ENTRE A CÓPIA E O ORIGINAL
Após as recentes eleições autárquicas, estas últimas semanas têm sido férteis em artigos de opinião lacrimejantes e lamechas, onde é manifestada uma dolorosa mágoa meio apalhaçada, numa atitude comportamental muito semelhante a certos animais, que segundo zoólogos de renome, acontecem em certos predadores-de-topo que, quando feridos e combalidos, se afastam para locais isolados e ocultos, para lamberem as suas feridas.
A iniciar este cortejo de gente infeliz e amargurada, lemos um artigo da Dra. Violante Matos, em que esta diz que “nunca viu o que se passou este ano nas eleições de 26 de setembro”, e chega mesmo a dizer que após as suas experiências nas masmorras da Pide e nas cargas policiais de que foi vítima nos tempos do Estado Novo, nunca tinha assistido a tanta ´manipulação´ de eleitores e a tanta chapelada pré-eleitoral. Logo a seguir, leio um artigo do sr. Duarte Caldeira, em que este confessa amargamente que as pobres forças socialistas não puderam fazer frente às dezenas de cabazes de delícias que os PPDs ofereceram “àqueles que prometem votar no PPD” nem à avalanche de ´frangos congelados´ que desabou em cima dos pobres eleitores que foram a correr a votar nos deuses alaranjados que tinham aberto as portas destes assombrosos aviários celestiais.
E quem percorria as redes sociais e os diferentes blogues, descobria que a derrota de Cafôfo/Miguel Gouveia se deveu acima de tudo, aos milhares de eleitores que foram transportados até às urnas por ´caciques´ locais do PSD, por viaturas do SESERAM, empresa de eletricidade, e a maioria deles, emboscados junto das mesas de voto, por gente graúda do PPD e CDS. E a fechar esta ´mise-en-scène´ do fingimento e da simulação pasmada, aparece o sr. Cafôfo, a informar que regressou humildemente à escola (pobres crianças) e que sempre se moveu “por causas e com ética”, e que agora se irá fingir de morto, até aparecer mais um ´arroz de lapas´ que leve o partido até vésperas das próximas eleições, e ele poder saltar novamente para a ribalta como um D. Sebastião saindo imaculado e fresco do meio do nevoeiro do Campanário.
E quem vê estas pobres almas a carpir mágoas pensa que de facto são freiras virginais do Convento das Servas de Nossa Senhora das Candeias. Mas eu pergunto: - Onde andava esta gente quando o Dr. Jardim fazia inaugurações eleitoralistas em vésperas de eleições? Onde andava esta gente, quando a malta do PND denunciava estas práticas trogloditas e levava porrada nos cornos? Onde andava esta gente quando o caciquismo jardinista controlava tudo e instrumentalizava eleitores como quem conduz ovelhas à ordenha? Onde andavam estes oportunistas choramingões?
E em todos esses artigos ninguém teve a humildade de dizer que perderam as eleições precisamente porque fizeram igual ou pior que os PSDs. Lembro-me perfeitamente que quando entrámos na Câmara em 2013, a primeira coisa que o sr. Cafôfo e o seu cardeal Richelieu da Piolheira (um tipo indiscritível com nome de cantor espanhol, vaidoso como um pavão e com um intelecto muito semelhante a um Patagarro) pediram logo cerca de 30 mil euros para publicarem um ´chouriço´ de propaganda no Diário de Notícias. E os tipos eram tão primários e arrogantes que achavam que todos os funcionários da autarquia eram potenciais conspiradores, que todos estavam a mando do PPD e por isso teria que haver uma exemplar ´purga estalinista´. E entrementes, esses oportunistas começaram a fazer pressão para meter a clientela rosa nas empresas municipais Sociohabita, na Frente Mar e nos Parques de Estacionamento da autarquia. E a tal ´ética´ cafofiana exigia uma rápida revalidação da licença do monstro do Savoy; a subjugação total ao Grupo Sousa (tinha sido uma afronta do Gil retirar-lhes uma artéria no Largo dos Varadouros) e ao sr. Carlos Pereira do Marítimo (tinha feito uma obra clandestina num prédio da Câmara na Zona Velha), e exigiram uma borla ao candidato socialista para o seu jantar de campanha no Mercado dos Lavradores. E como eu nem os outros dois vereadores nos vergámos à tal ´ética´ nem às exigências destes dois artistas, trataram logo de nos retirar o tapete, aliando-se ao CDS do sr. José Manuel Rodrigues (um eterno criado da sousalhada).
E depois da nossa saída, foi o regabofe total. Meteram na Câmara a família quase toda (caldeirada e família do número 2), desviaram milhares de euros dos cofres da autarquia para o impoluto Diário de Notícias, de Mr. Blandy; encheram a Frente Mar de parasitas, que ganhavam chorudos ordenados, desde presidentes de junta, membros do Partido Socialista e do CDS, até presidentes de associações culturais, tipo ´olhe-te´, encarregues de mobilizarem potenciais eleitores de certos bairros sociais para a causa rosa; descarregaram em cima dos munícipes a maior carga de propaganda alguma vez vista: eram prémios, eram bandeiras ambientais, eram orçamentos participativos absurdos, eram ruas que estavam emparedadas e que tinham sido descobertas por eles, eram obras que eles tinham feito de raiz (Lido), eram cacifes para os sem-abrigos, eram avultados empréstimos bancários que faziam, mas a tenebrosa dívida herdada estava sempre a descer (O Calado que se prepare que vai haver surpresas), eram tachos a lideres de pequenos partidos políticos para conseguirem as tão almejadas coligações, aliás, até meteram na Sociohabita um tal Rebelo, líder regional um partido que nem sei o nome, que mal sabia falar e escrever; deram à Guida Vieira instalações camarárias, para domesticarem o Bloco de Esquerda, e aos mais tolos, de partidos ainda mais insignificantes, enganaram com falsas promessas do cara-ca-cá. Inclusivamente, o Caldeira de São Martinho, enquanto a sua encantadora esposa se entretinha no negócio das contratações jurídicas pela porta do cavalo, o cavalheiro promovia para os eleitores amigos, Cruzeiros a Itália. Vejam só até onde isto chegou!
E depois de deixar à Câmara entregue à maior das anarquias, com simples licenças de obras a levarem anos, com barreiras no interior da Câmara, piores que Berlim no tempo da Guerra Fria, onde munícipes desesperados eram barrados como moscas nos andares inferiores, com uma câmara sem autoridade e sem rei nem roque, o sr. Cafofo pirou-se juntamente com o cantor espanhol, no assalto ao PS, pensando que podia continuar a enganar toda a gente como presidente do Governo Regional.
E Miguel Gouveia, o sucessor, em vez de acabar com os vícios cafofianos e com a tal ´ética´ do professor, blindou-se no gabinete e transformou a Câmara num assunto de um homem só. Quem via os telejornais, pensava que havia um novo Putin na Câmara do Funchal e que o resto andava pela sombra. Isto é, Miguel Gouveia esqueceu-se que presidia a um organismo colegial de administração de uma cidade, daí o nome CÂMARA, ou então não confiava na ´tralha cafofiana´ e optou for viver isolado no ´underground´ da autarquia, como num filme do Kusturica.
Por isso caro leitores, a coligação PSD/Grupo Sousa/Avelino ganhou a Câmara não por mérito próprio, não por andarem a distribuir frangos congelados nem a transportarem eleitores em carrinhas com cigarrilhas do PSD contratos ao lado, mas sim porque as pessoas estavam fartas de uma cidade e de um Partido Socialista cafofiano igual ou pior que o PSD de Jardim/Albuquerque. E entre escolher a CÓPIA (dos vícios, da sujeição aos DDT, e da imoralidade da gestão dos dinheiros públicos), ou o ORIGINAL, (dos vícios, da sujeição aos DDT, e da imoralidade da gestão dos dinheiros públicos), os munícipes optaram pelo ORIGINAL.
P.S. Fui um dos derrotados das últimas eleições autárquicas, pois apoiei a Raquel Coelho, mas achei divertidíssimo o porradão que a cafofada levou. Sou um ressabiado feliz!
Esse gilinho dava um grande braço direito do Maduro para análises politicas
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