domingo, 31 de maio de 2015

Gilberto Teixeira bateu com a porta e com toda a razão.Não tolera traidores

Com a crónica “Há gente que não quer ver”, Gilberto Teixeira põe fim a uma longa colaboração, como colunista, no Jornal da Madeira. A crónica de despedida é assinada hoje no Jornal da Madeira. “Em total liberdade, dou hoje por finda a minha colaboração neste Jornal, que servi com honra, orgulho e dedicação desde 1961…

Há gente que não quer ver

Há gente por aí que parece sentir-se feliz ao duvidar de certas decisões. Com esses não quero nada. A vida traz-nos imensas surpresas e vamos continuar a assistir a decisões justas e injustas. Sem dúvidas! Nos últimos dias temos visto uma catadupa de argumentos deste novo governo em defesa de situações que são muito questionáveis.
Querem provocar, agredir, cultivando a acrimónia? Comigo é tempo perdido. Nem me custa queimar amizades, se porventura alguém pensa que deve notar-se por ser impiedoso nas suas decisões. Sempre batalhei por um Jornal da Madeira bom e, sobretudo pela defesa dos postos de trabalho dos que aqui estão, há anos, permanentemente ao serviço de causas! É aqui que fazem a sua vida. Com estes governantes como patrões, devem ser respeitados, tidos como bons profissionais e tratados com humanismo.
Se muita coisa andou mal nos últimos anos, e não foram tantos como alguns apregoam, a culpa não é dos trabalhadores dos diferentes sectores deste jornal. A missão principal é propagar os valores cristãos. Depois, noticiar com rigor, cumprindo as regras mais elementares da pluralidade. O jornalismo é uma nobre missão. Mas se houve alguém que cometeu pecados e fez descambar este projecto para outros caminhos, de forma agressiva e impensável, a culpa não é dos trabalhadores.
Há gente que não quer ver a realidade. Nem ver-se ao espelho. Os que se calaram, os que consentiram, os que se serviram, os que omitiram o que se passava em reuniões onde se discutia o futuro deste jornal, e abanavam a cabeça e diziam “ámen” a tudo. Esses, sim, são os verdadeiros culpados do jornal ter chegado a esta situação. Nunca os trabalhadores desta casa podem ser acusados de incumprimento de ordens superiores. Foi por eles que me bati e continuarei a estar ao lado deles, porque são as vítimas de um processo de contornos kafkianos.
Não venham agora com desculpas, nem invoquem recentes diferenças de opinião com o líder que saiu. Contemporizaram. Consentiram que a força política à qual pertenciam, fizesse deste jornal, aquilo que todos hipocritamente condenam. Recuperar de anos de violentos e incontestáveis ataques à falta de pluralismo ou de liberdade de opinião, e de todo o tipo de expressão, não se faz ao som do tambor da morte, nem de despedimentos cujo critério inexiste.
Exonerar é fácil. Promover, sem atraiçoar, é complexo e difícil. Mas há gente nesta casa, em expectativa angustiante. Continuo a pensar que este Jornal tem o seu lugar nesta sociedade. Não pode coexistir gente boa desta casa, com um reles naipe de invejosos e mentirosos e, sobretudo, de cínicos e ambiciosos com falta de senso. Houve um tempo em que se falava em traidores, punhaladas pelas costas e outras leviandades.
O meu propósito foi sempre o de procurar um jornalismo melhor e com ele, ou através dele, um mundo mais justo, onde a amizade sadia prevalecesse sobre a mentira, a sonsice, o esquema de retaliação ou de vingança. Fui dos que se bateu por uma Madeira desenvolvida e moderna. Apoiei essas causas com muita honra. Mas nunca fui indefectível de ninguém. Há milhares de artigos escritos, a prová-lo. Do mesmo modo que guardo correspondência pessoal a testemunhar o que acabo de afirmar. De vários quadrantes, desde o antigo ao actual poder entre outros particulares.
Não gosto de blogues, Facebook, Twiter ou Instagram’s. São ferramentas importantes para indivíduos despejarem anonimamente o fel que possuem. Também nunca tive apetência para pertencer a Partidos políticos. Preservo muito a minha liberdade e, também por isso, defendi causas que me levaram a conhecer os bancos do Tribunal. Fui ilibado. O que não tolero nem aceito e repugna-me, são descortesias, venham elas donde vierem. Por via disso, e em total liberdade, dou hoje por finda a minha colaboração neste Jornal, que servi com honra, orgulho e dedicação desde 1961 até esta data. A todos os trabalhadores do JM muito obrigado. (ver AQUI)

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