PTP contra as taxas de manutenção das contas que os bancos cobram aos reformados de baixas pensões
Não se esqueçam de votar outra vez em Marinho e Pinto
(por NUNO SARAIVA)
Quando a 24 de janeiro deste ano se apresentou como candidato ao Parlamento Europeu, António Marinho e Pinto disse ao que vinha: "Só se chega ao poder através do voto, mas não é lícito alcançar o poder com recurso à mentira, ao logro e à fraude política. Isso descredibiliza os órgãos do Estado e a própria Democracia e só se consegue com mais honestidade, mais verdade na vida pública. Queremos trazer mais verdade à política portuguesa." E acrescentou, após uma diatribe sobre a "fraca dimensão" dos políticos a quem Portugal e a Europa estão entregues, que "numa República a ética não está na lei, mas na consciência das pessoas. E nem tudo o que a lei permite deve ser feito".Ainda bem que o ex-bastonário da Ordem dos Advogados se comprometeu desta forma clara e inequívoca com quem lhe deu o voto - e foram 234 603 portugueses - nas últimas eleições europeias. E ainda bem que, pouco mais de um mês depois de ter tomado posse em Estrasburgo, Marinho e Pinto rasga o contrato de confiança que estabeleceu por cinco anos - não é caso único, diga-se em abono da verdade - com os seus eleitores.O agora deputado europeu é homem de verbo fácil, promessa pronta e moralista encartado. Passa a vida, muitas vezes com razão, a espadeirar contra a política e os políticos, os privilégios e os interesses instalados. Recorre, é um estilo, vezes demais à demagogia e ao populismo. Não é aliás difícil entrar num táxi em Lisboa e ouvir um Marinho e Pinto em potência de discurso justiceiro na ponta da língua. Representa, como escreveu João Garcia no Expresso, uma espécie de regresso do Robin dos Bosques. Não é, porém, confiável.O homem que prometeu ser "formiguinha" em Bruxelas, e assim seduziu mais de 7% do eleitorado descontente com os chamados partidos do sistema, anuncia agora que vai voltar a fazer as malas para ser candidato a primeiro-ministro em Portugal. Que está disponível para se coligar com o PS ou PSD, é-lhe indiferente, para cumprir o sonho de ser, quem sabe, ministro da Saúde. Ainda bem que Marinho e Pinto é homem de convicções firmes e que escolhe, de forma clara, um campo político-ideológico.É certo que a lei lhe permite fazer esta escolha, traindo os seus eleitores. Mas como ele próprio disse no ato solene de apresentação de candidatura, "a ética não está na lei". Na verdade, esta atitude que há de anteceder, certamente, uma candidatura presidencial não faz de Marinho e Pinto nem melhor nem pior do que os políticos que recorrem por sistema "à mentira", "ao logro" e "à fraude política", e que assim "descredibilizam a Democracia". Marinho e Pinto é só mais um entre iguais, daqueles a quem aponta o dedo. (fonte)
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