Parece que a recente distinção do ex-ditador da Madeira, Alberto João Jardim, com o título de Doutor Honoris Caca, desculpem - Causa - pela Universidade da Madeira, não caiu lá muito bem na África profunda. O anúncio proferido pelo magnífico Reitor José do Carmo originou um grande mal-estar, nomeadamente na Guiné Equatorial, onde o Presidente Teodoro Obiang ficou ofendidíssimo, e com muita razão, por José do Carmo e a UMA não se terem lembrado dele.
Teodoro Obiang, que governa a Guiné com mão-branda desde 1979 (muito mais tempo que Jardim), é um dos grandes guardiões da lusofonia portuguesa, aliás, graças ao seu esforço titânico em prol da cultura portuguesa na costa de África, conseguiu que o seu desenvolvido País entrasse no restrito grupo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Aliás, o Doutor Dry Fart, da prestigiada Universidade de Bioko, teceu duras críticas ao magnífico Reitor José do Carmo, da UMA, pois este não teve em consideração o recente avanço científico, desenvolvido pelo senhor Presidente Teodoro Obiang, ao conseguir que os Chimpanzés-Bonobos falassem fluentemente o português.
Mas não foi só na Guiné Equatorial que a decisão de distinguir Jardim com o Honoris Causa causou engulhos. No Zimbabwe, alguns académicos da Universidade de Harare, muito próximos do ex-Presidente Robert Mugabe, também receberam com manifesto desagrado o anúncio de José do Carmo, já que esse título honorífico dado a pessoas de boa reputação, virtudes e mérito encaixava na perfeição no senhor Presidente Mugabe.
Outro facto estranho nesta distinção a Jardim é que a Universidade da Madeira foi sempre um foco de grande dissidência e contestação ao regime jardinista. (As Universidades de grande prestígio são assim).
É internacionalmente reconhecida a irreverência dos seus alunos e professores em defesa de um regime democrático e pluralista na Madeira. O espírito crítico e interventivo da nossa Universidade até fez estremecer o todo-poderoso PSD/Madeira. O próprio Jaime Ramos evitava passar nas proximidades, tal era a efervescência estudantil. Nem a Universidade de Berkeley, na Califórnia, conseguiu nos seus áureos tempos de contestação à Guerra do Vietnam alcançar a turbulência que se viveu na nossa UMa. Alguns analistas até defendem que o ambiente contestatário que se viveu na universidade madeirense durante os longos anos da governação jardinista tiveram mais efeitos revolucionários do que Maio de 68, em França. É de realçar que algumas manifestações estudantis contra a tentativa de controlo do Governo Regional do campus universitário e do Jornal da Madeira juntaram mais estudantes rebeldes que o grupinho da Universidade de Nanterre, quando nos anos sessenta pediu a cabeça a Charles de Gaulle e ostentou o mísero slogan: “É proibido proibir!”
É por isto que ninguém percebe as razões que levaram uma universidade conhecida pelas suas posições antirregime, insubmissa, e contestatária, a tomar esta atitude de agraciar o velho ex-ditador Jardim com o título “doutor honoris causa”. Tanto que, alguns contestatários do atual reitor o acusam de estar a comprometer a Universidade da Madeira com o movimento surrealista de Alain Breton e com “As mamas das Tirésias”, do seu mestre Guillaume Apollinaire, ou mesmo transformar a universidade numa “Comunidade” promíscua, à moda de Luiz Pacheco e de Mário Cesariny. A extravagância académica de José do Carmo e dos seus acólitos chegou ao ponto, acusam os críticos, de estarem a desenvolver esforços junto de Jorge Sampaio, ex-Presidente da República e um dos líderes estudantis da revolta académica de 1962, para que este exerça influências no Continente para alterar o nome da Universidade da Madeira para Universidade Doutor Oliveira Salazar. (ver Fénix do Atlântico)