Da travessia no deserto às presenças assíduas
(fonte Diário de Notícias do Funchal, Terça, 10 de Junho de 2014)
PASSAMOS EM REVISTA OS MUNDIAIS DA SELECÇÃO PORTUGUESA
Hoje celebra-se o Dia de Portugal e nada melhor do que aproveitar esta data para recordar as presenças da selecção nos Mundiais. Da campanha gloriosa de 1966 ao descalabro de 1986. Da desilusão em 2002 ao brilhantismo de 2006. E novamente a prestação abaixo das expectativas em 2010. Portugal vai participar, pela sexta vez, no campeonato do mundo. Hoje é uma presença assídua nas grandes competições, mas nem sempre foi assim. A travessia no deserto afastou a selecção das Quinas dos palcos mais mediáticos durante anos a fio, mas o novo século trouxe um cenário bem diferente.
1966: inesquecível Logo no ano de estreia no Mundial, Portugal surpreendeu e alcançou o 3.º lugar. Diz quem viu que a selecção nacional jogou o futebol mais espectacular e atractivo. Os resultados acompanharam essa linha de raciocínio. Os ‘magriços’ só caíram frente à anfitriã Inglaterra, nas meias-finais. Mas isso não apagou o percurso, a todos os níveis, brilhante. Eusébio foi o melhor marcador, ao apontar nove golos.
O Mundial 1966 é inesquecível para quem dele se lembra. As gerações seguintes encontram nos livros e revistas o legado dos ‘magriços’. A reviravolta frente à Coreia do Norte (vitória por 5-3 depois de estar a perder 0-3), o triunfo sobre o Brasil (3-1) ou mesmo a meia-final com os ingleses (1-2) foram alguns dos pontos mais altos da selecção de 1966. A subida ao pódio foi consumada com um triunfo (2-1) sobre a União Soviética.
1986: Saltillo O segundo Mundial fica reduzido à pálida imagem que os portugueses deixaram em campo. Mas sobretudo o lado mais negativo do futebol português, envolvido numa polémica que manchou a presença no México, em 1986. FFP e jogadores não se entenderam quanto aos prémios de jogo. A revolta em pleno estágio, na cidade de Saltillo.
Entre ameaças de greve, Portugal ainda começou com uma vitória (1-0) frente à Inglaterra. Seguiu-se a lesão de Manuel Bento, mais um problema a juntar a tantos outros. A selecção portuguesa perdeu com a Polónia e chegou ao último jogo da fase de grupos a precisar de apenas um empate, frente a Marrocos. Mas nem isso: derrota por 3-1 e regresso precoce a Lisboa.
2002: desilusão Mais uma longa espera e… desilusão. A geração de ouro estava, finalmente, no campeonato do mundo, mas o sucesso anterior não teve reflexo a oriente. O prenúncio do descalabro começou em Macau, local escolhido para o estágio. O planeamento não foi feito de forma correcta e os jogadores chegaram à Coreia do Sul completamente desgastados fisicamente. A derrota (3-2) frente aos Estados Unidos foi um choque. No jogo seguinte, diante da Polónia, a selecção portuguesa goleou e disfarçou os problemas. Mas faltava ainda defrontar a anfitriã. A aí tudo veio abaixo: João Vieira Pinto expulso por agressão ao árbitro e derrota por 1-0 frente à Coreia do Sul. Sem honra, nem glória.
2006: brilhante Depois de duas desilusões, Portugal não poderia voltar a falhar. E não falhou! No Mundial 2006, já com Cristiano Ronaldo e ainda com Luís Figo, a selecção efectuou um percurso de grande nível, aliando os bons resultados a exibições notáveis. Na fase de grupos, caminhada 100 por cento vitoriosa, frente a Angola (1-0), Irão (2-0) e México (2-1). Seguiu-se a Holanda, nos oitavos-de-final. Os portugueses voltaram a espremer a laranja (vitória por 1-0).
Tal como tinha acontecido no Euro 2004, Portugal voltou a eliminar a Inglaterra, e novamente nas grandes penalidade, com Ricardo em grande plano. Só faltou ultrapassar o carrasco do costume: a França (derrota 1-0). Outra vez Zidane, outra vez de penálti. Portugal terminou o Mundial 2006 em 4.º lugar, depois de perder com a anfitriã Alemanha, por 3-1.
2010: insuficiente
Na África do Sul, a selecção portuguesa poderia ter feito melhor, mas faltou arriscar mais. Começou com um empate, sem golos, diante da Costa do Marfim. Depois goleou a Coreia do Norte, por 7-0, naquele que é o resultado mais expressivo de Portugal no campeonato do mundo. Na última ronda da fase de grupos, novo empate, novamente a zero, agora com o Brasil.
Aos fim de três jogos, Portugal não tinha sofrido golos, mas só conseguiu marcar à selecção com menos recursos. Preocupante? Sim. O jogo seguinte demonstrou isso mesmo. A selecção das Quinas não conseguiu bater Casillas e David Villa apontou o único golo do jogo, que colocou a Espanha nos quartos-de-final. Portugal regressou a casa com uma sensação amarga.
OS GOLOS DE PORTUGAL INGLATERRA 1966 Eusébio (9) José Torres (3) José Augusto (3) António Simões (1) MÉXICO 1986 Carlos Manuel (1) Diamantino (1) COREIA/JAPÃO 2002 Pauleta (3) Rui Costa (1) Beto (1)ALEMANHA 2006 Maniche (2) Cristiano Ronaldo (1) Nuno Gomes (1) Deco (1) Pauleta (1) Simão Sabrosa (1) ÁFRICA DO SUL 2010 Tiago (2) Cristiano Ronaldo (1) Raul Meireles (1) Liedson (1) Simão Sabrosa (1) Hugo Almeida (1) NÚMEROS DA SELECÇÃO NAS FASES FINAIS 77 – Jogadores que já representaram a selecção23 – Jogos efectuados 12 – vitórias 3 – empates 8 - derrotas 39 – Golos marcados 22 – Golos sofridos 38 – Cartões amarelos nas fases finais 5 – Jogadores expulsos: Beto, João Vieira Pinto, Costinha, Deco e Ricardo Costa
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