quarta-feira, 5 de abril de 2023

Uranio empobrecido usado pelos EUA na guerra da Ucrânia é altamente cancerígeno. A cidade de Fallujah no Iraque é considerada a segunda Chernobil

 

Sobre as consequências do fornecimento de munição com urânio empobrecido ao regime de Kiev pelas nações ocidentais

– Relatório do chefe das tropas de proteção nuclear, biológica e química das Forças Armadas da Rússia

Tenente-General Igor Kirillov [*]

Em 21 de março de 2023, a ministra de Estado da Defesa do Reino Unido, Annabel Goldie, anunciou na Câmara dos Lordes do Parlamento Britânico que a Grã-Bretanha transferiria as munições subcalibre perfurante para a Ucrânia. “Junto a nossa concessão de um esquadrão de tanques de batalha Challenger 2 para a Ucrânia, forneceremos munições incluindo munições de perfuração de blindagem que contêm urânio empobrecido”.


Declaração de disposição em fornecer à Ucrânia munições com urânio empobrecido
A natureza cínica da declaração feita pela ministra de Estado da Defesa do Reino Unido é pelo fato de ter ocorrido quase na véspera de outro aniversário do bombardeio da Iugoslávia pela NATO, em 24 de março de 1999, quando a aliança iniciou sua operação chamada Merciful Angel (Anjo Misericordioso – NT).

A ordem para iniciar os bombardeios foi dada pelo secretário-geral da NATO, Javier Solana, que disse ser uma operação humanitária.

Gostaria de esclarecer o que é uma munição de subcalibre perfurante.

Trata-se de um projétil de artilharia com um diâmetro de núcleo menor que o calibre da arma, usado para alvejar tanques, objetos blindados, geralmente em alcance de tiro direto.

Análise comparativa de munições à base de urânio empobrecido e munições à base de tungstênio

É preciso lembrar que urânio empobrecido é o nome trivial de um metal que se baseia em mais de 90% de isótopos de urânio-238 e menos de 1% de urânio-235.

O uso de urânio empobrecido em tais munições está associado à sua alta densidade, o que proporciona alta penetração na blindagem. Este efeito é obtido usando a energia cinética do próprio núcleo, assim como a sua cápsula. Ao atingir a blindagem, o invólucro de aço macio quebra e transmite sua energia para o núcleo, que o faz perfurar a blindagem.

As ligas de tungstênio têm características semelhantes, mas as munições à base de tungstênio são mais caras para a fabricação. A produção de munições com urânio empobrecido é muito mais comum em países que possuem reservas de urânio, a tecnologia para processá-lo e utilizá-lo em território estrangeiro e quando não há necessidade de considerar o impacto ambiental.

O uso de munições à base de urânio empobrecido não tem vantagem significativa sobre as munições de tungstênio nos conflitos militares contemporâneos.

Deve-se observar que nos conflitos armados, as munições com urânio empobrecido foram utilizadas exclusivamente pelos países da NATO.

Em particular, em 2003-2004, os EUA utilizaram tais munições em ataques contra cidades iraquianas: Amara, Bagdá, Basra, Karbala, Fallujah. No total, as Nações Unidas estimam que os EUA utilizaram pelo menos 300 toneladas de urânio empobrecido no Iraque.

Fatos sobre o uso de munições com urânio empobrecido

Como resultado, as condições radiológicas em Fallujah foram muito piores do que as de Hiroshima e Nagasaki após o bombardeio dos EUA. Esta cidade ainda está sendo chamada a segunda Chernobyl.

É preciso lembrar que as forças da NATO usaram munições de urânio empobrecido durante o bombardeio da Iugoslávia em 1999. Ao todo, cerca de 40.000 projéteis de blindagem com mais de 15 toneladas de urânio empobrecido foram usados naquele país.

Devido à exposição a munições com urânio empobrecido, é gerada uma nuvem quente móvel de urânio fino aerossolizado-238 e seus óxidos, o que pode posteriormente provocar o desenvolvimento de patologias graves.

O principal perigo de radiação do urânio empobrecido ocorre quando este entra no corpo sob a forma de poeira

Os fluxos de radiação alfa de pequenas partículas de urânio depositadas no trato respiratório superior e inferior, pulmões e esôfago provocam o desenvolvimento de tumores malignos. Acumulados nos rins, ossos e fígado, o pó de urânio leva a alterações nos órgãos internos.

Consequências do uso de munições com urânio empobrecido

Assim, segundo o governo iraquiano, em 2005, a incidência de câncer no país devido ao uso de urânio empobrecido aumentou de 40 para 1.600 casos por 100.000 pessoas. A este respeito, Bagdá entrou com uma ação no Tribunal Internacional de Arbitragem em Estocolmo, em 26 de dezembro de 2020, contra Washington, exigindo uma compensação pelos danos causados.

Houve ainda um aumento de 25% na incidência do câncer nos países da antiga Iugoslávia.

Vítimas das políticas irresponsáveis da sua própria liderança foram os soldados da NATO que participaram das campanhas militares no Iraque e na Iugoslávia.

Assim, o Relatório do Inspetor Médico Militar Chefe da Itália (2016) diz que 4.095 militares das forças armadas italianas destacados nos Bálcãs (1994-1999) e no Iraque (2003) em áreas onde as forças da NATO utilizaram munições de urânio empobrecido foram posteriormente encontrados com tumores malignos de vários tipos. Em 8% dos casos (330 pessoas), as doenças foram fatais.

Além disso, o urânio permanece no solo por longo tempo e representa um risco de efeitos negativos para as pessoas, animais e plantações.

Em um relatório publicado em Genebra em 2002, um grupo de especialistas que realizou pesquisas sob os auspícios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente nos locais dos ataques da NATO, observou: “Os especialistas ficaram surpresos com o fato de que mais de dois anos após os bombardeios, as partículas de urânio empobrecido ainda estavam presentes no ar”.

Além disso, o chefe da equipe de especialistas observou: “Foram encontrados fragmentos de bombas de urânio na Sérvia na área de Plackovica, que não está marcada no mapa de bombardeios apresentado anteriormente à ONU pela NATO”. O mistério da contaminação com urânio em Plackovica continua por ser esclarecido.

O nível de contaminação do solo e das águas subterrâneas nessas áreas durante um longo período requer um monitoramento contínuo para avaliar os riscos potenciais.

Gostaria de chamar sua atenção para documentos que confirmam a consciência dos países da NATO sobre o perigo dos efeitos deste tipo de munição sobre as tropas, a população civil e o meio ambiente dos territórios. Por exemplo, o Relatório Sumário do Instituto de Política Ambiental do Exército dos Estados Unidos ao Congresso em 1994, intitulado Health and Environmental Consequences of Depleted Uranium Use by the U.S. Army, declara: “Não existe tecnologia para reduzir a toxicidade do urânio empobrecido… A limpeza das áreas de munição com urânio empobrecido é extremamente difícil”.

Além disso, o relatório da Royal Society do Reino Unido em 2001, The health hazards of depleted uranium munitions (Perigos para a saúde das munições com urânio empobrecido), observou: “O principal tipo de câncer para aqueles afetados pelas munições com urânio empobrecido é o câncer de pulmão”

O Ocidente está bem ciente das consequências negativas do uso de munições com urânio empobrecido. Apesar do fato de que o uso de tais munições causará danos irreparáveis à saúde de civis e soldados das Forças Armadas da Ucrânia, os países da NATO, particularmente o Reino Unido, expressaram sua disposição para fornecer este tipo de arma ao regime de Kiev.

Conscientização das nações ocidentais sobre o perigo do uso de munições com urânio empobrecido

Além disso, após o uso de munições com urânio empobrecido, grandes áreas de cultivo em território ucraniano serão contaminadas, e substâncias radioativas serão espalhadas através de veículos para o resto do território.

Além da contaminação de sua própria população, isto causaria enormes prejuízos econômicos ao complexo agroindustrial da Ucrânia, especialmente a produção agrícola e pecuária, derrubando qualquer exportação de produtos agrícolas da Ucrânia por muitas décadas, se não séculos, no futuro.

Sem comentários:

Enviar um comentário