Quem são os Pedra?
José David e a filha Cristina Pedra são, para além dos Sousas (Luís e Ricardo Sousa) e do Cmdt. Rui São Marcos, quem mais enriqueceu com o monopólio mafioso do Porto do Caniçal. Enquanto “os patas rapadas” vivem contando os tostões, David e Cristina Pedra habitam moradias de luxo, com piscina coberta, vencimentos e reformas chorudas, mansão de férias no Porto Santo e um leque milionário de empresas associadas ao Grupo Sousa.
Esta história de sucesso começou com David Pedra, sindicalista, que após receber uma indemnização milionária para deixar a actividade portuária em finais dos anos oitenta, voltou dissimuladamente ao sector, sendo nomeado representante dos dois sindicatos de estivadores na Empresa de Trabalho Portuário (ETP).
Para os Sousas poderem manter a paz no seu monopólio e garantirem assim os seus lucros astronómicos, tinham que ter na palma da mão, além de David Pedra, os dois dirigentes sindicais dos estivadores e carregadores, José Manuel Santos, conhecido por Jarbas, e José Manuel Freitas, o Burgesso.
Deste modo, em 1991 foram criadas quatro empresas: a “Gest Líder” e a “Soft Líder” de David Pedra, esposa, filha e genro; a “Jarbas, Lda.”, de José M. Santos e esposa, e a “Freitas e Célia, Lda.” de J. M. Freitas e esposa. A técnica de contabilidade responsável por todas elas era a própria Cristina Pedra.
Todas estas empresas sacaram milhões de euros à ETP, ao longo da década de noventa, recorrendo a esquemas de facturação fraudulentos, que acabaram por atrair a atenção da comunicação social e das autoridades judiciais.
Contudo, a partir de 2000, David Pedra começa a ultrapassar em riqueza e influência os outros sindicalistas, e começam a surgir provas que, por detrás da cortina, Pedra era sócio da OPM do grupo Sousa, com uma empresa chamada “Regra Simples”, detida por uma sociedade offshore, sedeada em Gibraltar.
Em 2001, rebenta o escândalo dos trabalhadores eventuais, que são enviados para trabalhar nas casas particulares de David e Cristina Pedra, e são pagos ilegalmente pela ETP. Em Julho desse ano, 25 sindicatos da Madeira criticam duramente os dirigentes sindicais dos estivadores, por “não defenderem os seus trabalhadores, deixando-os por sua conta e risco” e obrigando-os a assinar, cada um, cerca de 800 contractos num ano, como se fossem “meros escravos”.
A Polícia Judiciária inicia uma longa investigação às maroscas mafiosas e tentaculares dos Sousas e dos Pedras, mas apesar destes serem constituídos arguidos pela PJ, no verão de 2006, conseguem escapar À lei, graças à cumplicidade perversa do nosso Ministério Público.
Os Pedras aliam-se aos Sousas no ataque ao Porto do Caniçal, entrando estes no capital social da “Opertrans – Equipamentos e Transportes, Lda., em 2003”. Mas é só 2008, quando os sindicatos abandonam estrategicamente a ETP, que David Pedra sai da penumbra, despe de vez as suas vestes sindicais e torna-se, juntamente com os Sousas, um dos patrões desta empresa de trabalho portuário, com uma participação de 16,69%, através da sua empresa “Gest Líder”.
Desde então, David Pedra foi ganhando poder junto do Grupo Sousa, conseguindo colocar a sua filha Cristina em lugares chave, nomeadamente na ACIF, onde a par da RTP/Madeira, o grupo Sousa tem grande influência e poder.
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