A Amazon Web Services hospeda os dados da CIA; a Microsoft Azure alimenta as redes de defesa dos EUA; o Google colabora em projetos de IA para as forças armadas; a Palantir nasceu como uma ferramenta para agências de inteligência.

A fusão das grandes empresas de tecnologia e do complexo militar-industrial-de vigilância está completa. Israel é uma linha de frente desse projeto, mas ele tem alcance global. De Gaza à Ucrânia, de Bagdade a San Diego, as mesmas empresas lucram com vigilância, perseguição e repressão.

Resistência e o caminho a seguir

Há resistência. Os trabalhadores do Google e da Amazon continuam a se manifestar. Estudantes em campi de todo o mundo estão exigindo que as universidades cortem laços com os especuladores da guerra. Grupos de direitos humanos estão a documentar e a expor a cumplicidade das empresas. No próprio palestino, a resiliência do povo contra adversidades esmagadoras atesta o espírito que nenhum algoritmo pode apagar.

Mas a resistência deve se expandir. Assim como os movimentos outrora visaram os fabricantes de armas que armavam a África do Sul do apartheid, também devemos agora confrontar os traficantes de armas digitais de hoje. Microsoft, Google, Amazon e Palantir não são meras empresas de tecnologia: são fabricantes de armas da era digital, produzindo a infraestrutura do genocídio.

Paulo Morais apesar do seu anticomunismo doentio escreve algumas verdades sobre o regime angolano: Uma cleptocracia corrupta que mantem um povo inteiro na maior pobreza

 (Paulo Morais escreve no Correio da Manhã aos domingos)

«Faz este mês 50 anos que se viveu um dos mais negros episódios da história de Portugal e de Angola.

  A 11 de novembro de 1975, Portugal entregou o poder, em Angola, ao Movimento pró-soviético MPLA, cujos governos instituíram no país uma gigantesca teia de corrupção. O governo por-tuguês, controlado pelo PCP de Álvaro Cunhal, protagonizava uma deriva comunista.

 O seu principal objetivo era integrar Angola no Bloco Soviético, ao qual os comunistas juravam fidelidade. 

 Entregue Angola ao domínio do Leste, o PCP abdicou de governar. E, tendo o PCP assumido uma atitude passiva no movimento que eclodiu dias mais tarde (25 de novembro), o país recuperou o trilho da democracia iniciado a 25 de abril.

Ao fim de 50 anos, em Angola, depois da governação de Agostinho Neto, Dos Santos e Lourenço, a captura do Estado subsiste, uma oligarquia vive com todos os luxos. O povo angolano continua condenado à miséria e ao subdesenvolvimento.»

Cleptocracia significa "governo de ladrões", um sistema político onde os líderes usam o poder para roubar a riqueza da nação e benefício próprio, muitas vezes através do desvio de fundos públicos. Caracteriza-se pela corrupção sistémica, onde o engrandecimento pessoal dos governantes ocorre através de subornos, desvio de verbas e, muitas vezes, envio do dinheiro roubado para o estrangeiro. Este termo distingue-se de plutocracia (governo dos mais ricos) e oligarquia (governo de uma pequena elite) porque o principal objetivo é o roubo e o enriquecimento ilegal.

sábado, 15 de novembro de 2025

Safaris humanos. O cúmulo da crueldade do ser humano. Há muitos potenciais nazis à solta!

 Safaris humanos

'Safári humano' em Sarajevo: Itália investiga turistas que atiravam por diversão em crianças e civis durante Guerra da Bósnia

Segundo jornal 'La Repubblica', cidadãos italianos pagavam o equivalente a até R$ 610 mil a militares sérvio-bósnios para passar um fim de semana nas colinas ao redor da cidade atirando em alvos durante cerco à capital da Bósnia e Herzegovina, entre 1992 e 1996.


Segundo a denúncia, os "turistas de guerra" chegavam a pagar uma quantia que equivaleria a entre 80 mil e 100 mil euros em valores atuais (entre R$ 490 mil e R$ 610 mil) às milícias sérvio-bósnias e a intermediários para serem armados com fuzis e posicionados nas colinas ao redor da cidade.

Ainda de acordo com a denúncia, eles eram autorizados a atirar em alvos da capital bósnia, incluindo crianças e outros civis. O esquema, que incluía saídas de "excursões" às sextas-feiras da cidade italiana de Trieste, a 600 km de Sarajevo, teria existido entre 1993 e 1995. 

  A denúncia partiu do jornalista Ezio Gavezzani, que afirma ter descoberto, numa investigação para um livro, esta realidade “aterradora”: milícias servo-bósnias de Radovan Karadzic, condenado por genocídio e crimes contra a humanidade,escoltavam estes “caçadores” até posições de tiro, para que disparassem contra homens, mulheres e crianças bósnias que simplesmente tivessem o azar de passar pelo campo de visão destes turistas endinheirados. Terminada a “experiência”, regressavam tranquilamente às suas vidas na Europa ou na América do Norte. 

Este horror levou o procurador responsável, Alessandro Gobbis, a abrir um inquérito por “massacre agravado por crueldade e motivos abjetos”,  inversão completa da humanidade, que transforma o ato de matar em entretenimento, o sofrimento humano em espetáculo e a guerra num espaço de consumo de luxo. 

Segundo a investigação citada pela imprensa italiana, nenhum destes indivíduos foi identificado publicamente. Nenhum foi investigado. Até agora, ainda que, por enquanto, o processo corra contra desconhecidos. Mas as pistas acumulam-se. Gavezzani, citado pelo jornal espanhol La Vanguardia, garante que os participantes “vinham de toda a Europa”, acrescentando: “Havia muitos alemães, franceses, canadianos, russos, norte-americanos e também espanhóis”. 

A antiga presidente da câmara de Sarajevo, Benjamina Karic, reforça a gravidade, citada pela mesma fonte: existiria até “uma espécie de macabro tarifário”, no qual “disparar sobre uma criança custava mais caro”. 

O jornalista traçou ainda o perfil dos viajantes. Longe de mercenários ou fanáticos ideológicos, eram, segundo disse ao La Vanguardia, “advogados, empresários, contabilistas, todos com licença de armas e com meios financeiros para pagar o equivalente a centenas de milhares de euros por uma só viagem”. 

Numa das passagens mais duras citadas pelo jornal, Gavezzani explica que estes homens não sentiam qualquer “ligação” nem às vítimas nem aos algozes. Iam “de safari, como lhe chamavam”. O ato de matar não correspondia a uma ideologia, mas a um impulso lúdico. Daí a definição perturbadora que ofereceu: a passagem “da banalidade do mal de Hannah Arendt para a indiferença do mal”. 

“Quem passa à frente leva um tiro, como se fosse uma peça de caça”, disse. 

Gavezzani alega que foram “pelo menos uma centena” os envolvidos, com italianos a pagarem “muito dinheiro” para o fazer — até 100 mil euros em valores atuais — em declarações ao La Repubblica. 

O jornalista está a entregar “abundante material à procuradoria”: “À medida que encontro dados, envio-os. Hoje mesmo enviei mais”. O que Gavezzani ainda não conseguiu é falar com os protagonistas daquelas viagens: “Sempre que me aproximo, mesmo através de pessoas do seu círculo, tudo se encerra de imediato. Quando forem os carabinieri a bater à porta, talvez seja diferente”, cita La Vanguardia. 

As pistas que podem levar aos nomes 

De acordo com documentos citados pela imprensa internacional, uma das chaves da investigação está nos intercâmbios entre serviços secretos da época. Um ex-agente bósnio terá alertado colegas italianos presentes no terreno sobre cidadãos de Turim, Milão e Trieste envolvidos nessas viagens. 

Num texto citado pela agência Ansa, lê-se: “Um dos franco-atiradores italianos identificados nas colinas acima de Sarajevo em 1993 (…) era de Milão e proprietário de uma clínica privada especializada em cirurgia estética”. 

Ainda segundo essa mesma fonte, “os serviços bósnios souberam do safari no final de 1993. Informámos o Sismi no início de 1994 e responderam dois ou três meses depois: descobrimos que o safari parte de Trieste. Interrompemo-lo na primeira metade de 1994”. 

https://www.dn.pt/sociedade/trinta-anos-depois-itlia-reabre-as-sombras-da-bsnia-investigao-expe-safari-humano-em-sarajevo-2


O SAMBA DA IMPUNIDADE

 


 «A previsível prescrição dos crimes de corrupção relacionados com o negócio de Vale de Lobo, em julgamento no 'Marquês', é um primeiro indício do que há muito se adivinha sobre o desfecho do caso. Aos factos de Vale do Lobo não se aplica a alteração do Código Penal de 2010, que alargou os prazos de prescrição em geral. Vem daí a mais que previsível prescrição, nem tanto pela morosidade. A defesa de Sócrates, portanto, há muito que tem nesta prescrição a possibilidade de ganhar um primeiro 'round' na secretaria. Sobram, é certo, os crimes de corrupção associados a vantagens recebidas do Grupo Lena e de Ricardo Salgado, com prazos prescricionais maiores. Mas Sócrates já percebeu que, mesmo condenado, não vai cumprir um único dia de prisão, para lá dos que já lá esteve. 

 Nesta altura, a sua defesa já prepara o caminho para uns 
bons anos de recursos futuros. 
O trânsito em julgado deste  processo  deve ocorre por isso, com a década de 2030 bem entrada no século, quando Sócrates estiver já perto dos 80 anos, idade em que ninguém é preso. Aqui chegados, o que o impede de fazer a vida que bem quiser no Brasil, onde já a tem organizada?! Rigorosamente nada. A tagarelice de vitimização, a indignação postiça em torno da alegada violação dos seus direitos, o carnaval que faz no tribunal, são a melhor prova de que se está nas tintas para uma defesa séria na barra e que abraça uma doce impunidade a um ritmo sambista»

Eduardo Dâmaso

Isto é que é o Bangladesh

 


Santuário doTigre de Bengala em vias de extinção

O país foi ‘criado’ em 1971 para  albergar os muçulmanos ainda existentes na Índia no pós-partição com o Paquistão em 1947 e para tentar parar toda a mortandade religiosa que ainda havia
Nós os portugueses já lá estivemos 130 anos a mercadejar e a pilhar. Hoje é um país novo, mas condenado à nascença. E escolhido pelo mundo como sua lixeira

Fonte: (Expresso)

Alguns mamões das reformas vitalícias de deputados à Assembleia da República