O segredo bancário desconhecido tanto por economistas como por leigos que está a destruir a economia real (enquanto faz alguns nababos)
Bancos privados é que criam 97 por cento de todo o dinheiro
– não os governos ou os bancos centrais por George Washington
Quem cria a moeda?
A maior parte das pessoas supõe que a moeda é criada por governos... ou talvez pelos bancos centrais.
Na realidade – como foi observado pelo Banco da Inglaterra, o banco central britânico – 97% de toda a moeda em circulação é criada pelos bancos privados.
Empréstimos bancários = Criação de moeda a partir do ar
Mas como é que os bancos privados criam moeda?
Fomos ensinados que os bancos primeiro captam depósitos e a seguir eles emprestam esses depósitos às pessoas que querem contrair empréstimos.
Mas isto é um mito... O Banco da Inglaterra e o banco central alemão já explicaram que os empréstimos são concedidos antes de os depósitos existirem... e que os empréstimos criam depósitos.
A afirmação acima é de um vídeo oficial divulgado pelo Banco da Inglaterra. O Banco da Inglaterra explica :
Todas as vezes que um banco faz um empréstimo, ele simultaneamente cria um depósito em contrapartida na conta bancária do tomador, criando dessa forma nova moeda. A realidade de como a moeda é criada hoje diverge da descrição encontrada em alguns manuais de economia:
Ao invés de os bancos receberem depósitos das poupanças das famílias e a seguir emprestarem tais poupanças, os bancos criam depósitos através da concessão de empréstimos.
Um conceito errado habitual é que os bancos actuam simplesmente como intermediários, emprestando os depósitos que os aforradores neles colocam. Nesta visão os depósitos são tipicamente "criados" pelas decisões de poupança das famílias e os bancos a seguir "emprestam" aqueles depósitos existentes a tomadores de empréstimos, como por exemplo empresas que procuram financiar investimentos ou indivíduos que querem comprar casas.
Na realidade, na economia moderna, os bancos comerciais são os criadores da moeda depositada... Ao invés de os bancos emprestarem a partir dos depósitos neles efectuados, o acto de emprestar cria depósitos – o inverso da sequência descrita tipicamente nos manuais.
Bancos comerciais criam moeda, na forma de depósitos bancários, ao fazerem novos empréstimos. Quando um banco faz um empréstimo, como para alguém que contrai uma hipoteca para comprar uma casa, ele tipicamente não faz isso dando-lhe um valor de milhares de libras de papel-moeda. Ele, ao invés, credita a sua conta bancária com um depósito da dimensão da hipoteca. Nesse momento é criada nova moeda.
Por esta razão, alguns economistas têm-se referido aos depósitos bancários como "moeda de caneta", criada com um rabisco de banqueiros quando aprovam empréstimos. Esta descrição da criação e moeda contrasta com a noção de que bancos só podem emprestar a partir de moeda pré-existente, esboçada acima. Depósitos bancários são simplesmente um registo de quanto o próprio banco deve aos seus clientes. De modo que eles são um passivo do banco, não um activo que poderia ser emprestado.
Analogamente, o Federal Reserve Bank of Chicago na década de 1960 publicou um folheto chamado "Modern Money Mechanics" em que declara :
[Bancos] realmente não distribuem empréstimos a partir da moeda que recebem como depósitos. Se assim fizessem, nenhuma moeda adicional seria criada. O que eles fazem ao efectuar empréstimos é aceitar notas promissórias em troca de créditos nas contas à ordem do tomador.
O perito monetário e professor de teoria económica Randall Wray explicou ao Washington's Blog que:
Depósitos bancários são promissórias do banco
Ao professor de teoria económica Richard Werner – que obteve o seu PhD em economics por Oxford, foi o primeiro investigador Shimomura no Instituto de Investigação para a Formação de Capital no Banco de Desenvolvimento do Japão, investigador visitante do Instituto de Estudos Monetários e Económicos do Banco do Japão, académico visitante no Instituto de Estudos Monetários e Orçamentais do Ministério das Finanças e economista chefe de Jardine Fleming – foi-lhe concedido acesso para fins de estudo à contabilidade de um banco e confirmou que os bancos privados criam moeda quando eles simplesmente criam depósitos fictícios na conta de um tomador de empréstimo. Werner explica:
O que os bancos fazem é simplesmente reclassificar nas contas a pagar o acto da concessão do empréstimo como "depósito de cliente" e o público em geral, quando recebe um pagamento na forma de uma transferência bancária, acredita que uma forma de moeda foi paga ao banco.
Nenhum saldo é retirado para efectuar um pagamento ao tomador do empréstimo.
O banco não torna realmente disponível qualquer moeda para o tomador do empréstimo: Não se verifica nenhuma transferência de fundos de qualquer lugar para o cliente ou sequer para a conta do cliente. Não há uma redução igual no saldo de uma outra conta para custear (defray) o tomador do empréstimo. Ao invés disso, o banco simplesmente reclassificou os seus passivos, mudando a obrigação das "contas a pagar" decorrente do contrato do empréstimo bancário para uma outra categoria do passivo chamada "depósitos de clientes".
Apesar de o tomador do empréstimo ter a impressão de que o banco lhe transferiu moeda do seu capital, das reservas ou de outras contas para a conta do tomador (como na verdade afirmam erroneamente as principais teorias da banca, da intermediação financeira e da reserva fraccionária), na realidade não é o caso. Nem o banco nem o cliente depositaram qualquer moeda, nem quaisquer fundos fora do banco foram para qualquer lugar a fim de fazer o depósito na conta do tomador. Na verdade, não houve depósito de quaisquer fundos.
O passivo do banco é simplesmente redenominado como "depósito bancário".
Os bancos criam moeda quando concedem um empréstimo: eles inventam um depósito fictício de cliente, o qual o banco central e todos os utilizadores do nosso sistema monetário consideram ser "moeda", indistinguível de depósitos "reais" não recém inventados pelos bancos. Portanto os bancos não concedem apenas crédito, eles criamcrédito e, simultaneamente, eles criam moeda.
Ao invés de descarregar o seu passivo para distribuir empréstimos, os bancos simplesmente reclassificam os seus passivos com base em contratos de empréstimos de "contas a pagar" para a rubrica "depósito de clientes"...
Como os bancos fazem isto?
O professor Werner explica a razão porque os bancos – mas mais ninguém – podem criar moeda a partir do ar: é que eles são a única instituição isenta das regras normais de contabilidade. Especificamente, qualquer outra empresa estaria em infracção por contabilidade fraudulenta se conjurassem nova moeda a partir do ar pela reclassificação de um passivo (isto é, contas a pagar) como um activo (isto é, um depósito). Mas os bancos conseguiram isso através de isenções de modo que não têm de seguir as regras normais da contabilidade:
O que permite aos bancos criarem crédito e portanto moeda é a sua isenção das "Normas sobre o dinheiro do cliente" (Client Money Rules). Graças a esta isenção é-lhes permitido manterem depósitos dos clientes no seu próprio balanço. Isto significa que os depositantes que depositam sua moeda num banco já não são mais os possuidores legais desta moeda. Ao invés disso, eles são apenas um dos credores gerais do banco a que deve dinheiro. Isto também significa que o banco tem acesso aos registos dos depósitos do cliente mantidos com ele e inventa um novo "depósito de cliente" que não foi criado a partir de um depósito, mas ao invés é fruto da reclassificação em contas a pagar no passivo do banco em consequência de um contrato de empréstimo.
O que torna os bancos singulares e explica a combinação de concessão de empréstimos e tomada de depósitos sob o mesmo tecto é o facto mais fundamental de que eles não têm de segregar contas de clientes e, assim, são capazes de entrar num exercício de "re-etiquetagem" e mistura de diferentes passivos, especificamente pela re-designação das contas a pagar dos seus passivos, verificadas quando entram em acordos de empréstimo, para uma outra categoria do passivo chamada "depósitos de clientes".
O que distingue bancos de não-bancos é a sua capacidade de criar crédito e moeda através da concessão de empréstimos, a qual é cumprida pela escrituração do que são realmente passivos de contas a pagar como depósitos imaginários de clientes. E isto por sua vez é tornado possível por uma regulamentação particular que transforma os bancos em entidades singulares: sua isenção das "Normas sobre o dinheiro do cliente". [Werner dá um exemplo concreto na lei britânica para instituições bancárias e não bancárias.]
Soa fraudulento?
O professor Werner também pensa assim. Mas ele também destaca mais alguns pontos importantes...
O que significa tudo isto? As implicações da criação de moeda pelos banca privada
Os economistas convencionais (mainstream) acreditam que a dívida privada nem mesmo "existe" como uma força actuante sobre a economia. Exemplo: Ben Bernanke e Paul Krugman assumem que níveis enormes de dívida familiar não prejudicam a economia porque mais dívida entre famílias significa apenas que poupadores lhes emprestaram moeda... isto é, que se trata de uma rede de lavagem (net wash) para a economia. Para fazerem esta suposição, eles confiam no mito desmascarado acima... que os bancos só podem emprestar quanta moeda tiverem nos seus depósitos. Na realidade, 143 anos de história mostram que a dívida privada excessiva – de per si – podecausar depressões.
Além disso, o professor Werne destaca que tentativas de escorar o sistema bancário com exigências de capital (tais como nos acordos de Basiléia) estão condenadas ao fracasso, uma vez que não reconhecem que os bancos podem criar moeda à vontade:
As regras de Basiléia estão condenadas ao fracasso, pois consideram os bancos como intermediários financeiros quando, nos factos reais, eles são os criadores da oferta monetária. Uma vez que os bancos inventam moeda como depósitos fictícios, pode-se mostrar de imediato que a adequação de capital com base na regulamentação da banca não tem de restringir a actividade bancária: os bancos podem criar moeda e portanto providenciar para que a moeda fique disponível para comprar acções recém emitidas que aumentam o seu capital bancário. Por outras palavras, os bancos poderiam simplesmente inventar a moeda que é então utilizada para aumentar o seu capital.
Foi o que Barclays Bank fez em 2008, a fim de evitar a utilização de dinheiro dos impostos para escorar o capital do banco. O Barclays "levantou" £5,8 mil milhões em nova participação accionista junto a investidores de riqueza soberana do Golfo – ao, como transpirou, emprestar-lhes a moeda! Como é explicado por Werner (2014a) , o Barclays implementou uma operação padrão de empréstimo, inventando portanto os £5,8 mil milhões de depósito "emprestados" ao investidor. Este depósito foi então utilizado para "comprar" as acções recém emitidas do Barclays.
Portanto, neste caso o passivo do banco originado com o empréstimo bancário ao investidor do Golfo transmutou-se de (1) um passivo de contas a pagar para (2) um passivo de depósito de cliente, para finalmente acabar como (3) participação accionista – uma outra categoria no lado do passivo do balanço do banco.
Efectivamente, o Barclays inventou o seu próprio capital. Isto certamente foi mais barato para o contribuinte do Reino Unido do que utilizar dinheiro dos impostos. Como às companhias cotadas publicamente não é permitido emprestar moeda para firmas com o propósito de comprar as suas acções, isto não estava em conformidade com o Companies Act 2006 (Secção 678, Proibição de assistência para a aquisição de acções em companhia cotada em bolsa). Mas os reguladores estavam desejosos de olhar para o lado.
Como argumenta Werner (2014b) , utilizar o banco central ou a criação de crédito bancário é em princípio o meio mais eficaz para limpar o sistema bancário e assegurar que o crescimento do crédito bancário se recupere rapidamente. Entretanto, o caso do Barclays evidencia que exigências mais estritas de capital não impedem necessariamente os bancos de expandir crédito e criação de moeda, uma vez que a sua criação de depósitos gera mais poder de compra com a qual aumentos de capital do banco também podem ser financiados.
Além disso, Werner destaca que bancos criam o ciclo de crescimento e queda ao emprestarem demasiado para propósitos especulativos, não produtivos:
Ao deixar de considerar o facto de que os bancos criam moeda, economistas e governos estão a lançar as sementes de crashes futuros. Mas o campo da teoria económica é muito resistente à mudança... O professor de teoria económica Steve Keen observa na [revista] Forbes:
Em qualquer ciência genuína, dados empíricos como este teriam forçado a ortodoxia a repensar a sua posição. Mas na teoria económica, a profissão navega em frente, alegremente inconsciente de como o seu modelo de "bancos como intermediários entre aforradores e investidores" está gravemente errado – e agora cega-os para o remédio para a crise tal como anteriormente os cegou para a possibilidade de ocorrer uma crise.
Um dito humorístico definiu um economista como alguém que, quando se mostrava que alguma coisa funcionava na prática, respondia: "Ah! Mas será que funciona na teoria?"
E um documento de 2016 do FMI observa :
Cerca da década de 1960 os bancos começaram a desaparecer completamente da maior parte dos modelos macroeconómicos acerca do funcionamento da economia.
Isto ajuda a explicar porque, quando confrontados com a Grande Recessão em 2008, a macroeconomia inicialmente não estava preparada para contribuir muito em relação à análise da interacção de bancos com a economia macro. Hoje há um apreciável corpo de investigação sobre este tópico, mas a literatura ainda tem muitas dificuldades.
Virtualmente, toda a investigação económica neoclássica convencional está baseada na altamente enganosa descrição da banca como "intermediação de fundos emprestáveis"...
Nas teorias modernas neoclássicas da intermediação de fundos emprestáveis, os bancos são encarados como a intermediarem poupanças reais. A concessão de empréstimos, nesta narrativa, começa com bancos a colectarem depósitos de recursos reais poupados anteriormente (bens de consumo perecíveis, bens de consumo duradouros, máquinas e equipamentos, etc) por aforradores e acaba com a concessão de empréstimos daqueles mesmos recursos reais a tomadores. Mas tais instituições simplesmente não existem no mundo real.
Não há fundos emprestáveis de recursos reais que banqueiros possam colectar e a seguir emprestar. Os bancos naturalmente colectam cheque ou instrumentos financeiros semelhantes, mas porque tais instrumentos – para terem qualquer valor – devem ser extraídos de fundos vindos de outro lugar no sistema financeira, eles não podem ser depósitos de novos fundos vindos de fora do sistema financeiro.
Novos fundos são produzidos só com novos empréstimos bancários (ou quando bancos compram activos financeiros ou reais adicionais), através de entradas por escrituração feitas por digitação no teclado do banqueiro no momento do desembolso. Isto significa que os fundos não existem antes do empréstimo e que eles estão na forma de entradas electrónicas – ou, historicamente, entradas no livro razão – ao invés de recursos reais.
Esta função "financiamento através de criação de moeda" dos bancos tem sido reiteradamente descrita em publicações dos principais bancos centrais do mundo – ver McLeay, Radia e Thomas (2014a, 2014b) para resumos excelentes. O que tem sido muito mais desafiante, contudo, é a incorporação destas percepções dentro dos modelos macroeconómicos [muito verdadeiro] .
Qual é a solução?
Temos visto os problemas criados por não se considerar o facto de que os bancos privados criam moeda. Mas há soluções... Inicialmente, o professor Werne observa que impedir bancos de criarem nova moeda para empréstimos destinado a especulação e mero consumo pessoal preveniria [ciclos] de ascensão e queda.
Werner afirma que o "Milagre asiático" aconteceu exactamente por esta razão:
Adicionalmente, permitir a pequena comunidade de bancos que cresça levaria a economia real a florescer... uma vez que bancos pequenos emprestam a pequenos negócios (os quais criam a maioria dos empregos), ao passo que bancos grandes emprestam só a companhias gigantes e a especuladores:
Na verdade, grandes bancos estão virtualmente fora do negócio tradicional da concessão de empréstimos... e os pequenos bancos são os únicos a financiar os negócios comuns . Werner diz que isto é o secredo do êxito económico alemão:
PS: Devido aos seus poderes únicos de impressão da moeda, os bancos agora literalmente possuem o mundo ... incluindo todo o sistema político .
Há uma guerra extrema em conexão com a banca. Recorde que os bancos gigantes tentaram aniquilar a comunidade bancária através da Parceria Trans Pacífico (TPP). E, como destaca o professor Werner, o Banco Central Europeu está actualmente numa guerra para destruir bancos da comunidade:
Hoje uma das batalhas chave para a prosperidade e a democracia é a descentralização do sistema bancário .http://www.zerohedge.com/Na realidade, na economia moderna, os bancos comerciais são os criadores da moeda depositada... Ao invés de os bancos emprestarem a partir dos depósitos neles efectuados, o acto de emprestar cria depósitos – o inverso da sequência descrita tipicamente nos manuais.
Bancos comerciais criam moeda, na forma de depósitos bancários, ao fazerem novos empréstimos. Quando um banco faz um empréstimo, como para alguém que contrai uma hipoteca para comprar uma casa, ele tipicamente não faz isso dando-lhe um valor de milhares de libras de papel-moeda. Ele, ao invés, credita a sua conta bancária com um depósito da dimensão da hipoteca. Nesse momento é criada nova moeda.
Por esta razão, alguns economistas têm-se referido aos depósitos bancários como "moeda de caneta", criada com um rabisco de banqueiros quando aprovam empréstimos. Esta descrição da criação e moeda contrasta com a noção de que bancos só podem emprestar a partir de moeda pré-existente, esboçada acima. Depósitos bancários são simplesmente um registo de quanto o próprio banco deve aos seus clientes. De modo que eles são um passivo do banco, não um activo que poderia ser emprestado.
Analogamente, o Federal Reserve Bank of Chicago na década de 1960 publicou um folheto chamado "Modern Money Mechanics" em que declara :
[Bancos] realmente não distribuem empréstimos a partir da moeda que recebem como depósitos. Se assim fizessem, nenhuma moeda adicional seria criada. O que eles fazem ao efectuar empréstimos é aceitar notas promissórias em troca de créditos nas contas à ordem do tomador.
O perito monetário e professor de teoria económica Randall Wray explicou ao Washington's Blog que:
Depósitos bancários são promissórias do banco
Ao professor de teoria económica Richard Werner – que obteve o seu PhD em economics por Oxford, foi o primeiro investigador Shimomura no Instituto de Investigação para a Formação de Capital no Banco de Desenvolvimento do Japão, investigador visitante do Instituto de Estudos Monetários e Económicos do Banco do Japão, académico visitante no Instituto de Estudos Monetários e Orçamentais do Ministério das Finanças e economista chefe de Jardine Fleming – foi-lhe concedido acesso para fins de estudo à contabilidade de um banco e confirmou que os bancos privados criam moeda quando eles simplesmente criam depósitos fictícios na conta de um tomador de empréstimo. Werner explica:
O que os bancos fazem é simplesmente reclassificar nas contas a pagar o acto da concessão do empréstimo como "depósito de cliente" e o público em geral, quando recebe um pagamento na forma de uma transferência bancária, acredita que uma forma de moeda foi paga ao banco.
Nenhum saldo é retirado para efectuar um pagamento ao tomador do empréstimo.
O banco não torna realmente disponível qualquer moeda para o tomador do empréstimo: Não se verifica nenhuma transferência de fundos de qualquer lugar para o cliente ou sequer para a conta do cliente. Não há uma redução igual no saldo de uma outra conta para custear (defray) o tomador do empréstimo. Ao invés disso, o banco simplesmente reclassificou os seus passivos, mudando a obrigação das "contas a pagar" decorrente do contrato do empréstimo bancário para uma outra categoria do passivo chamada "depósitos de clientes".
Apesar de o tomador do empréstimo ter a impressão de que o banco lhe transferiu moeda do seu capital, das reservas ou de outras contas para a conta do tomador (como na verdade afirmam erroneamente as principais teorias da banca, da intermediação financeira e da reserva fraccionária), na realidade não é o caso. Nem o banco nem o cliente depositaram qualquer moeda, nem quaisquer fundos fora do banco foram para qualquer lugar a fim de fazer o depósito na conta do tomador. Na verdade, não houve depósito de quaisquer fundos.
O passivo do banco é simplesmente redenominado como "depósito bancário".
Os bancos criam moeda quando concedem um empréstimo: eles inventam um depósito fictício de cliente, o qual o banco central e todos os utilizadores do nosso sistema monetário consideram ser "moeda", indistinguível de depósitos "reais" não recém inventados pelos bancos. Portanto os bancos não concedem apenas crédito, eles criamcrédito e, simultaneamente, eles criam moeda.
Ao invés de descarregar o seu passivo para distribuir empréstimos, os bancos simplesmente reclassificam os seus passivos com base em contratos de empréstimos de "contas a pagar" para a rubrica "depósito de clientes"...
Como os bancos fazem isto?
O professor Werner explica a razão porque os bancos – mas mais ninguém – podem criar moeda a partir do ar: é que eles são a única instituição isenta das regras normais de contabilidade. Especificamente, qualquer outra empresa estaria em infracção por contabilidade fraudulenta se conjurassem nova moeda a partir do ar pela reclassificação de um passivo (isto é, contas a pagar) como um activo (isto é, um depósito). Mas os bancos conseguiram isso através de isenções de modo que não têm de seguir as regras normais da contabilidade:
O que permite aos bancos criarem crédito e portanto moeda é a sua isenção das "Normas sobre o dinheiro do cliente" (Client Money Rules). Graças a esta isenção é-lhes permitido manterem depósitos dos clientes no seu próprio balanço. Isto significa que os depositantes que depositam sua moeda num banco já não são mais os possuidores legais desta moeda. Ao invés disso, eles são apenas um dos credores gerais do banco a que deve dinheiro. Isto também significa que o banco tem acesso aos registos dos depósitos do cliente mantidos com ele e inventa um novo "depósito de cliente" que não foi criado a partir de um depósito, mas ao invés é fruto da reclassificação em contas a pagar no passivo do banco em consequência de um contrato de empréstimo.
O que torna os bancos singulares e explica a combinação de concessão de empréstimos e tomada de depósitos sob o mesmo tecto é o facto mais fundamental de que eles não têm de segregar contas de clientes e, assim, são capazes de entrar num exercício de "re-etiquetagem" e mistura de diferentes passivos, especificamente pela re-designação das contas a pagar dos seus passivos, verificadas quando entram em acordos de empréstimo, para uma outra categoria do passivo chamada "depósitos de clientes".
O que distingue bancos de não-bancos é a sua capacidade de criar crédito e moeda através da concessão de empréstimos, a qual é cumprida pela escrituração do que são realmente passivos de contas a pagar como depósitos imaginários de clientes. E isto por sua vez é tornado possível por uma regulamentação particular que transforma os bancos em entidades singulares: sua isenção das "Normas sobre o dinheiro do cliente". [Werner dá um exemplo concreto na lei britânica para instituições bancárias e não bancárias.]
Soa fraudulento?
O professor Werner também pensa assim. Mas ele também destaca mais alguns pontos importantes...
O que significa tudo isto? As implicações da criação de moeda pelos banca privada
Os economistas convencionais (mainstream) acreditam que a dívida privada nem mesmo "existe" como uma força actuante sobre a economia. Exemplo: Ben Bernanke e Paul Krugman assumem que níveis enormes de dívida familiar não prejudicam a economia porque mais dívida entre famílias significa apenas que poupadores lhes emprestaram moeda... isto é, que se trata de uma rede de lavagem (net wash) para a economia. Para fazerem esta suposição, eles confiam no mito desmascarado acima... que os bancos só podem emprestar quanta moeda tiverem nos seus depósitos. Na realidade, 143 anos de história mostram que a dívida privada excessiva – de per si – podecausar depressões.
Além disso, o professor Werne destaca que tentativas de escorar o sistema bancário com exigências de capital (tais como nos acordos de Basiléia) estão condenadas ao fracasso, uma vez que não reconhecem que os bancos podem criar moeda à vontade:
As regras de Basiléia estão condenadas ao fracasso, pois consideram os bancos como intermediários financeiros quando, nos factos reais, eles são os criadores da oferta monetária. Uma vez que os bancos inventam moeda como depósitos fictícios, pode-se mostrar de imediato que a adequação de capital com base na regulamentação da banca não tem de restringir a actividade bancária: os bancos podem criar moeda e portanto providenciar para que a moeda fique disponível para comprar acções recém emitidas que aumentam o seu capital bancário. Por outras palavras, os bancos poderiam simplesmente inventar a moeda que é então utilizada para aumentar o seu capital.
Foi o que Barclays Bank fez em 2008, a fim de evitar a utilização de dinheiro dos impostos para escorar o capital do banco. O Barclays "levantou" £5,8 mil milhões em nova participação accionista junto a investidores de riqueza soberana do Golfo – ao, como transpirou, emprestar-lhes a moeda! Como é explicado por Werner (2014a) , o Barclays implementou uma operação padrão de empréstimo, inventando portanto os £5,8 mil milhões de depósito "emprestados" ao investidor. Este depósito foi então utilizado para "comprar" as acções recém emitidas do Barclays.
Portanto, neste caso o passivo do banco originado com o empréstimo bancário ao investidor do Golfo transmutou-se de (1) um passivo de contas a pagar para (2) um passivo de depósito de cliente, para finalmente acabar como (3) participação accionista – uma outra categoria no lado do passivo do balanço do banco.
Efectivamente, o Barclays inventou o seu próprio capital. Isto certamente foi mais barato para o contribuinte do Reino Unido do que utilizar dinheiro dos impostos. Como às companhias cotadas publicamente não é permitido emprestar moeda para firmas com o propósito de comprar as suas acções, isto não estava em conformidade com o Companies Act 2006 (Secção 678, Proibição de assistência para a aquisição de acções em companhia cotada em bolsa). Mas os reguladores estavam desejosos de olhar para o lado.
Como argumenta Werner (2014b) , utilizar o banco central ou a criação de crédito bancário é em princípio o meio mais eficaz para limpar o sistema bancário e assegurar que o crescimento do crédito bancário se recupere rapidamente. Entretanto, o caso do Barclays evidencia que exigências mais estritas de capital não impedem necessariamente os bancos de expandir crédito e criação de moeda, uma vez que a sua criação de depósitos gera mais poder de compra com a qual aumentos de capital do banco também podem ser financiados.
Além disso, Werner destaca que bancos criam o ciclo de crescimento e queda ao emprestarem demasiado para propósitos especulativos, não produtivos:
Ao deixar de considerar o facto de que os bancos criam moeda, economistas e governos estão a lançar as sementes de crashes futuros. Mas o campo da teoria económica é muito resistente à mudança... O professor de teoria económica Steve Keen observa na [revista] Forbes:
Em qualquer ciência genuína, dados empíricos como este teriam forçado a ortodoxia a repensar a sua posição. Mas na teoria económica, a profissão navega em frente, alegremente inconsciente de como o seu modelo de "bancos como intermediários entre aforradores e investidores" está gravemente errado – e agora cega-os para o remédio para a crise tal como anteriormente os cegou para a possibilidade de ocorrer uma crise.
Um dito humorístico definiu um economista como alguém que, quando se mostrava que alguma coisa funcionava na prática, respondia: "Ah! Mas será que funciona na teoria?"
E um documento de 2016 do FMI observa :
Cerca da década de 1960 os bancos começaram a desaparecer completamente da maior parte dos modelos macroeconómicos acerca do funcionamento da economia.
Isto ajuda a explicar porque, quando confrontados com a Grande Recessão em 2008, a macroeconomia inicialmente não estava preparada para contribuir muito em relação à análise da interacção de bancos com a economia macro. Hoje há um apreciável corpo de investigação sobre este tópico, mas a literatura ainda tem muitas dificuldades.
Virtualmente, toda a investigação económica neoclássica convencional está baseada na altamente enganosa descrição da banca como "intermediação de fundos emprestáveis"...
Nas teorias modernas neoclássicas da intermediação de fundos emprestáveis, os bancos são encarados como a intermediarem poupanças reais. A concessão de empréstimos, nesta narrativa, começa com bancos a colectarem depósitos de recursos reais poupados anteriormente (bens de consumo perecíveis, bens de consumo duradouros, máquinas e equipamentos, etc) por aforradores e acaba com a concessão de empréstimos daqueles mesmos recursos reais a tomadores. Mas tais instituições simplesmente não existem no mundo real.
Não há fundos emprestáveis de recursos reais que banqueiros possam colectar e a seguir emprestar. Os bancos naturalmente colectam cheque ou instrumentos financeiros semelhantes, mas porque tais instrumentos – para terem qualquer valor – devem ser extraídos de fundos vindos de outro lugar no sistema financeira, eles não podem ser depósitos de novos fundos vindos de fora do sistema financeiro.
Novos fundos são produzidos só com novos empréstimos bancários (ou quando bancos compram activos financeiros ou reais adicionais), através de entradas por escrituração feitas por digitação no teclado do banqueiro no momento do desembolso. Isto significa que os fundos não existem antes do empréstimo e que eles estão na forma de entradas electrónicas – ou, historicamente, entradas no livro razão – ao invés de recursos reais.
Esta função "financiamento através de criação de moeda" dos bancos tem sido reiteradamente descrita em publicações dos principais bancos centrais do mundo – ver McLeay, Radia e Thomas (2014a, 2014b) para resumos excelentes. O que tem sido muito mais desafiante, contudo, é a incorporação destas percepções dentro dos modelos macroeconómicos [muito verdadeiro] .
Qual é a solução?
Temos visto os problemas criados por não se considerar o facto de que os bancos privados criam moeda. Mas há soluções... Inicialmente, o professor Werne observa que impedir bancos de criarem nova moeda para empréstimos destinado a especulação e mero consumo pessoal preveniria [ciclos] de ascensão e queda.
Werner afirma que o "Milagre asiático" aconteceu exactamente por esta razão:
Adicionalmente, permitir a pequena comunidade de bancos que cresça levaria a economia real a florescer... uma vez que bancos pequenos emprestam a pequenos negócios (os quais criam a maioria dos empregos), ao passo que bancos grandes emprestam só a companhias gigantes e a especuladores:
Na verdade, grandes bancos estão virtualmente fora do negócio tradicional da concessão de empréstimos... e os pequenos bancos são os únicos a financiar os negócios comuns . Werner diz que isto é o secredo do êxito económico alemão:
PS: Devido aos seus poderes únicos de impressão da moeda, os bancos agora literalmente possuem o mundo ... incluindo todo o sistema político .
Há uma guerra extrema em conexão com a banca. Recorde que os bancos gigantes tentaram aniquilar a comunidade bancária através da Parceria Trans Pacífico (TPP). E, como destaca o professor Werner, o Banco Central Europeu está actualmente numa guerra para destruir bancos da comunidade:
A Mafia Global está a manter o seu poder contratando e pagando mercenários armados e políticos com divisas de papel cujo valor real repousa somente na fé das pessoas neste sistema que eles mesmo construíram.
O Castelo de Cartas não terá alternativa senão ser sugado para dentro do seu próprio vácuo quando o povo começar a abrir os olhos a toda esta chicanice elaborada.
13/Março/2017
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