A morte andou à solta na Indonésia durante sete meses consecutivos [ 1 de outubro de 1965 a abril ou maio de 1966] e fez milhões de vítimas perante a indiferença do mundo civilizado porque a população do então país de Sukarno estava a ser vítima do anticomunismo primário que caracterizava o Ocidente. Tudo começou na noite de 30 de setembro de 1965, quando um grupo, que se intitulava “Movimento 30 de setembro”, matou seis generais de extrema- direita que, alegadamente, preparavam um golpe de Estado contra o Governo do Presidente Sukarno, uma coligação de militares, comunistas e grupos religiosos. Após o atentado é o caos em Jacarta, do qual tira proveito o general Suharto. A 2 de outubro, Suharto controla a capital, anuncia que o golpe de Estado falhou ao mesmo tempo que os militares acusam o Partido Comunista Indonésio ( PKI) de estar na origem de todo o processo, uma alegação no mínimo estranha: o PKI já estava no poder. Suharto e os militares de direita, assessorados por responsáveis americanos, aproveitam de facto o atentado de 30 de setembro para, como já haviam planeado, fazerem um golpe militar: os ministros são detidos e o PKI torna- se o alvo a abater. Com os seus mais de três milhões de membros e 15 a 20 milhões de apoiantes, era o terceiro maior partido comunista do mundo. A chacina começa, com uma ferocidade nunca vista e alastra de Jacarta para Java central e oriental, Bali e Sumatra... Famílias inteiras são dizimadas sob o pretexto de pertencerem ao PKI ou serem de esquerda. Militares, milícias, gente comum armada cometem o massacre que foi considerado um dos maiores crimes do século. Ignorado e não punido.
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