quarta-feira, 14 de abril de 2021

Depois do Ivo a Festa (escreve Gil da Silva Canha)

Depois do Ivo, a festa!
Enquanto o País perplexo tomava conhecimento da absurda decisão instrutória do Juiz Ivo Rosa, que dos 189 crimes que constavam da acusação do MP, apenas 17 seguem para julgamento, e que todos os crimes de corrupção apontados no âmbito da Operação Marquês caíram como um baralho-de-cartas, aqui e ali, por todo o território nacional e ilhas, surgem alegres e triunfantes os inúmeros sócrates que este país pariu. 

Diz o ditado popular que ´quando os porcos bailam advinham chuva´, e era efetivamente este o ambiente otimista e festivo que se vivia nas pocilgas luxuosos onde estes animais habitualmente chafurdam, pressentindo e já cheirando no ar que o desfecho seria o habitual, isto é - os corruptos de alto gabarito safam-se sempre!

 Na Madeira, os imensos sócrates que cá temos, mal ouviram a sentença bizantina de Ivo Rosa, pularam de alegria, e até há conhecimento que alguns desses cavalheiros abriram garrafas de champanhe e brindaram a esta justiça corrupta e ineficaz, dando vivas à impunidade de que gozam e morras aos invejosos.

E quem olha com atenção para as paredes de pedra aparelhada da Madeira Nova sabe que sempre que acontecem estes fenómenos de libertinagem e devassidão judicial, aparecem sempre no meio dos buracos da parede umas cabecinhas felizes da lagartixada corrupta. Foi assim com o famoso Processo do Porto do Funchal, foi assim com o célebre (1) caso do apartamento da Nazaré, onde se faturou milhões de euros em faturas falsas, foi assim com o Cuba Livre, e será assim com o caso do Albuquerque e a sua Quinta do Arco, e será assim com o desvio de milhares de euros dos cofres das câmaras socialistas para negociatas de propaganda política do PS/Madeira cafofiano.

E foi neste ambiente de festança pós-sentença do Ivo Rosa que os Donos Disto Tudo (que a partir de agora, por uma questão de ordem prática, devem ser chamados – os sócrates) anunciaram com pompa e circunstância a constituição da sua lista, candidata à Câmara Municipal do Funchal.  A lista dos nossos sócrates é encabeçada por um socrático Pedro Calado, e tem figuras de peso, como Cristina Pedra, uma das personagens envolvidas no caso do Porto do Funchal, no monopólio de rapina do Caniçal e no célebre caso dos fundos europeus esfumados, que até meteu um padre de São Vicente e tudo; de Margarida Pocinho, uma senhora com fortes ligações familiares ao nosso estimado sócrates da estiva, e no meio deste verdadeiro caldo socrático, aparecem por arrasto, outras três inocentes criaturas, que ainda não perceberam bem onde estão metidas. Aliás, até é altamente confrangedor e humilhante ver Bruno Pereira, antigo Vice-presidente da Câmara, despromovido a simples peça-de-adorno e metido lá atrás, como uma espécie de cigarrilha das antigas camionetas do Batata.

O conde Joseph de Maistre é o autor da célebre frase “Toute nation a le gouvernement qu´elle mérite” (Toda a nação tem o governo que merece); no nosso caso, todo o povo tem os sócrates que merece. E continua a festa… 


(Gil Canha no Fénix do Atlântico)
(1) A senhora juíza Carla Meneses aqui assinalada na foto tornou-se  célebre por absolver o tubarão do  regime Avelino Farinha no célebre caso dos 34 milhões de euros em facturas falsas, passadas por um falso empreiteiro, que residia num modesto apartamento no  bairro da Nazaré. 

 A senhora Juíza aparece aqui na foto com  aquele ar angelical ao lado do Juiz Filipe Câmara que  atualmente é o presidente da Comarca da Madeira.

Sem comentários:

Enviar um comentário