A juizada fascistóide da Madeira feita com o PPD do fascista Alberto condenou várias veszes o Expresso e o seu Director José António Saraiva.Alberto João Jardim
Só o conheci em 1998. Nesse ano, o semanário Expresso completava 25 anos de existência e organizou uma grande exposição comemorativa. O «comissário» da exposição foi o antigo capitão de Abril Francisco Faria Paulino, que tinha uma empresa de eventos. A inauguração teve lugar no Museu da Electricidade, em Belém, no dia 4 de Março, e foi um sucesso. António Guterres, o primeiro- -ministro, compareceu. Fui recebê -lo à entrada, e no corredor a seguir estava uma grande fotografia minha, na qualidade de director do jornal. Ele elogiou -a, dizendo: «Esta fotografia dava um óptimo cartaz de campanha eleitoral.» A exposição foi pensada para ser itinerante, e, de facto, percorreu nesse ano várias capitais de distrito: Braga, Évora, Viseu, Coimbra, Faro, Porto e, finalmente, Funchal. Na manhã do dia da inauguração na Madeira, Francisco Pinto Balsemão foi jogar golfe. Ele era doente pelo golfe: para qualquer lado onde fosse, no país ou no estrangeiro, levava o saco dos tacos e aproveitava todos os bocadinhos livres para jogar. Ninguém conseguia nessas alturas levá -lo a fazer outra coisa.
Polémica sobre pedofilia
No Funchal, a mostra foi instalada num pavilhão integrado no complexo do hotel Casino (hoje Pestana Casino Park), um imponente conjunto arquitectónico projectado por Óscar Niemeyer. Eu e Balsemão recebemos os convidados à entrada, e a dada altura juntou -se a nós uma figura emblemática da cidade, que se pôs ao nosso lado cumprimentando também os que chegavam. A situação era algo insólita, mas até tinha graça. Aí, Balsemão, naquele seu jeito um tanto cruel que adoptava em certas (raras) ocasiões, diz -me baixinho: «Este tipo nunca mais desanda daqui. Não há maneira de o afastar?» Fingi que não ouvi. Alberto João Jardim também compareceu, sendo a primeira vez que falei com ele. Ou melhor: ele é que falou comigo, pois fala torrencialmente. Não se cala. Havia um contencioso entre nós, após uma manchete que o Expresso publicara uns meses antes (em 21 de Março de 1998) com o título: «PJ investiga pedofilia no Governo da Madeira». Na sexta -feira anterior à saída desta «bomba» soubera -se fora do jornal que íamos publicar a notícia, e houve várias pressões telefónicas para a travar. Recebemos ameaças. Mas não cedemos e a notícia saiu mesmo. Este foi um mistério que nunca consegui desvendar. Que pessoa (ou pessoas) funcionava como «espião» dentro da redacção do Expresso, informando alguém no exterior da publicação de determinadas notícias com grande impacto? Perante isto, a partir de certa altura condicionei o acesso dos jornalistas à visualização da 1.a página, e aí as fugas praticamente desapareceram. Após essa manchete sobre a pedofilia, soube que o Governo da Madeira ia interpor um processo contra o Expresso, o que efectivamente aconteceu, com um pedido de indemnização de meio milhão de contos. Escrevi então a Alberto João Jardim tentando demovê -lo — até porque isso implicaria deslocar -me à Madeira para o julgamento, e eu na época tinha fobia de andar de avião. Mas ele respondeu-me com um cartão escrito à mão numa letra indescritível, correspondente a uma 3.a classe mal tirada, em que dizia que suspender o processo era impossível, até porque todos os membros do Governo Regional tinham interposto acções em nome individual, não dependendo só dele.
«Não me recandidato nas próximas eleições»
Tempo depois realizou -se a tal comemoração dos 25 anos do Expresso. Na conversa que mantive com A. J. J. no Funchal — enquanto ele percorria a exposição de modo distraído, não prestando grande atenção ao que via — voltei a lembrar -lhe o processo. Mas ele reiterou o que me tinha dito: que a notícia lançara a suspeita sobre «todos os membros do Governo» e quem não se sente não é filho de boa gente. Argumentei dizendo que falar de todos é não falar de ninguém. Nós até sabíamos quem era o suspeito, mas não quiséramos apontar -lhe o dedo por razões de pudor. Assim, deixáramos a culpa indefinida. Mas ele não se demoveu e afirmou que o processo iria mesmo avançar. Quando acabou a visita à exposição, Alberto João Jardim ficou a falar com Balsemão e comigo. Mas a dada altura Balsemão sumiu -se discretamente e eu fiquei com o bebé nos braços, salvo seja. A. J. J. não tinha notoriamente nada que fazer e foi -se deixando estar. As pessoas começaram a sair, a porta do pavilhão encerrou -se e ele continuou à conversa. Eu era já o único anfitrião — e portanto não podia ir -me embora e muito menos pô -lo fora... Pergunto -lhe então quando pensa sair do poder. Nas últimas eleições legislativas ele já «ameaçara» não se candidatar, mas à última hora voltara atrás e ficara. Dentro de dois anos, em 2000, realizar -se -ão novas eleições, e quero saber se vai concorrer. «Não, nas próximas retiro‑me», responde -me. «O senhor já disse isso antes e acabou sempre por se arrepender...», contraponho. «Mas nessa altura eu não tinha delfim e agora tenho!», responde-me, aparentemente convicto. Pergunto quem é, mas não adianta nenhum nome. Ora, nas eleições seguintes voltará a candidatar -se e a ganhar. E nas outras. E nas outras ainda. E também nas outras. Só sairá contrariado e à força em 2015, empurrado pela lei. Sair do poder nunca é fácil.
Processo (excepcionalmente) arquivado
Só deixámos o pavilhão de exposições por volta das nove horas da noite, já escurecera. Desde aí não voltei a encontrar -me com Alberto João Jardim. Mas regressei à Madeira para ser julgado. Não nesse processo da pedofilia, que foi arquivado pelo procurador da Comarca do Funchal, considerando que as notícias do Expresso «foram difundidas com rigor, seriedade, objectividade, não apresentando títulos que sejam mero chamariz de atenção pública, nem excessos para as pessoas dos assistentes». Por uma vez, a Justiça da Madeira deu-me razão. Em todos os outros julgamentos realizados no Funchal fui condenado. Só que as penas foram depois anuladas pelo Tribunal da Relação de Lisboa, considerando-as infundadas. Isto é revelador da independência que os juízes da Madeira tinham em relação ao poder político regional... Em nenhum outro local do país me senti tão pressionado.

Jardim teve o Machadinho. O JCA… era o lobby gay
ResponderEliminarA ofélia também tem uns jeitos e trejeitos meios abichanados!
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