quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

O seu a seu dono:A barragem do Alqueva devia chamar-se Cavaco Silva

 


O Alqueva é a maior obra pública de sempre e aquela que gerou mais investimento privado.

1. É muito grande a ingratidão do povo e dos média em relação a certas figuras. E há momentos em que essa injustiça fica mais patente. Aconteceu há dias quando jornalistas embevecidos assinalaram os 20 anos do início do enchimento da albufeira do Alqueva, que alimenta a barragem. E quem apareceu no boneco das televisões? António Guterres. E porquê? Simplesmente porque foi ele quem abriu a torneira que encheu aquele reservatório que leva água a milhões de portugueses, que irriga como nunca se viu uma parte enorme do Alentejo que assim não morre à fome e onde nasceu uma zona de agricultura (controversa nalguns casos), que desenvolve também projetos turísticos, dando a Portugal a glória de ter o maior reservatório e lago artificial da Europa. O Alqueva tem um perímetro de margens de 1.100 km, que é mais do que toda a costa portuguesa, do Minho à fronteira algarvia com a Espanha. A sua capacidade está quase a 80%, apesar da seca, o que permite uma reserva de água confortável para agricultura e consumo humano e animal. É o maior investimento público português com 2,5 mil milhões de euros a que acrescem 4 mil milhões privados. É obra! E sem Alqueva todo o sul do país estaria hoje ainda mais desertificado. O Alqueva é uma reserva de água fundamental para a nossa sobrevivência coletiva. Foi a mais importante obra em 50 anos. Pensada nos anos 60, a barragem foi uma miragem simbolizada a certa altura por um muro onde se lia “construam-me porra!”. Cavaco viu, ouviu e decidiu. A decisão ocorreu num Conselho de Ministros realizado em 1993 e para não mais parou. Rezam relatos da época que, à primeira, não passou porque alguns ministros hesitaram. Alegavam, com razão, que a obra não reverteria a favor do Governo, a não ser muito mais lá para a frente. Ou seja, valia eleitoralmente zero. Cavaco pediu estudos complementares sobre o efeito futuro para o país. O caso voltou à mesa. E aí decidiu avançar com algo que nunca mais parou e que tem de ser complementada ainda hoje. Ora, até nisso perdeu-se dinâmica, por via de uma  lentidão culposa. Aníbal Cavaco Silva bem merecia que, mesmo contra a sua vontade, se desse o seu nome à barragem. Foi ele que mandou fazer as infraestruturas fundamentais. Mas foi Guterres que, sem culpa, foi lembrado vinte anos depois do início enchimento. É assim a memória dos homens, dos povos e dos média. Muitos são lembrados sem que se saiba porquê (veja-se a toponímia nacional). Outros são sistematicamente arquivados. Às vezes, a obra sobrepõe-se lentamente à luta política e ao esquecimento sectário. Cavaco Silva viveu e governou em democracia com resultados desenvolvimentistas únicos em dezenas e dezenas de anos. O tempo ainda não lhe rendeu toda a justiça. Mas há de fazê-lo.-
Escrito por Eduardo Oliveira e Silva



1 comentário:

  1. Olha o coelho e gilinho a darem graxa ao Cavaco. Estão ã espera que ele os convide para passarem um mês na Quinta dele no Algarve?

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