sábado, 22 de março de 2025

A tragédia do fundador da Intersindical Daniel Cabrita

 


Daniel Cabrita. Uma tragédia humana provocada pela ditadura portuguesa

Vale a pena comprar hoje o Expresso, para ler na revista o artigo de José Pedro Castanheira, «Quem foi Daniel Cabrita, o heroi do sindicalismo, que o PCP não perdoou?».
«Presidiu à criação, em 1970, da Intersindical, esteve preso por pertencer ao PCP e foi torturado. No 25 de Abril era o nome mais prestigiado do universo sindical, mas o partido jamais lhe perdoou não ter sido capaz de entrar para a galeria dos seus heróis. Contámos a história de Daniel Cabrita, que morreu no passado dia 13, aos 87 anos»
«Nas vésperas do julgamento, Cabrita recebeu a visita em Caxias de deputados da ala liberal, que vinham protestando contra a existência de presos políticos e a sistemática violação dos seus direitos. Foi a 4 de janeiro de 1972 que os deputados Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e José Correia da Cunha, que já tinham ido à fortaleza de Peniche, se apresentaram em Caxias. Exigiram encontrar-se com sete prisioneiros políticos, entre os quais o dirigente do PCP António Gervásio e os sindicalistas José Ernesto Cartaxo e Daniel Cabrita, ambos fundadores da Intersindical. Cabrita, o nome mais conhecido devido à repercussão internacional da sua detenção, foi entrevistado por Balsemão e Correia da Cunha. Sá Carneiro tomou notas acerca das torturas exercidas. Sobre Cabrita, escreveu: “13 dias seguidos, com umas horas de sono na 6ª noite. Só uma bofetada e ameaças com matracas.”
O suicídio da mulher
«O julgamento de Cabrita e dos seus três camaradas decorreu no fim de janeiro de 1972, no Tribunal Plenário de Lisboa. A defendê-lo, o bancário teve como advogado Joaquim Costa, um dos juristas do sindicato a que presidia e que denunciou de forma exaustiva o tratamento violento a que fora sujeito. Ao julgamento assistiram diversos observadores internacionais, com relevo especial para o senador belga Roger Lallemand, em representação da central sindical socialista (FGTB) e da poderosa Confederação Internacional dos Sindicatos Livres. Apesar da campanha em redor do julgamento, todos os quatro réus foram condenados. No caso de Cabrita, a 24 meses de prisão maior e à perda de direitos políticos, o que significava que não poderia voltar a candidatar-se ao sindicato.
O resto da pena foi cumprida na fortaleza de Peniche. Em agosto de 1972, a sua mulher, Helena Rita Rucha Pereira Cabrita, suicidou-se em casa, no Barreiro. A notícia correu rapidamente nos meios sindicais e nos círculos da oposição e passou fronteiras. Em Peniche, o diretor da cadeia preferiu não ser ele a informar o recluso do suicídio da mulher. Chamou um outro detido, o dirigente do PCP Domingos Abrantes, a quem solicitou que fosse ele a comunicar o sucedido. Convocado ao gabinete do diretor, Cabrita recebeu a trágica notícia, transmitida pelo seu camarada Domingos Abrantes, que ainda recentemente recordou: “Ouviu-me atónito e em silêncio. Quanto voltou para a cela, era um homem completamente destroçado.”»

Marcelo lembra "vida de luta contra a ditadura" do fundador da CGTP

O Presidente da República apresentou as "sentidas condolências à família de Daniel Cabrita" e relembrou "o exemplo de uma vida de luta contra a ditadura e pelos ideais em que sempre acreditou".

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa lamentou esta quarta-feira a morte de Daniel Cabrita, militante do PCP e fundador e antigo dirigente da CGTP, sublinhando o exemplo de “uma vida de luta contra a ditadura”.

Numa nota publicada na página na Internet da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou “sentidas condolências à família de Daniel Cabrita e a sua solidariedade à CGTP-IN”.

“Daniel Cabrita, militante do Partido Comunista Português, foi dirigente sindical e fundador, ainda antes do 25 de Abril, em 1970, daquela Central Sindical, que também dirigiu, mantendo-se em funções até 2008”, pode ler-se.

“Aos seus camaradas e ao País deixa o exemplo de uma vida de luta contra a ditadura e pelos ideais em que sempre acreditou”, referiu ainda.

Daniel Cabrita, militante do PCP e fundador e antigo dirigente da CGTP, morreu esta madrugada aos 86 anos, informou esta quarta-feira a central sindical.

Nascido em 14 junho de 1938, no Barreiro, Daniel Isidro Figueiras Cabrita tornou-se militante do PCP no início da década de 60, tendo também participado “ativamente na luta clandestina contra a ditadura fascista, até abril de 1974”, nota a central sindical, em comunicado, onde manifesta “profunda tristeza e consternação” pelo falecimento do antigo dirigente sindical.

Daniel Cabrita foi eleito, em 12 de março de 1968, como presidente da Direção do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, mas só tomou posse em janeiro do ano seguinte. Em maio de 1969 foi preso e foi “libertado pouco tempo depois”.O também militante do PCP foi ainda fundador da CGTP (na altura Intersindical Nacional), tendo sido reeleito para a direção no cargo de 1.º secretário, em março de 1971, mas “em 30 de junho de 1971 foi preso pela PIDE-DGS durante as férias, em Sesimbra, e acusado de pertencer ao Partido Comunista”, recorda a CGTP, acrescentando que “a sua prisão desencadeou uma enorme onda de protestos e solidariedade, não só a nível nacional, como internacional, por exemplo da CGT francesa ou a CGIL italiana”.Daniel Cabrita foi libertado em 30 de junho de 1973, mas foi impedido de exercer atividades sindicais. Ainda assim, “nunca deixou de agir e intervir nas lutas sindicais”, indica a central sindical.

Após o 25 de abril, e no que toca ao panorama político, integrou os gabinetes dos ministros do Trabalho dos primeiros Governos Provisórios, Avelino Gonçalves e Costa Martins, tendo sido também candidato às legislativas de 1980 pelo PCP.

Em 1976, regressou à CGTP, onde se manteve até 2008, como adjunto do secretário-geral e no gabinete de Estudos da Intersindical.

Em comunicado, a CGTP manifestou ainda “a mais sentida solidariedade à família e aos amigos” de Daniel Cabrita e “reafirma o compromisso, que também era o dele, de prosseguir a luta por um Portugal assente no projeto e nos valores de Abril, por uma sociedade sem classes, sem exploradores nem explorados”. (observador)


Faleceu Daniel Cabrita

Destacado sindicalista, Daniel Cabrita foi presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas e um dos fundadores da Intersindical Nacional, tendo participado activamente na luta contra o fascismo.

6 comentários:

  1. Venha o CHEGA para eliminar toda essa podridão comuna

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    1. O CHEGA é um retrocesso civilizacional, compreendeu caro amigo?

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  2. Se a doutora Lucília Gago se candidatasse a estas eleições teria o meu voto

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  3. O meu voto vai para a Polícia Judiciária

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  4. A LUTA DE CABRITA CONTRA O FASCISMO SALAZARISTA, MERECE UM POUCO DE RESPEITO!!!

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