quarta-feira, 26 de abril de 2023

O massacre na casa dos sindicatos na Ucrânia

 


O massacre de Odessa foi há oito anos

2 de Maio de 2014, Odessa, Ucrânia: mais de 40 pes­soas são as­sas­si­nadas na Casa dos Sin­di­catos da­quela ci­dade, um grande edi­fício onde nos tempos da União So­vié­tica fun­ci­o­nava a sede local do Par­tido Co­mu­nista.

Nin­guém foi con­de­nado pelo mas­sacre de Odessa

A mai­oria morreu quei­mada, num in­cêndio pro­vo­cado pelo lan­ça­mento de bombas in­cen­diá­rias a partir do ex­te­rior, mas houve também quem não tenha re­sis­tido à queda de an­dares ele­vados, quando pro­cu­rava es­capar às chamas, e os que foram mortos a tiro ou de­vido a es­pan­ca­mentos de­pois de fu­girem ao fogo.

O au­tên­tico mas­sacre re­sultou da brutal agressão de mi­lí­cias ne­o­nazis, so­bre­tudo do Praviy Sécktor (Sector Di­reito), vindas de toda a Ucrânia, contra os que, em Odessa, se opu­nham ao golpe de Es­tado de Fe­ve­reiro, que der­ru­bara o pre­si­dente eleito e co­lo­cara no poder os sec­tores mais xe­nó­fobos, re­ac­ci­o­ná­rios e an­ti­de­mo­crá­ticos da so­ci­e­dade ucra­niana. Os ma­ni­fes­tantes exi­giam a fe­de­ra­li­zação do país e o res­peito pelas di­versas lín­guas e cul­turas na­ci­o­nais, se­ri­a­mente ame­a­çadas pela vi­o­lenta acção da junta gol­pista – que, im­porta não es­quecer, teve mi­nis­tros es­co­lhidos di­rec­ta­mente pelos EUA.

Pe­rante a bru­ta­li­dade da agressão das hordas fas­cistas, muitos ma­ni­fes­tantes pro­cu­raram re­fúgio no edi­fício da Casa dos Sin­di­catos, pos­te­ri­or­mente cer­cado, ata­cado e in­cen­diado, pe­rante a pas­si­vi­dade cúm­plice das au­to­ri­dades. Se­gundo um so­bre­vi­vente, cujo re­lato é aliás com­pro­vado por ima­gens te­le­vi­sivas, «en­cur­ra­laram-nos dentro do edi­fício e fe­charam todas as vias de saída. (…) Os nazis do Praviy Sékctor co­me­çaram a lançar cock­tails mo­lotov e a dis­parar contra as ja­nelas. O pri­meiro piso es­tava em chamas e estas iam su­bindo. O fumo in­vadia os cor­re­dores. Não havia forma de sair. Houve quem sal­tasse das ja­nelas. Lá em baixo aca­bavam de os matar. Ou­viam-se gritos de Slava Ukrainie e Smiert vragam (gloria à Ucrâniamorte aos ini­migos). Era um au­tên­tico in­ferno».

Muitas das ví­timas (aos as­sas­si­nados há que acrescer mais de 170 fe­ridos, vá­rios com gra­vi­dade) mi­li­tavam em sin­di­catos e or­ga­ni­za­ções de es­querda, como o Par­tido Co­mu­nista da Ucrânia e o par­tido Bo­rotba. Uma das ví­timas mor­tais foi o jovem Vadim Pa­pura, de apenas 14 anos.

Até hoje, nin­guém foi con­de­nado pelos crimes.

Con­de­nação e so­li­da­ri­e­dade

Logo a 5 de Maio de 2014, o PCP emitiu uma nota sobre o agra­va­mento da si­tu­ação na Ucrânia, na qual de­nun­ciava a «pro­funda hi­po­crisia e cum­pli­ci­dade do im­pe­ri­a­lismo pe­rante a onda de pro­vo­ca­ções, de ins­ti­gação à vi­o­lência, de vi­o­la­ções de li­ber­dades e di­reitos e de crimes per­pe­trados pelas forças ul­tra­na­ci­o­na­listas e fas­cistas neste país». De que era exemplo, des­ta­cava, a «cha­cina ocor­rida a 2 de Maio em Odessa de que foram ví­timas ci­da­dãos que se opõem às forças e ao poder gol­pista».

Já então o PCP aler­tava para as «con­sequên­cias dra­má­ticas» para os povos que po­de­riam advir da im­pu­ni­dade destes crimes e dos seus au­tores, por de­mais evi­dentes pas­sados oito anos.

Nesse co­mu­ni­cado, o PCP de­nun­ciava ainda o «re­curso à força mi­litar – no­me­a­da­mente nas re­giões do Leste da Ucrânia – para re­primir o mo­vi­mento de pro­testo e opo­sição po­pular ao re­gime gol­pista ile­gí­timo e às me­didas de cariz opres­sivo e xe­nó­fobo que este tenta aplicar». A que acrescia, ainda, a «im­po­sição do pa­cote de saque eco­nó­mico e de cortes so­ciais acor­dado com o FMI, fo­men­tando pro­fundas di­vi­sões no país».

De­nun­ciava-se ainda a «cres­cente des­lo­cação de meios e efec­tivos mi­li­tares da NATO para a Eu­ropa de Leste», numa evi­dente «es­ca­lada de tensão e de con­fron­tação com a Fe­de­ração Russa», aler­tando-se para as «graves im­pli­ca­ções para a paz e a se­gu­rança nesta re­gião» daí de­cor­rentes.

O PCP de­fendia, já então, que se pro­cu­rasse uma so­lução po­lí­tica, que teria obri­ga­to­ri­a­mente de passar pelo re­co­nhe­ci­mento do «ca­rácter ile­gí­timo do poder gol­pista» e pela ins­tau­ração de um real pro­cesso de diá­logo que aten­desse às «le­gí­timas e justas rei­vin­di­ca­ções das po­pu­la­ções». Ex­pres­sava igual­mente a so­li­da­ri­e­dade aos co­mu­nistas ucra­ni­anos, já então per­se­guidos, e de­nun­ciava as ten­ta­tivas de ile­ga­lizar o PCU e ou­tras forças de­mo­crá­ticas.

Em Julho, o voto que apre­sentou na As­sem­bleia da Re­pú­blica, de con­de­nação pela vi­o­lência e re­pressão na Ucrânia, foi re­jei­tado com os votos de PS, PSD e CDS.

 

EUA e ali­ados pro­movem guerra sem fim na Ucrânia

Os EUA vão pro­mover con­fe­rên­cias men­sais com os seus ali­ados da NATO e com ou­tros países que não se as­so­ciem àquele bloco po­lí­tico-mi­litar com o ob­jec­tivo de pro­mover a eter­ni­zação do con­flito que hoje se trava na Ucrânia.

A pri­meira dessas reu­niões re­a­lizou-se a 26 de Abril, na base aérea norte-ame­ri­cana de Ramms­tein, na Ale­manha, sede da força aérea dos EUA na Eu­ropa. Washington con­vidou a as­sistir ao en­contro mi­nis­tros da De­fesa de 40 países. O en­contro, no es­sen­cial, con­firmou o au­mento da «as­sis­tência mi­litar» a Kiev e re­forçou a co­or­de­nação do envio de ar­ma­mento à Ucrânia.

A Ale­manha aprovou o envio de blin­dados an­ti­aé­reos. A mi­nistra da De­fesa, Ch­ris­tine Lam­brecht, in­dicou que Berlim con­ce­derá à em­presa de armas Krauss-Maffei Weg­mann per­missão para en­viar 50 tan­ques Ge­pard com ca­nhões an­ti­aé­reos para a Ucrânia. E re­velou que mi­li­tares ucra­ni­anos estão a ser trei­nados na Ale­manha, por ins­tru­tores norte-ame­ri­canos, para usar sis­temas de ar­ti­lharia de obuses e ra­dares.

Foi di­vul­gado que ou­tros países con­ti­nuam a armar a Ucrânia. O Reino Unido já en­viou mais de 200 mil armas, in­cluindo 4.800 mís­seis an­ti­tanque NLAW e um pe­queno nú­mero de mís­seis Ja­velin. Também mandou mís­seis e tan­ques an­ti­aé­reos Stars­treak. A França en­viou obuses mó­veis Ca­esar e a Re­pú­blica Checa en­tregou obuses mais an­tigos. Além de obuses, o Ca­nadá for­neceu mu­ni­ções gui­adas Ex­ca­libur. E muitos ou­tros exem­plos po­diam ser dados.

Fa­bri­cantes de armas
con­tentes com a guerra

As grandes com­pa­nhias norte-ame­ri­canas que pro­duzem para a guerra e que im­pul­si­onam a es­ca­lada da con­fron­tação mi­litar ma­ni­fes­taram con­ten­ta­mento com o pro­longar da guerra.

Um alto di­ri­gente da em­presa Raytheon, um dos mai­ores for­ne­ce­dores de armas mun­diais, foi claro: «Tudo o que se envia para a Ucrânia provém dos stocks de ar­ma­mento do Pen­tá­gono ou dos nossos ali­ados da NATO. Te­remos de repor os stocks e isso be­ne­fi­ciará os nossos ne­gó­cios nos pró­ximos anos».

Washington já aprovou 13 mil mi­lhões de dó­lares de apoio «mi­litar, hu­ma­ni­tário e eco­nó­mico» à Ucrânia, desde 24 de Fe­ve­reiro, e a ad­mi­nis­tração norte-ame­ri­cana so­li­citou mais 33 mil mi­lhões, verba que o Con­gresso se dispõe a aprovar.

Na terça-feira, 3, o pre­si­dente Joe Biden vi­ajou de Washington para o Es­tado do Ala­bama, onde vi­si­tará as ins­ta­la­ções da com­pa­nhia Lockheed Martin, uma das em­presas ar­ma­men­tistas que mais be­ne­ficia com a guerra na Ucrânia. É a em­presa que fa­brica mís­seis anti-tanque Ja­velin, que os EUA têm for­ne­cido a Kiev (mais de 5.500 uni­dades). (fonte)

1 comentário:

  1. DEPOIS DESSA A CASA VAI CAIR....
    https://www.youtube.com/live/CagtVMTc_g0?feature=share

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