domingo, 20 de fevereiro de 2022

Ana Gomes sempre na mira do poder judicial fascista por denunciar os grandes négóciosdeste país, ligado à alta corrupção


Ana Gomes apresentou queixa dos negócios de Mário Ferreira à Procuradoria Europeia

As palavras “escroque” e “criminoso fiscal” valeram à diplomata uma acusação por difamação cujo julgamento começou esta sexta-feira no Porto. Ex-eurodeputada classificou assim o empresário da Douro Azul comentando os seus negócios e diz a Procuradoria Europeia estará a investigar alegada corrupção. Ver Público


Considera que deve ser avaliada a idoneidade de Mário Ferreira, dono da Douro Azul, que fechou acordo com a Prisa para ficar com perto de um terço da Media Capital, empresa que detém a TVI.

A ex-eurodeputada Ana Gomes considera que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e o Governo devem avaliar a idoneidade de Mário Ferreira, dono da Douro Azul, que fechou acordo com a Prisa para ficar com perto de um terço da Media Capital, empresa que detém a TVI. «O senhor mete-se nos negócios que entender, desde que sejam lícitos e pague os seus impostos – por mim, não tenho problemas. Agora, em relação à TVI, quer a CMVM, quer a ERC, quer o próprio Governo deveriam avaliar a idoneidade dos intervenientes. Ainda por cima quando se trata de controlar um órgão de comunicação», disse ao SOL a socialista, que há muito questiona negócios feitos por Mário Ferreira, como é o caso da compra do navio ‘Atlântida’ aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). Em 2014, a Douro Azul comprou um navio avaliado em 50 milhões por 8,7 milhões, num negócio em que o Estado português foi representado pela comissão liquidatária dos ENVC. Pouco depois, Mário Ferreira vendeu a embarcação por 17 milhões a uma empresa estrangeira. Desde 2016 que Ana Gomes denuncia este caso.

Ao SOL, a ex-eurodeputada acrescenta: «Do meu ponto de vista, não se devem tolerar ‘testas-de-ferro’ de outros interesses encobertos, embora infelizmente o Estado esteja farto de os tolerar, como tolera num outro grande órgão de comunicação social privado, a Global Media, que sabemos que são dinheiros angolanos, embora por interpostas pessoas portuguesas. Neste caso, não sei de onde vem o dinheiro, é preciso ver qual é a origem, designadamente dos capitais que ele próprio apresentar».

Afirmando manter todas as denúncias que fez até agora sobre os referidos negócios, a socialista explica que «há uma série de elementos altamente suspeitos»: «Não só relacionados com o navio ‘Atlântida’, como recentemente em relação ao navio ‘Explorer’, que tem um casino e que obviamente se presta a todo o tipo de esquemas, lavagem de dinheiro, etc. Do meu ponto de vista, merece investigação e já enviei uma carta ao ministro das Finanças e à Autoridade Tributária para saber onde é que esse casino, que foi licenciado pela zona Franca da Madeira, paga impostos». Assegurando que nada tem contra Mário Ferreira, empresário que diz nem conhecer, Ana Gomes sublinha que gostaria de ver estas questões analisadas pelas autoridades.

Recentemente, o Tribunal de Vila Real arquivou um processo interposto por Mário Ferreira contra Ana Gomes por alegadas ofensas ao grupo Douro Azul: «A arguida não afirma ou divulga quaisquer factos, limita-se, ao abrigo da sua liberdade de expressão, a fazer um juízo crítico, ainda que para que o efeito use uma linguagem dura». Mas existe já um outro processo na calha: «Depois, pôs-me outro processo no Tribunal do Porto, a audiência foi suspensa, penso que por causa da covid-19. Não sei se o assunto vai prosseguir ou não. Foi colocado antes da outra decisão, porque no julgamento o próprio advogado dele – ele não apareceu, eu apareci – falou-me do processo do Porto. Suponho que será por causa das denúncias que eu fiz e que mantenho  sobre os esquemas que utilizou para a compra do navio ‘Atlântida’». (jornal I)

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