domingo, 27 de setembro de 2020

Adelaide Cabete a médica ginecologista que foi pioneira das lutas feministas de Portugal

 «Lisboa, 25 de maio de 1925. Um navio transatlântico parte para Nova Iorque. Entre os passageiros está a médica ginecologista Adelaide Cabete (1867-1935), fundadora, na capital, do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), a organização feminista mais duradoura no século XX (1914-1947), em Portugal. Ao terceiro dia de navegação conhece uma viscondessa a quem as ideias feministas causam “irritação” e “enjoo”. Habituada a comentários depreciativos, Adelaide Cabete esclarece que se bate por “igualdades justas e humanas”, mas o argumento não convence. Em Nova Iorque, no bulício das despedidas entre tripulantes, a viscondessa vem ter com ela, aflita. Não tem permissão para sair do navio. 
 No passaporte português não consta a licença do marido para se ausentar do país, conforme exigido pela legislação. Assim, só tem duas alternativas: regressar no mesmo navio para Lisboa ou deixar-se levar para “uma espécie de prisão” onde eram alojados os “duvidosos” que chegavam a Nova Iorque, aí esperando que o marido a viesse resgatar. “Um verdadeiro horror”, descreve Adelaide Cabete num artigo publicado alguns anos depois (em 1928) na Alma Feminina.»




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