Em Julho de 2019, pouco depois de abandonar as funções de liderança na autarquia do Funchal para se candidatar ao cargo de presidente do Governo Regional da Madeira, Paulo Cafôfo fez propaganda política usando a página oficial no Facebook do Diário de Notícias daquele arquipélago. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social concluiu, quase quatro anos após uma queixa, que a propaganda feita pelo actual secretário de Estado das Comunidades Portuguesas foi mesmo uma “parceria remunerada”, o que coloca em causa a independência do jornal. Ironicamente, dois dos proprietários do periódico madeirense estão agora envolvidos em suspeitas de benefícios ilegítimos pelo Governo Regional da Madeira, presidido pelo social-democrata Miguel Albuquerque. Neste caso, a queixa veio do Partido Socialista.
O Diário de Notícias da Madeira recebeu contrapartidas financeiras do Partido Socialista para promover o seu candidato às eleições regionais de 2019, Paulo Cafôfo, actual secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
Esta é a conclusão de uma investigação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), iniciada em Julho daquele ano, que acabou por confirmar que as publicações de propaganda política ao candidato socialista no Facebook constituíam uma “parceria remunerada” entre o Diário de Notícias da Madeira e o PS Madeira.A ERC, em deliberação de Abril passado mas apenas esta semana divulgada, acrescenta que, apesar de não se ter verificado uma violação da Lei Eleitoral – por as acções terem ocorrido antes da marcação oficial do sufrágio –, este acto “configura, no mínimo, uma falta de isenção e independência por parte do Diário de Notícias Madeira, na medida em que os vídeos do PS Madeira publicados como ‘parceria remunerada’ surgem, aos olhos dos leitores, como uma ‘adesão’ do jornal àqueles conteúdos de propaganda política”, conflituando assim com os princípios da Lei da Imprensa.
O regulador relembra também que “a credibilidade dos órgãos de comunicação social de cariz informativo depende, em grande medida, da sua independência” e que face ao estatuto editorial daquele periódico madeirense, “é expectativa dos seus leitores o distanciamento do jornal face aos partidos políticos”.
Apesar de o regulador não justificar as razões para uma decisão tão demorada – quase quatro anos, pois o processo iniciou-se por queixa entrada em 8 de Julho de 2019 –, a deliberação refere dúvidas sobre o enquadramento jurídico, a natureza dos conteúdos, a entidade competente e as respectivas competências. Contudo, também destaca que essas dúvidas foram sanadas em 2020.
Certo é que, na sua investigação, a ERC confirmou que “a página de Facebook do Diário de Notícias Madeira possuía em Julho de 2019, “quatro anúncios ativos, três deles lançados a 11 de Julho e um a 12 de Julho”, e que “todos eles se relaciona[va]m com o candidato de Paulo Cafôfo”. E concluiu que “em termos de anúncios ou parcerias remuneradas, o jornal, na sua página de Facebook, promovia apenas publicações de uma única entidade, sendo ela Paulo Cafôfo, o candidato do PS Madeira a presidente do Governo Regional.”
A deliberação da ERC remete mesmo para uma ligação ao Facebook, com anúncios do Diário de Notícias da Madeira, mas que já não se encontra activa.
Em todo o caso, o PÁGINA UM conseguiu confirmar que, pelo menos uma desta acções de propaganda política paga pelo Partido Socialista ao jornal madeirense está activa, vendo-se Paulo Câfofo ao estilo de carpooling a conduzir a “Senhora Celina”, de 78 anos, entabulando conversa sobre maleitas e o estado da saúde, com o candidato a prometer que “vão meter mais médicos quando nós formos Governo”.
A acompanhar o curto vídeo, de 1 minuto e 24 segundos, surgem diversas mensagens políticas. O vídeo conta com 63 mil visualizações e 587 reacções – um número extremamente elevado para os padrões daquele periódico. Cerca de uma semana após a emissão deste vídeo, o jornal publicou um longo e favorável perfil de vida de Paulo Cafôfo, no decurso de uma conversa com o próprio director do periódico.
Porém, a ERC não analisou os contornos globais desta “parceria remunerada”, não fazendo referências ao perfil publicado nem à abordagem noticiosa em redor da campanha a Cafôfo nem conseguiu apurar os montantes envolvidos. Na verdade, o Diário de Notícias da Madeira não respondeu ao regulador quando questionado sobre esta parceria com o Partido Socialista.
Saliente-se, aliás, como também refere a ERC, que este modelo de parceria para propaganda política já não se enquadra nas “políticas de conteúdos de marca” do Facebook, que se destinam agora sobretudo aos chamados influencers digitais para promover produtos. Em termos de analogia, o regulador diz mesmo que, “aplicando esta lógica ao caso em apreço, resulta que o Diário de Notícias Madeira apresentou-se como ‘criador’ de conteúdo que promovia uma ‘marca’ – o PS Madeira – junto dos seus seguidores a troco de algum tipo de compensação por parte da marca promovida”.
Se no caso dos influencers digitais, “esta compensação pode assumir as mais variadas formas – produtos, serviços, e em casos de maior sofisticação, contratos entre influencers e marcas)”, a ERC diz que teria sido útil o jornal ter esclarecido qual o tipo de compensação obtida.
O PÁGINA UM contactou o director do Diário de Notícias da Madeira, Ricardo Miguel Oliveira (CP 1792), mas não obteve resposta. Também se enviou um pedido de comentário ao secretário de Estado das Comunidades Portuguesa, Paulo Cafôfo, solicitando que fosse também transmitido qual o valor da compensação concedida pelo Partido Socialista ao periódico madeirense. Até agora, também não houve resposta.
O Diário de Notícias da Madeira é um dos mais antigos periódicos portugueses, fundado em 1876, com uma tiragem média de cerca de 5.500 exemplares, quase quatro vezes mais do que o homólogo Diário de Notícias (de Lisboa). Aliás, actualmente, o periódico madeirense – que registou um lucro de quase 250 mil euros no ano passado – tem uma participação da Global Media de 11%, sendo Marco Galinha um dos seus gerentes.
Curiosa e ironicamente, os dois “homens fortes” do Diário de Notícias da Madeira são os empresários Luís Miguel Sousa (que detém 40% do capital do jornal, através da Newspar) e Avelino Aguiar Farinha (com 37%, através da Verbum Media).
Ambos os empresários foram ouvidos recentemente na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre “o favorecimento dos grupos económicos pelo Governo Regional, pelo Presidente do Governo Regional e Secretários Regionais e ‘obras inventadas’, em face da confissão do ex-secretário regional Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias (de Lisboa), suscetível de configurar a prática de diversos crimes”, conforme pedido feito pelo grupo parlamentar do Partido Socialista.
E os milhões que a paneleirada inglesa e companhia dava ao garajau para promover o sangue azul madeirense?
ResponderEliminarParece que o Papadas acordou agora e veio para o Pravda fazer comentários indecorosos. O Garajau foi uma lufada de ar fresco. Agora só resta o Pravda Ilhéu do Gil e do Coelho.
EliminarO Pravda Ilhéu devia ser declarado de Utilidade Pública. É o único que põe os pontos nos ii. Inclusive sobre o vergonhoso jornalixo desta terra, dirigido por padres e meias sacas
EliminarO Cafôfo pagou descaradamente ao DN do padre das esmolinhas e do Câmara, que almoçavam com ele e com o Iglesias pelas esplanadas da cidade. Jornalismo sabujo. Quando o PSD ganhou outra vez, o DN, fiel à sua história de ir para onde o vento sopra, virou-se para o Pepedea de Albucocas.
ResponderEliminarRegra geral, os políticos confundem transparente com... traz parente.
ResponderEliminarSó para recordar que, da consulta ao orçamento de Estado para 2023, os custos com os órgãos de soberania representam em média por mês, para cada português, 1496 euros. E mais 1500 por mês em média para pagar os juros da dívida pública.
Desta realidade, documentada, não convém falar.
Se o produto dos impostos fosse dividido igualmente por todos os portugueses (mesmo os que trazem... parentes), sem intermediários, cada família, além do seu trabalho, teria um rendimento que lhe permitiria viver com desafogo e pagar por exemplo por um sistema de saúde ou escolar em condições.
Claro que aos agarrados às ideologias e às partidocracias (e os que obtêm fundos públicos superiores a 3.000 euros mensais) não interessa discutir isto.
Interessa justificar as obras dos patos bravos acenando com tsunamis. Só que se esquece de 2 coisas: um tsunami na Madeira não se fica pela baixa citadina.
E o custo com o aumento do molhe da Pontinha deveria ser canalizado para a protecção civil, municipais e regional, com planos concretos de evacuação da população.
O único até agora é o estacionamento subterrâneo no largo do colégio,.
Já agora, vão alterar o regulamento municipal de estacionamento sem consulta e discussão pública, ponto por ponto?
Ninguém se apercebeu das barbaridades?
Parece que o património automóvel do município funchalense vai aumentar, a custo zero, pela impossibilidade de muitos munícipes pagarem as coimas.
Em ano de eleições quantos tiros no pé?
Não há vergonha na cara!
O Calado está a fazer porcaria para o Albucoca perder a maioria absoluta e ser substituído na liderança do ppd.
EliminarE ele depois apresenta-se com um governo de coligação com o Chega. Aproveitando que o cds foi absorvido, de barrete...
Este aldrabão e mentiroso do Cafofo andou a desviar dinheiro para o Diário de Noticias dizer bem dele. Um gajo que nunca fez a ponta dum corno senão mostrar a cremalheira e a careca, teve que pagar fortunas do dinheiro dos nossos impostos ao Diário para dizerem bem dele. É por isso que este gajo é igual aos aldrabões do PSD, um verdadeiro sabujo. P que o P....
ResponderEliminarTens razão Coelhinha.
EliminarEstamos perdidos! De um lado o PSD/CDS vendidos aos oligarcas, de outro lado, o Cafôfo e o seu delfim do PS, também vendidos aos oligarcas. Não era pegar fogo a estes filhos da puta!
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