sábado, 26 de fevereiro de 2022

No dia 24 de Fevereiro morreu padre Mário Oliveira autor do famoso livro "Fátima nunca mais"! Ninguém mais do que ele lutou contra o obscurantismo religioso

  Denunciou também que o  enclausuramento forçado da irmã Lucia foi um crime da Igreja dos negócios que nunca foi punido. A "irmã Lúcia" foi enclausurada contra a sua vontade durante décadas.

Morreu Mário de Oliveira, o padre que combateu Fátima e a PIDE

 O Padre Mário de Oliveira, autor de livros polémicos como "Fátima, nunca mais", faleceu nesta quinta-feira, aos 84 anos, no Hospital de Penafiel, onde estava internado desde o final do mês de janeiro devido a um acidente de viação.

Conhecido popularmente por Padre Mário da Lixa, devido à sua forte ligação com a comunidade de Macieira da Lixa, no concelho de Felgueiras, o presbítero não resistiu aos ferimentos sofridos a 27 de janeiro, quando o veículo em que seguia se despistou devido à falta de travões, embatendo com violência numa residência.

Internado no Hospital de Penafiel com fraturas múltiplas, permaneceu nos cuidados intensivos até ao início da semana. Apesar da aparente estabilização do quadro clínico, que resultou na sua transferência para a ortopedia, o presbítero sofreu uma recaída súbita nas últimas horas, vindo a falecer naquela unidade perto das 9 horas da manhã.

A ligação de Mário de Oliveira, natural da freguesia de Lourosa, em Santa Maria da Feira, aos estudos religiosos iniciou-se em 1950, quando deu entrada no Seminário da Diocese do Porto. A ordenação como padre aconteceu em 1962, tendo pouco depois sido enviado como capelão das tropas portuguesas na Guiné-Bissau.

As suas posições públicas contra a manutenção do conflito foram mal recebidas pelas estruturas eclesiásticas de então, mas também pela PIDE, que o prendeu por duas vezes e o levou a julgamento, tendo sido absolvido.

Expulso da Igreja Católica na década de 1970, o Padre Mário entregou-se desde então à atividade jornalística, dirigindo o jornal "Fraternizar", e à escrita de livros, dos quais o mais polémico foi "Fátima, nunca mais", que chegou à oitava edição em poucos meses.

A sua obra estava a ser editada há vários anos pela Seda Publicações, de Jorge Castelo Branco, incluindo o seu derradeiro livro, "Do mítico Cristo-da-Fé ao Jesus Pré-Histórico", publicado no ano passado.

Da sua vasta obra, composta por 52 títulos, predominam os estudos bíblicos, grande parte dos quais centrados na denúncia do que considerava ser o desvirtuamento total da mensagem de Jesus Cristo.

Paralelamente, dedicou-se ainda à dinamização do Barracão de Cultura, projeto de dinamização cultural, social e cívica que desenvolveu em Macieira da Lixa e ao qual se manteve ligado até aos últimos dias.

Numa das suas últimas entrevistas, concedida em 2019 à "Notícias Magazine", manteve o discurso crítico para com as estruturas eclesiásticas e, apesar de ter considerado que ainda vivemos numa sociedade clericalizada, defendeu que essa influência tem os dias contados: "O século XXI é pós-cristão, pós-católico e pós-religioso". (fonte JN)



II. Depois foi enviado para a Guiné-Bissau como capelão das tropas portuguesas. Foi, dizia, “pregar o Evangelho da Paz aos que lá faziam a Guerra Colonial”. Ao fim de quatro meses foi expulso.

O padre Mário cedo se fez notar como antifascista e por se ter oposto à guerra colonial. Foi preso duas vezes pela PIDE em Caxias e julgado pelos tribunais do regime salazarista por subversão.

Em Março de 1973, por decisão do Bispo António Ferreira Gomes foi colocado na situação de “sem ofício pastoral oficial”, ou seja proibido na prática de exercer o sacerdócio. Mas não desistirá da sua fé religiosa nem da sua vertente crítica e solidária. Torna-se jornalista tendo trabalhado jornal República. Seguiram-se os jornais Página Um, Aqui e Correio do Minho. Mas é como diretor do jornal "Fraternizar" que se destacará nos últimos anos.

À atividade jornalística somará a escrita de livros. 52 ao longo toda a sua vida. Um dos mais famosos será “Fátima, nunca mais” de 1999, sucessivamente reeditado. Nele, apresenta as aparições de Fátima como um mito e critica a hierarquia da Igreja por ter abusado psicologicamente das três crianças que as relataram.

Homem de causas, Mário de Oliveira não fugia das polémicas. É conhecido ainda, por exemplo, por ter sido uma das vozes sonoras pela descriminalização do aborto em Portugal.

Para além disso, desenvolverá uma intensa ação de solidariedade internacionalista para com os povos da América Latina nos piores momentos das ditaduras que sofreram no século passado. Participa na comunidade “Grão de Trigo” que tem como objetivo viver junto do “povo marginalizado de São Pedro da Cova” e onde fundou a Associação Padre Maximino.

Será ainda um conhecido dinamizador cultural, nomeadamente na Associação Cultural e Recreativa “As Formigas da Macieira”, de Macieira da Lixa, no âmbito da qual criará o Barracão de Cultura em que esteve envolvido até ao fim da vida. (fonte : Esquerda Net)


 Mário de Oliveira, antigo pároco em Macieira da Lixa, no concelho de Felgueiras, distrito do Porto, uma figura popular que se destacou pela resistência antifascista e pela oposição à guerra colonial, tendo mais tarde publicado livros polémicos, contestando a doutrina da Igreja, sendo nomeadamente um dos autores mais firmes na desmistificação do fenómeno de Fátima, com livros como como Fátima, Nunca Mais, morreu na quinta-feira, aos 84 anos, no Hospital de Penafiel, onde estava internado desde o final do mês de janeiro devido a um acidente de viação.     Popularmente conhecido como Padre Mário da Lixa, devido à sua forte ligação àquela comunidade, o presbítero acabou por sucumbir aos ferimentos sofridos a 27 de janeiro, quando o veículo em que seguia se despistou devido à falta de travões, embatendo com violência numa residência. «Nem fiéis defuntos, nem defuntos. O que há são cadáveres ou coisas biodegradáveis cremados ou sepultados. Nos túmulos e nos vasos com as cinzas não está ninguém. Somos corpos animados, não um corpo e uma alma. E é como corpos animados invisíveis que prosseguimos, quando morremos», escrevia o antigo pároco na sua página do Facebook em novembro passado. As suas intervenções eram sempre desempoeiradas, o tom desenvolto, sem peias que o tornou uma voz incómoda para a Igreja, o que levaria ao seu afastamento das funções de capelão. Ele mesmo recordava numa outra entrada como bastou uma pergunta para selar o seu destino: «Na homília do Dia Mundial da Paz, 1 de janeiro de 1968, em Mansoa-Guiné, pergunto ao Batalhão se estamos ali para defender o direito dos povos colonizados à autonomia e independência ou para o impedir? A Pergunta valeu-me a expulsão de capelão militar e o rótulo de ‘padre irrecuperável’.» Capelão das tropas portuguesas na Guiné-Bissau, Mário de Oliveira foi acusado de subversão, e chegou mesmo a ser detido por duas vezes no período anterior ao 25 de Abril, por assumir o combate ao regime. Ele mesmo o contou nas suas palavras: «Depois de ser expulso de capelão militar na Guiné-Bissau (março 1968) e já então dado como ‘padre irrecuperável’ pelo respetivo bispo castrense, D. António dos Reis Rodrigues, ao fim de 4 meses a Evangelizar África e a defender o direito dos seus povos colonizados à sua autonomia e independência política; depois de ser exonerado de pároco de Paredes de Viadores, ao fim de 14 meses (1969) pelo Administrador Apostólico da Diocese, D. Florentino de Andrade e Silva; depois de ter sido duas vezes preso político em Caxias sem direito a caução como pároco de Macieira da Lixa e outras tantas vezes julgado e absolvido no Tribunal Plenário do Porto – da segunda vez, em fevereiro de 1974 – soube, nessa altura, pela boca do bispo do Porto D. António Ferreira Gomes, que desde 21 março 1973, o dia em que havia sido preso pela segunda vez, que não era mais o pároco de Macieira, nem seria mais pároco de nenhuma outra paróquia. Passei, desde então, à condição original de Presbítero longe dos templos e dos altares, mas muito mais próximo das pessoas nos seus ambientes de vida quotidiana e, pouco depois, Presbítero-Jornalista profissional, até para poder sobreviver da minha profissão secular. E disso dei conhecimento presencial ao referido Bispo, que ficou manifestamente aos papéis, ‘Então – diz-me – eu tiro-lhe uma tribuna e o Pe. Mário está agora numa outra de muito maior alcance?’ Mas é o que sou desde então, Presbítero-Jornalista.» Natural de Lourosa, em Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, Mário de Oliveira nasceu a 8 de março de 1937 e viria a iniciar os estudos religiosos em 1950, quando deu entrada no Seminário da Diocese do Porto. A ordenação como padre aconteceu em 1962, tendo sido depois coadjutor na Paróquia das Antas, no Porto, professor de Religião e Moral nos Liceus Alexandre Herculano e D. Manuel II. Depois foi enviado para a Guiné-Bissau como capelão das tropas portuguesas. Foi, dizia, «pregar o Evangelho da Paz aos que lá faziam a Guerra Colonial». Ao fim de quatro meses foi expulso. Não foram apenas as estruturas eclesiásticas que lhe censuraram as posições contra o conflito, a própria PIDE intercedeu, e o pároco foi preso por duas vezes, sendo levado a julgamento e absolvido. Depois de se ver proibido de exercer o sacerdócio, não abdica nem da postura crítica nem do exemplo crístico, e é como jornalista que prossegue a sua atividade solidária e crítica, trabalhando em jornais como o República, Página Um, Aqui e Correio do Minho. Mas é como diretor do jornal Fraternizar que se destacará nos últimos anos. A par desta intervenção diária, escreveu ao longo dos anos 52 livros, a maioria deles estudos bíblicos em que expunha o desvirtuamento da mensagem de Jesus Cristo. O livro que teve maior repercussão terá sido Fátima, Nunca Mais, de 1999, tendo sido sucessivamente reeditado. Nele, apresenta as aparições de Fátima como um mito e critica a hierarquia da Igreja por ter abusado psicologicamente das três crianças que as relataram. Destacou-se ainda por ter sido uma das vozes sonoras pela descriminalização do aborto em Portugal. Nos últimos anos, teve também um papel muito ativo como dinamizador cultural, nomeadamente na Associação Cultural e Recreativa ‘As Formigas da Macieira’, de Macieira da Lixa, no âmbito da qual criará o Barracão de Cultura em que esteve envolvido até ao fim da vida. (fonte O Sol)

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