segunda-feira, 24 de abril de 2017

No dia 25 de Abril de 1974 a revolução poderia ter acabado muito mal

Por Juvenal Rodrigues
«...Ainda em Santarém, Salgueiro Maia, depois de anunciar qual o propósito da marcha sobre Lisboa, consciente do perigo que os aguardava, ainda esclareceu os homens sob o seu comando que tinham a opção de ir ou ficar mas todos, uns pela sua juventude irreverente outros pelo espírito de aventura e outros por nem saberem ao certo ao que iam, optaram por ficar e assim os seus nomes ficarão para sempre ligados ao grande acontecimento histórico, a “Revolução dos Cravos”.
Chegados à Praça do Comércio, Salgueiro Maia ordenou que os canhões dos blindados fossem apontados ao Ministério do Exército onde estavam reunidos os Ministros do Governo. Todavia, pouco depois, foram cercados por uma coluna de blindados do exército composta por carros de combate M47 (lagartas) com forças fieis ao regime, esta com um poder bélico muito superior ao dos revoltosos e comandada pelo Brigadeiro Reis o qual ordenou ao Alferes Soto Maior que abrisse fogo contra os revoltosos, porém o alferes recusou-se a cumprir tal ordem e foi-lhe dada, imediatamente, voz de prisão. Não obstante o Brigadeiro apontou a sua “Walter” à cabeça do Cabo Costa ordenando-lhe que disparasse mas como o Cabo se recusou alegando que não sabia manejar as armas do blindado o Brigadeiro Reis sentiu-se desautorizado e debandou evitando-se assim um banho de sangue em plena baixa da Capital.
Ultrapassado este episódio onde o sucesso da revolução esteve por um fio, Salgueiro Maia ordena uma marcha até ao Quartel do Carmo e num curto espaço de 5 minutos as portas abriram-se sendo, nesse momento, dado voz de prisão ao chefe do Governo, Marcelo Caetano cuja única condição que impôs foi a de entregar o poder a um oficial General. ...» (ver artigo completo no diário de notícias)

"Ou dá fogo ou meto-lhe um tiro na cabeça"
 José Alves Costa, o cabo apontador que chegou ao Terreiro do Paço dentro de um blindado M47 para defender o regime de Marcelo Caetano, desobedeceu às ordens de abrir fogo contra a coluna de Salgueiro Maia, que descera de Santarém para ocupar o centro do poder e derrubar a ditadura. [veja mais no Público]
"Eu estava em cima, na torre [do M47]. Ele [brigadeiro Junqueira dos Reis, segundo-comandante da Região Militar de Lisboa] subiu a grade do meu carro e foi para cima da grelha. Eu estava em sentido. Ele disse-me:'Sabe trabalhar com isso, nosso cabo?' Eu disse: 'Pouco.' Tentei compor... 'Fui improvisado para aqui. Sei pouco trabalhar com isto.' O brigadeiro disse: 'Dá fogo já a direito.' 'Dá fogo' era virado pr'aqueles [a coluna da Escola Prática de Cavalaria, de Santarém]. Eu disse: 'Vou ver se consigo, mas eu não sei.' E ele só me respondeu: 'Ou dá fogo ou meto-lhe um tiro na cabeça!' Pegou na pistola, vinha vestido de brigadeiro, mesmo. E eu então meti-me dentro da torre. Aquilo tem uma porta, fechei-a e disse para o condutor: 'Fecha as portas também.' Eu, fechando-me dentro do carro, ninguém abre, porque aquilo é blindado, entende? Podia marrar lá com a cabeça que não me encontrava."

[Veja o resto das fotos do jornal Público]









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