Quando o médico baiano Perseu Ribeiro de Almeida conversou com a esposa, Verônica Gomes Almeida, sobre a viagem ao Rio para um congresso, o casal fez um acordo: ele evitaria se deslocar pela cidade, que ainda não conhecia, para não ficar exposto aos perigos a que assistia no noticiário. Verônica diz que foi “quase como um pressentimento”. Perseu cumpriu o que prometeu. Foi com amigos a um quiosque a poucos passos do hotel onde estava hospedado, na Barra da Tijuca. Mas a violência atravessou o caminho da família: o médico de 33 anos e outros dois ortopedistas foram executados na madrugada da última quinta feira. E a partir dali a vida da representante farmacêutica Verônica, de 37, mudaria para sempre. “Terei que me resignar, porque tenho uma filha 3 anos que fica perguntando pelo papai dela”, diz a viúva.
Qual o sentimento agora?
Perseu era um homem exemplar, um marido maravilhoso. Ele não vai mais chegar em casa. No final dessa guerra, todo mundo sai perdendo. As mães dos criminosos que morreram vão sair chorando, assim como eu. Elas não têm culpa do caminho escolhidos pelos filhos. Eu me solidarizo com a família dos amigos deles porque eles estão sentindo a mesma dor. Fui dormir naquele dia e, cinco horas depois, quando acordei, minha vida mudaria completamente. Só posso desejar para quem tirou a vida do meu marido um caminho de luz. Minha filha crescerá, e o pai não estará do lado. Mas não desejo o mal deles.
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