Ele afirma que Catarina Martins saiu da liderança do Bloco sem processos judiciais dos tribunais fascistas atrelados à sua pessoa. Coisa rara nestes tempos, lá disse ele.
O Bloco de Esquerda é um pequeno partido do espectro politico português que nasceu 25 anos após o 25 de Abril de 1974. Herdeiro de uma série de pequenos partidos sem expressão parlamentar, com exceção da UDP. Uma formação partidária que se assume como uma esquerda não estalinista, em contraponto com o PCP, cuja ligação à ex União Soviética ainda hoje está latente nalgumas formas de pensar e atuar. De certa forma o BE é o que resulta no eleitorado à esquerda, dos que não se revêm no comunismo, e os que por várias formas se sentem defraudados com os ziguezagues do Partido Socialista. Eu até diria que em 2015 o BE recolheu milhares de votos de antigos eleitores do PSD frustrados e zangados com a governação da PàF, cuja fatura ainda hoje estão a pagar.
Diríamos que o BE é uma espécie de “união das freguesias não comunistas”, num território à esquerda dominado pelos socialistas, mas que ao mesmo tempo estão nos antípodas da direita portuguesa. Podemos inferir sem grandes dúvidas que o reduto é pequeno. Mas é nesse reduto que este partido se move, com todos os condicionalismos que daí advêm, de ser um partido urbano, sem apetência pela governação dos destinos do país e, ligado a uma certa elite intelectual. Essas fragilidades fazem do BE uma flor de estufa. Mas goste-se ou não é a sua forma de estar na política, daí ter um eleitorado muito volátil, sempre disposto a ir apagar outros fogos, numa altura em que a direita se torna numa ameaça eleitoral, como aconteceu nas pretéritas eleições legislativas. Nem de haver grandes revoluções internas quando nas mesmas passaram de 19 para 5 deputados.
Catarina Martins entrou no BE como independente. Foi eleita deputada, numa altura em que os bloquistas alcançaram o seu melhor resultado até aí, 16 deputados, com a liderança de Francisco Louçã. O BE cresceu com ela e, já agora, com João Semedo, ultrapassando a dezena e meia de deputados, ombreando com o velho CDS que estivera várias vezes no governo, em coligação com o PSD.
Ao contrário do PCP que desde o fim do PREC tem vindo paulatinamente a perder representatividade eleitoral, o BE foi crescendo, alimentado por essa ideia muito velha, mas sempre recorrente, de que se pode defender a luta de classes e uma maior e justa redistribuição da riqueza, sem fazer uma revolução social armada, destruindo a economia capitalista pela base, para daí emergir uma economia planificada, à moda dos velhos tempos da URSS, modelo que se demonstrou falir por completo.
Catarina Martins sai com o que de melhor e pior aconteceu ao BE. Mas esta é a vida de quem anda nas lides partidárias. O importante é sair-se de consciência tranquila e com a sensação do dever cumprido. E, já agora, sem um rol de processos judicias amarrados à sua pessoa. Coisa rara nos dias de hoje.
Ao que chegavamos....
ResponderEliminarAté o ALmerda quer voltar ao tacho. Incrível!!!!!