Carlos Jardim criticou Cafôfo
Chegou ao meu conhecimento que o Presidente do Partido Socialista da Madeira e o antigo Presidente do Partido Popular Democrata da Madeira tinham almoçado juntos. Confesso que tive alguma dificuldade em acreditar que alguém que se demitiu do cargo de Vice-Presidente do Sindicato dos Professores da Madeira em protesto pelo convite endereçado ao então Presidente do Governo Regional para presidir à cerimónia de inauguração da nova sede pudesse fazer agora questão de almoçar com alguém que tanto repudiava. Enfim, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, como diz o Poeta.
Ora, não é meu hábito comentar as companhias alheias para partilha de refeições. Aliás, à partida, nem diferença faz quem almoça com quem a pretexto de quê.
Em jeito de nota prévia, deixo já a informação que não estou disponível para almoços com outros que não os que têm sido a minha companhia habitual ao longo do último ano e que se contam entre o meu agregado familiar. Mais, com quem eu queria mesmo almoçar era com o meu irmão, que já não tenho o prazer de abraçar há mais de um ano.
Sim. De facto, a minha vida basta-me. Mas…
.1 – Um dos comensais é presidente do Partido Socialista Madeira;
.2 – Outro é antigo presidente do Partido Popular Democrata Madeira;
.3 – Estamos em ano de eleições autárquicas;
.4 – Estamos num período de forte confinamento, sendo desaconselhado o convívio com pessoas fora do agregado familiar;
Também é inegável que num momento em que qualquer cidadão tenha a sua ida à padaria escrutinada pelo Estado e por todos, sob pena de sabemos lá o quê. Mas não entrarei por aí. Não perderei tempo considerando que quem tem funções públicas deve dar o exemplo e exercitar o recato em todos os aspetos da sua vida.
Bem, mas qual a gravidade de um almoço desta natureza?
Em primeiro lugar, os socialistas da Madeira já viram este filme. Em versão ligth. O PPD a recorrer a subterfúgios para de modo dissimulado meter o PS no buraco da agulha e pronto, já está.
Em segundo lugar, é claro que este não foi um almoço inofensivo. Não estou certo que não foi discutida a política regional nem o que os órgãos do Partido Socialista discutiram e planearam para as próximas eleições. Não me abandona o receio que, neste momento, o cidadão Alberto João Jardim saiba mais da estratégia do PS-M para as autárquicas do que o Secretário-Geral António Costa.
Em terceiro lugar - confesso que tenho uma imensa dificuldade em engolir este sapo – então o Presidente do Partido Socialista não vai almoçar com um dos antigos Presidentes do PS - Madeira?
Alguém consegue explicar porque é que não é melhor ir almoçar com Mota Torres e ficar por dentro do que foi combater o jardinismo no seu auge? Ou então, porque é que não almoça com Emanuel Jardim Fernandes e fica a conhecer a história do Partido Socialista? Ou com João Carlos Gouveia e compreendemos o que foi o sentimento persecutório deste regime tentacular? Ou com António José Cardoso e vislumbrar o que era a sua visão para o Partido? Para não falar em Victor Freitas, Jacinto Serrão, Carlos Pereira ou Emanuel Câmara - dando de barato que estão em permanente contacto…
É isto que me custa. E custa a tantos outros socialistas. Andamos há quase 50 anos a lutar por uma visão do que deve ser o regime democrático na Madeira, para agora esse passado ser obliterado, posto de parte, descartado como se nada existisse até um momento.
Finalizo com uma incompreensão.
É que, em ano eleitoral, um almoço destes tem conotações políticas.
Mas, no fim disto tudo, o que me interessa, porque como sabemos “não há almoços grátis”, é saber quem prestou um serviço a quem. (Fénix do Atlântico)
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